POEMS FROM THE PORTUGUESE
POEMA DE ARMANDO SILVA CARVALHO
VAZIO NO MEIO DO MAR
Quem ama o tempo como eu nesta manhã de ruídos
que se afastam de mim e me fazem sentir
vazio no meio do mar?
Quem devora este ar tão benfazejo à boca
e ao replicar das ondas
nos ouvidos como sinos de água?
Um tempo que se curva,
com o início nos joelhos dobrados na infância,
na mãe obsessiva,
e vem,
como de onda em onda,
transportando as dores, até este rochedo
que me suga os anos
e morde, devagar, a memória
da vida.
in De Amore, 2012
EMPTY AT SEA
Who loves time like I do this clamouring morning
that moves away and makes me feel
empty at sea?
Who devours this breath of air so mouth soothing,
so wave-like,
water bells to my ears?
A bowing time,
childhood bent knees,
before the obsessive mother,
unfolding,
wave after wave,
carrying sorrow up to this rock
that sucks in my years
and bites, slowly, the memory
of life.
© Translated by Ana Hudson, 2014
in Poems from the Portuguese