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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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SONETOS DE AMOR MORDIDO

filho pródigo.JPG
Filho Pródigo, de Rembrandt

 

1. COMO A UM FILHO

A mim, não é devido o prometido:

quem ontem prometeu nunca deveu,

nem pode uma promessa ter sentido

p´ra quem silente nunca a prometeu...

 

O que alguém me disse, talvez não diga

outra vez, jamais! Nem aconteceu

jurar-me amor, uma esperança amiga:

 terei sonhado o afago que me deu...

 

Líquido, tudo passou, como a morte

passará, sem poder tirar-me a vida

que a luz de um gesto antigo me acendeu...

 

Seja-me curto o tempo e longa a sorte

da esp´rança - que não é se for perdida -

no amor que, além da vida, não morreu...   

 

Camilo Martins de Oliveira