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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

O tempo dos homens também se alisa no Natal

 

Que era assim mesmo o mundo, prosseguia.

Que só às vezes uma asa de sonho era vista muito ao fundo

Que as mãos e as palavras prescreviam e prescrevem eternos adiamentos

Eu conheço a doença que nos deixa ficar neste estado – insistia.

E ele era de uma magreza seca de tão gordo e a mulher dele uma melancolia pegada à pele de tão antiga e tão, tanto, tanto estimada esposa que lhe dera 4 filhos num cesto jubilado.

Todos os dias de lareira 25, enterravam as palavras,” morte nossa de cada dia”; levantavam os caídos com prendas cujos laços em tempos eram panos de lágrimas, mas não naquele dia. A verdade, é que para ali chegados, tinham dormido muito, tinham alisado o tempo, tinham feito muitos discursos sobre o nada. Ainda sonolentos

naquele dia, por detrás de um olhar de coração cego, os olhos não se vestiam a preceito para perguntar às estrelas:

Sois tão pequeninas ou dormis? Nós não podemos subir até vós. Temos de ir dormir lá longe no deserto, uma vez mais, dormir. Amanhã é Natal e os necessitados são os nossos juízes de paz. Eles sabem o quanto a vida é insegura: que não há reencontros, nem pátrias, nem canções, nem misericórdia, nem pão, mas permitem-nos crer.

Então, Inventa-se uma ilha, e é Natal.

O mundo escuta, vê e aplaude.

 

Teresa Bracinha Vieira

Dezembro 2016