Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POEMS FROM THE PORTUGUESE

POEMA DE RAQUEL NOBRE GUERRA

  


Sorrio aos mortos e enterro os vivos


Sorrio aos mortos e enterro os vivos
como um objecto escuro
por que rodaram mãos e jeitos de luz.

Vivo como se não estivesse aqui
roupa leve como na vida.
E vou da primeira à última batida
na respiração de um pulmão doido.

Lê assim

podia arder a uma pouca distância de ti
nessa praceta que é um poema teu
e as coisas voltariam a mim, meras,
como o ser transportada pelos dias
mas cairei por aqui.

Meu amor

Porta no trinco e nada nas mãos.
Há muito que é tudo o que resta.


2016, Senhor Roubado
Douda Correria
© Raquel Nobre Guerra


I smile at the dead and bury the living


I smile at the dead and bury the living
like a dark object
well handled in beams of light.

I live as if I weren’t here
lightly dressed for life.
I’m carried from the first to the last beat
in the breathing of a crazy lung.

You can read as follows

I might burn not very far from you
on the little square of one of your poems
and things would be returned to me, mere,
as if I were being carried by the days
but I’ll fall right here.

My love

The door on the latch and empty hands.
For quite a while that’s all I’ve been left.


© Translated by Ana Hudson, 2020
in Poems from the Portuguese