SONETOS DE AMOR MORDIDO
Estátua de Zeus em bronze – Museu Arqueológico de Atenas
23. A QUEM
Zeus, Theos, Deus, Alá, ou só Quem É,
nenhum nome te importa ou mudará...
És mistério só: quem te alcançará?
Talvez só quem no teu Quem tenha fé...
E que me importa a mim como te chamas,
se só me muda e move o eu chamar-te,
e sempre só me morde procurar-te:
onde haverá amor quando não amas?
Onde, chegado ao fim do alfabeto,
acharei letra ou verbo com afecto
que me recolha além do fim que espero...
Foi só de amor mordido a minha vida,
pelo mesmo mais achada que perdida...
Quem és, amor fiel, feroz e fero?
P.S. Começando pela letra Z, é este o último soneto de amor mordido. Foram 23, quiçá por pudor antigo me querer resguardar no alfabeto que, menino e moço, aprendi...
Camilo Martins de Oliveira