Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POESIA

E digo que eterno é isto que vivemos 

  

    Michelangelo


1.

E digo que eterno é isto que vivemos


mesmo quando fingimos ser aqueles

que na noite andam sempre à frente

das mãos que não seguram

o candeeiro

da viagem ainda por fazer


2.
E digo que eterno é isto que vivemos


quanto transpomos os ferros, as vésperas, as ânsias,

os sonhos em que nos abandonamos

as saídas que nos dizem o quanto dos escuros

se extraem caminhos certos


3.

E digo que eterno é isto que vivemos


com as pianolas nas promessas de todos os amores

acontecidos

e por acontecer

porque esses respondem ao chamado

se mesmo inseguros

o medo não for nosso


4.

E digo que eterno é isto que vivemos


ao encontro de mapas sumidos

que nos destacam o porto

o pão e a flauta

para ali morarmos por uns tempos

até ao erro de querermos anexar mundo

e ser muito tarde, muito noite

e não sobrar consolo.


5.

E digo que eterno é isto que vivemos


o lugar, a casa, a grande mesa,

o tempo sempre insuficiente do amor

e o amor

ainda a acariciar-nos o olhar 

esse que já viu inexistências e deleites

e ele

o amor

a ilibar-nos


Teresa Bracinha Vieira