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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POESIA

  


1.
É manhã.


Desce o sol

como uma voz que chama o dia.

A vontade, o pássaro, o sonho, a sede, o farol,

as escadas insubmissas

tudo em nome de uma outra colheita, de uma outra raiz

que a vida vale a pena

que ela, nossa medida, nossa casa

não se adia

que a necessidade de abrigo

nos move a construir o habitável


2.

É manhã.


Não sei medida ou cálculo

para este céu total;

cor e hora únicas

e não, não está feita a minha palavra para dizer

tanto


3.

É manhã.


Com o ouvido no ar

escuto um segredo

de um anjo inicial e exato

e quanta tranquila degustação

ó sabor antes de mim

ó pão cheiroso

que não sou mais que este estar


4.

É manhã.


Tudo em teu redor – horizontes, terras, mares-

tudo transborda uma essência imensa, e, todavia,

solitária eu e do que sinto

me sorrio, como uma criança,

que se deixa lamber por ti

guardiã

da alma

só e vasta


5.

É manhã.


Não me importa que outros ames

ou que te amem, pois o que eu amo em ti,

tu não o sabes nem os outros o sabem,

nem eu sei que não sei,

mas em ti sou

e ficarei

se partires


Teresa Bracinha Vieira

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