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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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PORVENTURA VERSOS

28.

Porventura versos 28.JPG

Aberta a história

Espreitam-se os sonhos da humanidade

Ou do seu aniquilamento

 

Aberta a história

Não se descortina sequer a sua cronologia

 

Pensa-se então no fazer de novo

Como se na anterior história que espreitámos

Não tivesse havido um antes

Posto que não ouvimos nem lemos

Uma linguagem que o exprimisse

 

Então, dizia-se, abre-se uma nova história

Dotada agora, da vitória, logo no início

De nela se deixar ver uma absoluta liberdade

 

E eis num crescendo a lente baça do homem desvinculado

Do desafio do amor

Tão perto de nós e tão dentro do oráculo

 

Eis-nos de frente para o homem que desconheceu

O fascínio

Ou a tragédia do perdão

O caminho de Cristo em Deus

Ou o poema de Régio

Fechado na sua mão

 

Exposta e imitada a história

Ali

Numa idade de oiro seco

Que se contenta

Infinitamente

Em se deixar ver

 

Naquele vazio criador

Embrutecido em vícios isentos de méritos

E eis o homem na nova história

 

Aquele mesmo que mente sem respeito

Por si próprio

 

Aquele mesmo que é perito no governo

Do desprezo julgando ser poder

Desconhecer o seu buril

 

Nem tendo ouvido falar

Da escada que se chega às longas viagens

Da identidade do socorro

 

Socorro que enfim, desiste

Abraçado ao descompromisso

De conhecer que o mundo ou a história

 

Não são enganos

 

M. Teresa Bracinha Vieira

2015

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