Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POEMS FROM THE PORTUGUESE

POEMA DE MANUEL ANTÓNIO PINA  

  


Ruínas


Por onde quer que tenha começado,
pelo corpo ou pelo sentido,
ficou tudo por fazer, o feito e o não feito,
como num sono agitado interrompido.

O teu nome tinha alturas inacessíveis
e lugares mal iluminados onde
se escondiam animais tímidos que só à noite se mostravam,
e talvez devesse ter começado por aí.

Agora é tarde, do que podia
ter sido restam ruínas;
sobre elas construirei a minha Igreja
como quem, ao fim do dia, volta a uma casa.


in Como se desenha uma casa, 2011


Ruins


Regardless of where I started,
with the form or the meaning,
all was left undone, the done and the not done,
as in agitated, interrupted sleep.

Your name held unattainable heights
and dimly lit places where
timid animals hid not showing up till dark
and perhaps I should have started there.

Now it’s too late, nothing but ruins
of what might have been;
I’ll build over them my Church
like one returning to a house at the close of day.


© Translated by Ana Hudson, 2011
in Poems from the Portuguese