SONETOS DE AMOR MORDIDO
5. A CARLOS V, EM YUSTE ABDICADO
Erguendo as mãos, Te levo este embaraço:
na coroa, império, amor, não tive sorte,
e já nem sei qual foi a pior morte,
se a de Isabel, ou só o meu cansaço...
Não desci, nem deixei o trono só:
vim apagar mágoas fundas e dores,
sonhos secretos e seus estertores
no tempo, que de nós nunca tem dó...
Eterno, acreditei, pudesse ser
de todos nós, cristãos, o nosso reino,
e sobre a divisão prevalecer
a redentora cruz, esse sinal,
tão forte como outro que em mim tenho:
morta, vive Isabel de Portugal!
Camilo Martins de Oliveira