SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, ESCRITORA E DRAMATURGA (I)
Celebra-se este ano o centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), já devidamente assinalado e objeto de intervenções diversas, designadamente no Colóquio da Fundação Calouste Gulbenkian, inaugurado em 16 de maio por Guilherme d’Oliveira Martins, ao qual faremos referência.
Justifica-se pois esta sucessão de textos que, ao longo do ano, nos propomos efetuar sobre Sophia, tendo em vista a relevância da escritora em si mesma, inclusivé como dramaturga, mas ainda a sua intervenção cultural e cívica, num conjunto de ações e de criações ligadas também ao teatro e designadamente ao Centro Nacional de Cultura.
Daí que se dê o óbvio destaque aos aspetos criacionais da sua personalidade e criatividade, numa abrangência que largamente justifica ou mesmo se impõe nesta série de artigos, mesmo que se liguem mais ao autor-dramaturgo do que aos espaços em que a sua obra se concretizou ou, o caso concreto, certamente ainda mais se concretizará.
E nesse aspeto, que desta vez se liga ainda mais à literatura do que à arquitetura e ao espaço teatral, importa desde já referir as peças de Sophia. Citamos designadamente “O Bojador”, “O Colar”, “O Azeiteiro”, “Filho de Alma e Sangue”, “Não Chores Minha Filha”.
Para além destes títulos, referem-se textos e intervenções criativas e/ou críticas, num conjunto geral de ligações ao teatro e aos Teatros, que muito marcou a vida e obra de Sophia.
E há mais intervenções ligadas ao teatro. Citamos designadamente a recriação poética da “Medeia” de Eurípedes. É de assinalar aliás que essa tradução/adaptação não surge isolada no conjunto da sua obra, trata-se aqui não tanto de uma “tradução” mas sobretudo de uma recriação que se inscreve no conjunto de obras desta autora tão singular e tão coerente na vastidão, qualidade e heterogeneidade de vida e obra.
E mais: ao longo do mês, assinala-se a adaptação do conto de Sophia intitulado “A Menina do Mar” devidamente dramatizado e transformado em espetáculo no Teatro LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa.
Ora bem: já várias vezes referimos aqui este Teatro, que oportunamente valorizou e valoriza uma tradição de salas de espetáculo e muito adequadamente se ajusta à celebração do centenário de Sophia de Mello Breyner Andersen.
E veremos outros aspetos da vida e obra de Sophia.
DUARTE IVO CRUZ