O CINE -TEATRO PARAÍSO DE TOMAR, MAIS UM EXEMPLO DE DESCENTRALIZAÇÃO
Nesta série de evocações e descrições do património arquitetónico de espetáculo, tivemos já ensejo de referir diversos teatros e cineteatros do Ribatejo, utilizando a designação geográfica, urbana, cultural e administrativa tradicional.
Trata-se, bem o sabemos, de uma região com fortes tradições culturais e com significativas expressões históricas e atuais na infraestrutura cultural e de espetáculo, que aqui nos ocupa.
E nesse aspeto, tem interesse registar que na região se registam Teatros, Cine-Teatros, Centros Culturais, edifícios de função e/ou atividade de espetáculo, muitos deles em plena atividade: cite-se, entre edifícios antigos e modernos, os situados em Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Mação, Ourem, Rio Maior, Sardoal, Torres Novas, Tomar, alem obviamente da cidade de Santarém.
E muitos deles já foram evocados e descritos nesta série de artigos.
Nesse sentido, tivemos ocasião de referir a renovação empreendida pela Câmara Municipal de Santarém no antigo Teatro Sá da Bandeira, inaugurado em 1924 sobre as ruínas do velho Hospital João Afonso, entanto desativado. A Câmara adquiriu-o e restaurou-o a partir do ano 2000, segundo um critério interessante no ponto de vista arquitetónico e funcional. E efetivamente, renovou-se por completo o interior, alargando, tal como aqui escrevemos, a adequação e diversificação das atividades de espetáculo: a sala propriamente dita, mais uma sala estúdio, mais um piano-bar, mais uma galeria e mais uma sala de convívio. E esta vasta obra de recuperação recuperou ainda o que resta do antigo claustro.
Mas referimos agora outra sala de espetáculos muito mais recente na região. Trata-se do Cine-Teatro Paraíso de Tomar, que recentemente tornamos a visitar e que se mantêm em atividade. O projeto inicial, datado de 1920, é do Arquiteto Deolindo Vieira. “Herdou” a atividade de um então chamado Teatro Nabantino que vinha do seculo XIX. E entretanto existiu uma sala de cinema, desde os primeiros anos do século passado.
O Teatro Nabantino entra em obras em 1920 e dá origem ao Teatro Paraíso, inaugurado 4 anos depois. E este edifício, por sua vez foi remodelado em 1948, agora segundo projeto do Arquiteto Ernesto Korrodi. Funcionou até aos anos 90 e seria municipalizado em 1997: a Câmara reinaugura-o em 2002.
E desde aí está em atividade a contento: e na imponente fachada com varanda e na bela sala, de plateia e dois balcões, valoriza o património e a vida cultural de Tomar.
Em todos os aspetos, é pois mais um execelente exemplo de descentralização.
DUARTE IVO CRUZ