SONETOS DE AMOR MORDIDO
22. POUCO CLÁSSICO, COMO XERAZADE
Xerazade, contadora sem beira,
virou astuta e boa contadeira,
que a arte de contar é feiticeira,
se nos vier cantar doutra maneira...
Que há cantos de sereia que convencem
desejos - que outros sonhos nunca vencem -
de que há noites maiores nessa paisagem
em que Eros é, na lua, uma miragem...
A mil noites juntou outra sessão,
fatal, feliz final de uma lição
de que dizer sim é, primeiro, não
querer nem deixar que se agarre a mão
sem que encantado o diga o coração...
E, assim preso, solto ficou o sultão!
Camilo Martins de Oliveira