SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, ESCRITORA E DRAMATURGA (II)
No artigo anterior, referimos o Colóquio sobre Sophia, entretanto realizado numa iniciativa conjunta da Fundação Calouste Gulbenkian, onde teve lugar, e do Centro Nacional de Cultura. Trata-se então do II Colóquio Internacional sobre Sophia: e houve ensejo de retomar a referência não só à escritora em si, como a textos apresentados e debatidos no Colóquio anterior que teve lugar tal como este na Gulbenkian.
Em ambos os Colóquios, ouviram-se intervenções de Guilherme d’Oliveira Martins como Presidente das duas entidades (FCG e CNC) e de Maria Andresen Sousa Tavares, bem como de dezenas de oradores, e isto para além dos intervenientes nos debates que se seguiam às intervenções.
Referimos então agora especificamente este II Colóquio Internacional.
As intervenções e os debates, num total de mais de 30 temas, constituíram no seu conjunto uma notabilíssima abordagem da figura e obra de Sophia, mas mais do que isso: propuseram e permitiram uma visão amplamente analisada e debatida de aspetos variados da obra em si, da identidade e personalidade, e na literatura e cultura portuguesa e universal: e com destaque específico para referências a países e/ou culturas como a Grécia, a Espanha, a Inglaterra, a Dinamarca ou o Brasil. E isto, envolvendo também intervenções de entidades e individualidades ligadas a esses países mas também aos EUA, Itália, Alemanha, França.
Cita-se a propósito o início do Prólogo da peça “O Colar”:
“Esta História aconteceu/Num país chamado Itália/Na cidade de Veneza/Que é sobre água construída/E noite e dia se mira/Sobre a água refletida.//Suas ruas são canais/Onde sempre gondoleiros/Vão guiando barcas negras/Em Veneza tudo é belo/Tudo brilha e cintila”...
Essa internacionalização do temário documenta de forma eloquente a própria internacionalização da arte e da literatura criada por Sophia. Aliás, é de assinalar que em 2003 Sophia foi agraciada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, o que documenta e reforça o prestígio internacional. E isso significa, note-se bem, a profundidade dos valores de cultura inerentes e bem presentes na sua vida e obra.
Num artigo publicado no último número do Jornal de Letras (8 a 21 de maio de 2019) Guilherme d’Oliveira Martins procede a uma análise vasta e detalhada da vida e obra de Sophia de Mello Breyner Andresen. Aí se informa acerca de um conjunto de iniciativas que, ao longo do ano, se irão realizar, em Portugal, Itália, Brasil e Macau.
DUARTE IVO CRUZ