Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
A amizade também significa uma comunhão de diálogos e de experiências de vida, um tocar, um alcançar, um deter e um comover.
Partilhei a docência de Finanças Públicas na Universidade Lusíada com a Eduarda, durante largos anos. Fomos testemunha uma da outra num processo de evolução no ensino superior privado.
Em visitas regulares à casa de cada uma, no período que acima refiro, fui acompanhando o empenho profissional da Eduarda, por uma atividade laboral, na qual o seu cuidado e disciplina expunham vigor inequívoco.
Desafiou a coragem na luta contra a realidade que a capturava nos últimos tempos.
O meu desejo
Que sempre o humano e o natural se confrontem no plano dos sentimentos.
Que baste a perceção do afeto da amizade e que nos fique como surpresa e memória.
Manoel de Oliveira era uma personalidade fascinante. Era o Mestre. Conheci-o pessoalmente e sou testemunha da sua energia até praticamente ao fim. Hoje ouvimos um coro de elogios, mas nem sempre foi assim durante a vida – o que demonstra o seu carácter absolutamente singular e inovador. Os testemunhos sobre a apresentação de «Douro, Faina Fluvial» foram de perplexidade ou de admiração (de poucos). A controvérsia foi evidente. Agora, não temos dúvidas sobre o extraordinário valor artístico e documental dessa obra-prima do cinema mundial. Veja-se também o «Ato da Primavera», onde a originalidade se traduz na fidelidade à vivência popular do fenómeno religioso e antropológico. João Bénard da Costa tinha uma grande admiração pelo Mestre e tantas vezes ensinou-nos a ver com olhos de ver, na prosa luminosa que nos legou, o significado da sua obra e a extraordinária ligação à literatura. Além do mais, João foi o inconfundível Duarte de Almeida na obra de Oliveira. Não esqueço ainda a relação muito curiosa e difícil com Agustina Bessa-Luís. Dir-se-ia que duas grandes personalidades faziam coexistir a complementaridade e a tensão. Admiraram-se sem renunciar ao sentido crítico. Quando se estudar melhor a cultura portuguesa do século XX verificar-se-á como essa ligação representa um retrato essencial da complexidade da atividade criadora. Em mais de uma circunstância, disse que o meu filme preferido é «Palavra e Utopia», em que Luís Miguel Cintra e Lima Duarte dão vida ao «Imperador da Língua Portuguesa». Tive, aliás, o gosto especial de ter visto no Teatro Gil Vicente de Coimbra essa filme fantástico, com o Mestre e com Lima Duarte, a quem disse pessoalmente o que aqui escrevo. Aí está todo o grande cineasta – assumindo a fidelidade suprema relativamente à Palavra, através de um dos maiores génios da língua portuguesa. Manoel de Oliveira, deixa-nos aos 106 anos, mas a sua filmografia diz tudo. Não esquecemos a projeção internacional da sua obra e o sentido de entrega total à sua arte. Por isso, ainda tinha muitos projetos na sua carteira imaginosa
Luísa Dacosta (1927-2015) era uma militante da educação, da escrita e da dignidade humana. Encontrei-a primeiro na escrita, incisiva, clara sentida. Lembramo-nos do livro inaugural «Província» (1955) com ilustrações de Carlos Botelho. Depois conheci-a melhor como educadora, como apaixonada da aprendizagem dos mais jovens. Lembro-me do seu entusiasmo na cooperativa Árvore a falar-me da sua paixão de sempre – escrever para ir ao encontro dos outros, para sensibilizar, para motivar, para dizer como vale a pena a vida. Nunca esqueceu como as mulheres de A-Ver-o-Mar a ensinaram a lutar contra a injustiça, a indiferença e o sofrimento. Desde muito jovem Luísa Dacosta considerou que a escrita era um modo de lutar contra as injustiças e a indiferença. Para si a esperança obriga a combater, a denunciar, a compreender que temos de ter os olhos abertos para ver os outros que sofrem e precisam do nosso cuidado e da nossa atenção. A isso chamava responsabilidade. Para si o diálogo com os alunos era fundamental. Quantas vezes, quando saía da sala de aula, dizia que era ela quem mais tinha aprendido. Cronista, romancista, contista, foi sobretudo uma cidadã educadora que as Correntes d’Escritas homenagearam em 2011 e que recebeu o Prémio Vergílio Ferreira. Além de tudo o mais era uma apaixonada por Portugal e pela nossa cultura, sobre a qual escreveu páginas inesquecíveis.
Se houve cidadão generoso e permanentemente empenhado na defesa da coisa pública, o melhor exemplo é o de Manuel Ataíde Ferreira que há pouco nos deixou.
Fundador e Presidente da SEDES, um dos mais ativos membros da Deco, Advogado, representante português no Conselho Económico e Social da União Europeia sempre foi um lutador em prol do bem comum e da defesa da liberdade e da igualdade. Foi-lhe, por isso, outorgado com integral justiça a Ordem da Liberdade.
Conheci-o sempre com um fino sentido de humor e um realismo muito acentuado. Quando desempenhei durante dez anos a presidência da SEDES contei sempre com a sua colaboração inexcedível. Todas as palavras são poucas para o homenagear e dar nota da falta que nos fará. Muito obrigado Manuel!
Foi o meu primeiro professor de Direito. Jamais esquecerei esse dia de novembro de 1969. Percebemos desde o primeiro momento que o Direito Constitucional a sério tinha de ter a marca indelével da liberdade e da democracia. Nunca mais perdemos o contacto. Como jurisconsulto foi um dos mais brilhantes que alguma vez conheci. Desde muito novo, dando continuidade a uma tradição familiar, manifestou-se como alguém dotado de uma sensibilidade, de uma inteligência, de uma argúcia e de uma capacidade singularíssima para procurar soluções por caminhos novos e inesperados. Era sempre capaz de ver para além do que era mais evidente, e assim era capaz de ajudar na solução de complexas dificuldades. Para o Miguel o Direito não era uma ciência formal ou rígida, era um instrumento dinâmico para resolver problemas. Para si o advogado era o primeiro elemento da administração da justiça, e acreditava que a primeira instância dos tribunais estava no escritório do causídico. Por isso, nos ensinou sempre que o mau advogado é o que usa subterfúgios e procura fugir à essência dos problemas. Como cultor do Direito Público, entendia que o Estado de Direito e a cidadania se afirmam e reforçam pelo equilíbrio de poderes e pela assunção com todas as consequências da lição de Montesquieu – só o poder limita o poder. Por isso, «As Cartas Persas» eram para ele uma ilustração essencial da exigência de uma salvaguarda dos direitos fundamentais a partir do respeito mútuo, da confiança entre poder e cidadãos, como articulação entre legitimação e legitimidade. António Araújo designou-o como «il miglor fabro». Não pode haver expressão mais adequada. No mundo do Direito ele foi dos melhores. A sua lição não pode ser esquecida. E nós, seus alunos, nunca olvidaremos o seu desassombro, nos momentos mais difíceis, e nas mais diversas circunstâncias, na defesa da liberdade e daquilo que Isaiah Berlin designou como uma sociedade decente. Coerente, aberto, rigoroso, correto, amigo, solidário – cidadão a toda a prova!
O Fernando era uma personalidade extraordinária. Dotado de uma inteligência e de uma sensibilidade notáveis foi sempre um cidadão empenhado na defesa dos valores culturais, do património e da herança histórica portuguesa. Homem de horizontes abertos, cosmopolita, amante da liberdade soube compreender como poucos uma noção dinâmica de tradição, capaz de entender a memória, de defender a modernidade e de preparar o futuro, sem esquecer os nossos deveres perante as gerações passadas, presentes e futuras. Democrata desde quando a defesa da liberdade obrigava a correr riscos e a ter encontros com a polícia política, soube ser fiel às tradições liberais de sua família e dos seus mais célebres antepassados. Para Fernando de Mascarenhas a defesa do património cultural obriga a ligar a memória material e imaterial, as construções e as tradições, sem esquecer a criação contemporânea e o culto da sensibilidade e da arte. A Fundação das Casas de Fronteira e de Alorna, a preservação do Palácio de Benfica (de tão ricas lembranças) são obras de uma vida devotada à História e à Cultura Portuguesa entre nós e no mundo. O Fernando era um velho amigo, sempre disponível, com a generosidade própria de um aristocrata do comportamento, para usar a expressão António Alçada Baptista. A sua genuína simplicidade era sinal de humanismo e de entrega às melhores causas.
O Centro Nacional de Cultura contou sempre com o seu apoio! Pessoalmente exprimo a maior admiração, estima e amizade!
Morreu esta quinta-feira em Lisboa José Enes, o primeiro reitor da Universidade dos Açores (UAç).
José Enes Pereira Cardoso tinha 89 anos e era natural das Lajes do Pico. Era considerado um grande pensador açoriano e um dos mais importantes filósofos portugueses do Século XX.
A vida pública e a obra escrita de José Enes – o mais importante pensador açoriano posterior a Antero de Quental e Teófilo Braga e um dos mais importantes filósofos portugueses do século XX, de formação em escolástica tomista na Universidade Gregoriana de Roma (1945-1950 e 1964-1966), professor da Universidade Católica Portuguesa entre 1968 e 1973, e, a partir de 1976, professor e primeiro reitor da Universidade dos Açores, jubilando-se como vice-reitor da Universidade Aberta (1992-1994) – têm sido atravessadas por três explícitas paixões: a Poesia, os Açores e a Filosofia.
Das três, a Poesia, no campo da prática versatória, esgotou-se em 1960, com a publicação de Água do Céu e do Mar, seu único livro de poemas, e, no campo da crítica literária e da teoria da arte, em 1964/65, com a publicação de A Autonomia da Arte. Neste mesmo ano, José Enes troca os Açores, onde, desde 1953, fora professor no Seminário Episcopal de Angra do Heroísmo, por Lisboa, partindo depois para «Roma a preparar a tese de doutoramento», investigando na «Itália, Canadá e Estados Unidos». Em 1969, publica a tese de doutoramento, intitulada À Porta do Ser, defendida no ano anterior e agraciada com medalha de ouro e distinção Summa cum laude. José Enes publicou sete livros em cerca de meio século de escrita – a média de um livro de sete em sete anos. Se considerarmos exclusivamente os livros de filosofia, o primeiro de 1965, A Autonomia da Arte, o último de 1999, Noeticidade e Ontologia, reduzem-se a cinco, uma média de um livro por década. Com exclusão do primeiro livro de filosofia, versando sobre a Arte e a Moral, os restantes quatro, no seu todo e na sua essência, podem ser reduzidos a um só, À Porta do Ser, de 1969. Deste modo, se excluirmos A Autonomia da Arte, livro em que, devido à metodologia historicista empregue, certamente o autor não se reconhecerá hoje, José Enes é o único autor português do século XX cujo pensamento se reduz a um só livro – e livro que revolucionou radicalmente o pensamento filosófico religioso institucional português, fortemente centrado, até à década de 60, ora num tomismo puro e duro, ora num tomismo beijado pela fenomenologia, ora num tateamento teórico de procura de novos horizontes sem assunção de teoria substituta. Neste sentido, À Porta do Ser estatui-se como a tese de doutoramento mais importante do século XX no campo da filosofia, tanto revolucionando a linguagem tomista quanto mantendo-se-lhe fiel, culminando-se assim, em 1969, com a sua publicação, a deriva teórica desta corrente filosófica em Portugal ao longo das décadas de 50 e 60. Efeito da sua sombra poderosa, desde então nenhum livro importante de filosofia tomista foi publicado em Portugal por autor português.
Face ao pensamento português do século XX como um todo, os estudos de José Enes – ainda que fortemente individualizados, prosseguidos entre os Açores, Lisboa e Roma – devem ser integrados na revitalização do pensamento tomista, desde a sua refundação por Martins Capela, Fernandes Santana e os padres fundadores da Brotéria em 1902. À Porta do Ser corresponde à e culmina a primeira crise desta doutrina filosófica após a fundação da Revista Portuguesa de Filosofia, em 1945, pressionada, ao longo da década de 50, seja pelas ontologias existenciais e personalistas, seja pela fenomenologia husserliana. Publicado em 1969, cruzando e sintetizando estas duas últimas inspirações com a ossatura sistemática do tomismo, À Porta do Ser emerge como o cúmulo desta tradição de quase 100 anos, refundando o tomismo através da abertura a um novo horizonte interrogativo, para o qual muito contribuiu a inspiração da hermenêutica do «segundo» Heidegger.
Como recordou Federico Mayor, Rita Levi-Montalcini deu às suas memórias o título de "Elogio da Imperfeição", aí analisa as razões que a levaram a um caminho de cidadã e de cientista, perseguida politicamente, tendo enfrentado as maiores dificuldades, assumindo-se sempre mulher "livre e responsável", exatamente como a UNESCO define as pessoas educadas. Nunca baixou os braços, desenvolvendo ações em diversos domínios, mas com especial qualidade e exigência na medicina e nas neurociências. Desde 1947 a 1969 esteve nos Estados Unidos, onde compartilhou com o Professor Stanley Cohen a investigação que permitiria a descoberta do fator do crescimento neuronal. No entanto, costumava dizer que os seus únicos méritos foram a perseverança e o otimismo. Por isso, tendo vivido até aos 103 anos nunca se jubilou. E com muita ironia, mas certeza científica, dizia: "a pele e o corpo ganham rugas, mas o cérebro não. Só a inatividade, o desencanto e a desmotivação enrugam o cérebro". Rita Levi acreditou profundamente na renovação das gerações e no apoio aos jovens. Numa fórmula cheia de sensibilidade, Federico Mayor no texto hoje publicado salienta os seus contributos para a ciência e para a cultura cívica. "Fez-se invisível, mas não se ausentou. A sua estrela continuará a iluminar os caminhos de amanhã!".
Guilherme d'Oliveira Martins
Morreu Rita Levi-Montalcini, a grande dama da ciência italiana (ler mais...)
É um cineasta maior, uma das referências incontornáveis de um cinema livre e inconformista gerado num país sem indústria, mas com uma força imagética em que muitas vezes não acreditamos.
Quando morre um grande cineasta – Paulo Rocha, aos 77 anos –, alguém que mudou a paisagem representativa de uma cinematografia como a nossa, o pior a fazer é perder muito tempo com dados biográficos: nasceu no Porto em 22 de dezembro de 1935, abandonou os estudos de Direito para ir estudar cinema no IDHEC, em Paris, foi assistente estagiário do grande Jean Renoir em O Cabo de Guerra (1962) e assistente de Manoel de Oliveira sobretudo em Ato de primavera (1963).
Ou seja, “viveu” cinema, desde a sua participação na fundação do Cine Clube Católico com Bénard da Costa ou Nuno Bragança até à sua estreia como realizador com Verdes Anos (1963), o filme que transformou tudo no cinema português: da forma de conceber o espaço urbano, integrando na estafada dicotomia cidade-campo uma nova e radical forma de exílio, até à direção de atores – rostos marcantes de uma nova visualidade, como Isabel Ruth, ou a recuperação de uma irreconhecível teatralidade, como Paulo Renato –, passando pelas condições de produção e de escrita – um cinema “pobre”, atuante, urgente e poético. Verdes Anos não representa apenas o início do Cinema Novo, é o manifesto de uma forma revolucionária de olhar para nós e para as nossas atávicas contradições, com poucos meios, muita imaginação e com um lirismo pungente: cerca de 50 anos depois permanece vivo e perturbante, como um retrato de família de um país e de uma sociedade em rutura e em carne viva.
Segue-se-lhe, com a sequencialidade possível num cinema bissexto, outra obra-prima, desta vez rimando com as ruínas do neorrealismo, que Rocha recompõe com o mesmo rigor e petrificação com que o poeta Carlos de Oliveira, num território afim de dunas e ventos imemoriais, refaz o seu imaginário poético nos anos 60: Mudar de Vida (1966) toca na essência do nosso trágico atavismo, filmando o mar e as sombras de um passado atabafante com o desassombro de quem pensa em fotogramas um mundo que formalmente se reformula a cada olhar. Bastariam estas duas obras iniciais, às quais o cinema português que veio depois tudo deve, para que aqui e agora o estivéssemos a lembrar com aquele ar atónito de menino grande e desengonçado que a velhice e a doença não deixariam ocultar.
O resto (e é muito) tardou e foi-se espaçando ao sabor das muitas hesitações e dificuldades que se levantam a quem faz cinema neste Portugal de eternas crises feito: o belíssimo A Ilha dos Amores (1982), desmesurada homenagem ao cinema japonês que tanto amava, com luzes vindas de um Mizoguchi transfigurado e planos-sequência de um Ozu revisto sob pretexto de um Wenceslau de Moraes mais sonhado do que biografado; o desequilíbrio de O Desejado (1987), sempre em busca de desafiar a narratividade; o regresso à genialidade na perfeição irregular de O Rio do Ouro (1998), num território que tocava o de Oliveira, mas que se lhe contrapunha em delirante e quase surreal sinfonia de sons e cores com personagens que voam para, como na pintura de Marc Chagall, unir o real mais violento ao onirismo mais poético. E saltamos pequenas (mas importantes) incursões pelo modernismo em Máscara de Aço contra Abismo Azul (1989), para televisão, ou um dos melhores documentários sobre mestre Oliveira (1993), concebido como “arquiteto” de um mundo que Rocha recebera enquanto pedra angular.
Com a mudança de século, o realizador procurava, com a mesma ousadia de sempre, redescobrir-se em universos que, por vezes, lhe resistiam: A Raiz do Coração (2000), musical com travestis e transfigurações noturnas, na busca de um cinema popular como o que descobrira, para espanto de muitos, em A Costureirinha da Sé (incursão colorida do “neorrealista” Manuel Guimarães, em 1959, pelos resquícios da opereta e da comédia à portuguesa), escolhida para uma retrospetiva própria com seleção de outros, causou nos que o admiravam grandes perplexidades que ainda se não resolveram e que Vanitas (2004) ajudou a agudizar.
Por descobrir fica Olhos Vermelhos [título de rodagem, entretanto mudado para Se Eu Fosse Ladrão, Roubava], um canto do cisne de que pouco se sabe. De uma vida cheia e intensa, feita de sonhos concretizados e desfeitos, fica um cineasta maior, uma das referências incontornáveis deste cinema livre e inconformista, gerado num país sem indústria, mas com uma força imagética em que muitas vezes não acreditamos: bastaria a fabulosa elipse da morte de Ilda, a frágil heroína de Verdes Anos, para podermos afirmar que Paulo Rocha está vivo naquela arte estranha de projeções de realidades que nunca existiram.