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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POESIA

ODISSEIA (5)


XXIII


A morte é a raiz que lhe falta dentro e fora dela.

A morte só se apoia.


XXIV


Numa pausa concertada.

O olhar longe

numa ideia que é parte

de cá e de lá.

O olhar

numa entrega sem nada mais.

Sem a pergunta desnecessária.

Estorvo.


XXV


Também nos aproximamos de tudo o que inaugura um novo adeus,

um novo adeus que é apenas parte intermédia,

parte encurralada, insegura e ainda assim

experiência.


XXVI

  


De quantas vidas necessitamos para que se cumpra

uma morte?

Talvez se algo mudasse de sentido,

o pudéssemos saber,

mas sempre

a meia distância

de tudo.


XXVII


A morte tem de ser inteira,

sem fraude.

Os fantasmas que se passeiam nas ruas de nós,

conhecem

o quanto as mortes são

nossas experiências desarmantes,

o quanto não basta

cronologicamente arrumar

as circunstâncias.


XXVIII


A eternidade também nos esquece.

Sobretudo se já tivermos iniciado

a abolição dos pretextos,

esses mesmos que não aprenderam a morrer

nem a viver.


Teresa Bracinha Vieira