PORVENTURA VERSOS
9.
Foi quando nesta vida
Uma morte me surgiu
Desfalecida e peregrina
Por um atalho que nunca lhe cedi
Exigi-lhe promessa de segredo
Ao que ela queria chamar consolação
Mas meu canto
Àquele que só eu subi
Esqueceste
Ó morte!
Que só por meus olhos vi
O que quiseste levar mentindo
Sabendo só eu, os sem remédios com que me cuidei
E tu no teu perder
Encurtas anos, tempos atados e celestes
Mas não erros
Por onde levo a ferros
Meus amores
Teresa Bracinha Vieira
2015
10.
Consente ó vida
Que se conte coisa fabulosa e nova
Bem viva e não vencida
De olhos tão abertos
Ainda e sempre
No buscar o que mais quer
Que um sorriso lhe baste
E por ele se lhe refere
Consente ó vida
Que pensamentos
Contos, amores e tempos
Possam ser breve mentira
Coisa justa de tanta brandura
Que a delicadeza robusta
Aceita e lhe não fere
Consente ó vida
Que a nossa história
Segundo entendo
Vá nascendo livre e semeada
Em ira e beijos cortesãos
Cheios de um nada de palavras
Mas ousados
Infames, feios, crus
Licenças
Consente ó vida
Um socorro de benigna estrela
De alabastro, primor e ferros
E seja ela a mãe de uma filha que já viu tudo
E se não perdeu no reino dos erros
Dos fogos embaixadores de tantos saberes
Que aqui estou eu e nós
A pedir-te
Consente ó vida
Não me/nos dês sortes
Será assim: a cada um sua carta
E a todos por modos vários
Mensageiros
Manhãs, empórios libertadores
Pois assim serei contigo
Ámen
Teresa Bracinha Vieira
2015