POESIA
FELICIDADE
Mais digo, sim
que as lágrimas eram e porque foram e são uma alegria a assomar-nos aos olhos nessa forma líquida e deles se soltaram e soltam para uma malga que fizemos da matéria do coração para nos darmos a beber quando na cama limpa os corpos nus
Isso foi certo, era certo e é certo o nome dessa realidade
E foi assim ontem e em todos os dias anteriores e hoje
o pulso do poema continua à janela e nós reconhecemo-nos
muito azuis naquela estrela-do-mar que veio ao mundo abrindo imensamente
as mãos até ao ponto mais longínquo,
depois, entrando em casa sim, entrando em casa ávida
como nós
Sim, foi isso mesmo e a partir daí e até quando
começámos a ler os livros abertos sobre o mar redondo
quando juntos nesta multidão minúscula
o puro tempo se calou
Teresa Bracinha Vieira