QUIM E MANECAS, SEMPRE…
TU CÁ TU LÁ
COM O PATRIMÓNIO
Diário de Agosto * Número 6
Não discutiremos se Quim e Manecas são os mais antigos heróis da BD em Portugal. A sua longa vida demonstra-nos que desde 1915 a 1953 encontramo-los nas peripécias mais variadas – com especial referência para a Guerra de 14-18, na qual garbosamente participaram, tendo sido condecorados pelo significativo papel pedagógico e militar que desempenharam. Stuart de Carvalhais deixou a sua marca indelével na história da Banda Desenhada, já que não há outros casos semelhantes, de diversidade temática e de tão grande longevidade. Tudo começou no “Século Cómico” e terminou no “Cavaleiro Andante” (1953) – mas não devemos esquecer a ligação à história global dos “Comics”, designadamente ao Yellow Baby de saudosa memória. Estamos a falar de pequenas pranchas, com episódios momentâneos do quotidiano, cheios de non-sense ou de inverosimilhança… Quim e Manecas são dois símbolos essenciais. Por isso mesmo lembramos o sentido poético, artístico, irónico destes heróis eternos… “Libardade” é a liberdade plena!
E assim hoje citamos o poeta António Barahona:
Em banda desenhada, tão depressa
treparam à colina onde corria
um bando de crianças à gandaia
em redor duma casa arruïnada,
tão depressa, em banda de surpresa,
que ganharam tal mêdo na subida
lentamente assombrados por medida
de Deus, que mede os sustos sem ter
/pressa
Depressa, mais depressa: segredava
a rapariga atlética ao poeta
no balão da legenda: as crianças,
aos gritos, entretanto, param a corrida:
emudecem ao ver o som e as dansas
do casamento alquímico das sombras
(Respeitamos a ortografia do Autor)
In “Raspar no Fundo da Gaveta e Enfunar uma Gávea” (Averno, 2011).
Agostinho de Morais
A rubrica TU CÁ TU LÁ COM O PATRIMÓNIO foi elaborada no âmbito do
Ano Europeu do Património Cultural, que se celebra pela primeira vez em 2018
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