ROTA DAS CATEDRAIS (I)
TU CÁ TU LÁ
COM O PATRIMÓNIO
Diário de Agosto * Número 13
A vida cultural faz-se de caminhos e de percursos vários, que nos permitem conhecer melhor a complexidade e o que é diferente. A muito antiga tradição das peregrinações (per agros) permite encadear as influências – e tornar a História próxima e compreensível. Os povos começaram por ser nómadas e passaram a sedentários. Há vantagens e inconvenientes que todos o sabemos . Também as artes se tornaram sedentárias, sem esquecer, porém, o movimento que sempre as anima. Hoje começamos a falar da Rota portuguesa das Catedrais – em boa hora preconizado e oportunidade para termos contacto com a história da Arte e da espiritualidade como realidades bem vivas. Neste Ano Europeu do Património Cultural (AEPC-2018), falar de Catedrais portuguesas constitui uma demonstração da importância da História viva. Para caracterizar o território e as suas gentes, urge considerar o património como um todo – ligando os valores religioso, histórico, paisagístico e artístico. A Rota das Catedrais é das mais ricas da Europa, e permite compreender as evoluções, histórica, cultural e artística, do que recebemos do passado. Há, assim, algumas ideias a considerar: (a) a referência histórica; (b) a integração no conjunto multifacetado do território; (c) a lógica da afirmação cultural portuguesa ligada à religiosidade popular; (d) a compreensão da evolução, desde a Reconquista ao povoamento e depois à partida das Navegações; e (e) a ideia de peregrinação, originalmente influenciada pela marca de Santiago de Compostela em toda a Península.
Vejamos a Rota de norte para sul: (i) A catedral de Viana do Castelo vem do século XV e segue o gótico tardio. (ii) A Sé de Braga tem a marca do século XI e alberga os túmulos de D. Henrique e D. Teresa – tendo sido enriquecida por D. Diogo de Sousa, com a marca do Renascimento no século XV. (iii) A catedral de Vila Real foi construída no século XV sob o orago de S. Domingos, com influência gótica. (iv, v, vi) As Catedrais de Bragança e Miranda do Douro envolvem três monumentos marcantes: a Sé Nova da autoria do Arquiteto Vassalo Rosa (1935-2018) representa a modernidade, a Sé Velha leva-nos ao século XVI e a Sé de Miranda do mesmo século XVI singulariza-se pela sua imponência. (vii, viii) As Catedrais de Lamego e Viseu, merecem uma atenção também especial – sendo a de Lamego, anterior à nacionalidade (1129) e a de Viseu anuncia o gótico, o manuelino e o barroco… (continua)
Diz-nos David Almeida escreveu:
«Oh! Cidade sem rio grande.
Oh! Cidade sem Mar.
Não quem há na cidade quem mande
Como a magia do velho altar.
Oh! Bela cidade clerical.
Oh! Bela verde fonte.
Tudo desde a sé Catedral,
Ao bom Jesus do monte.
Oh! Bela minhota.
Oh! Bela cidade calma.
De noite pura e marota,
De dia viva e com alma.
Oh! Bela cidade de vida.
Oh! Memória de estudante.
Apesar da partida,
Braga, serás minha amante!”
Agostinho de Morais
A rubrica TU CÁ TU LÁ COM O PATRIMÓNIO foi elaborada no âmbito do
Ano Europeu do Património Cultural, que se celebra pela primeira vez em 2018
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