SONETOS DE AMOR MORDIDO
3. A GALLA PLACIDIA AUGUSTA
Choraste, Galla Augusta, o teu império
mesmo antes de morrer, às mãos do Huno,
teu Cristo, tua Roma, teu mistério,
teu ser antigo, tão perene e uno...
Gemeste em ti o peso dessa cruz,
desse fado de divisões fraternas,
das ilusões em que parecia luz
qualquer ouro escondido nas cavernas...
Dos jogos e enganos do poder
também tu trataste. Dando, esperaste
alianças, uniões... Mas bem querer
não se compra nem vende, nem se pensa :
foi sempre vão o amor que conquistaste
e só destruição a recompensa...
Camilo Martins de Oliveira
