Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

 

The Parties’ Ethical Waltz and, The Royal Tax Heaven, 2017

 

Another day, another scalp. A operação de desinfestação nas Houses of Parliament está a gerar vítimas em Downing Street. É ainda o caso das pestinhas sexuais em Westminster, entre alegações mais que sérias e alegações menos que sérias de más práticas relacionais.

O Defence Secretary Sir Michael Fallon e o Tory Whip Chris Pincher MP demitem-se, fragilizando o May Cabinet. — Chérie! L'arbre cache souvent la forêt. Já a BBC enreda o Buckingham Palace nos Paradise Papers, ao desnudar novos segredos dos ditos regimes fiscais claramente favoráveis. O Ducky of Lancaster é um dos investidores que parqueia capitais nas Cayman Islands. Para uns, a gestora das finanças reais faz uma aplicação de “fully audit and legitimate” economia doméstica; mas, para outros, antes serve para exprobar Her Majesty The Queen de evasão aos impostos. — Umm. It's the empty barrels that make the most noise. A par do harakiri dos ricos e poderosos no Old Ally Realm, o US President Donald J Trump ruma para oriente em périplo de Tokio a Beijing com Pyongiang na agenda. No Texas é a further day, a further mass-shooting, agora numa igreja anglicana, com o inquilino do 1300 Pensylvannia Avenue a apontar a dedo um louco islamizado, de arma na mão, zangado com a família. O Science Channel teoriza que Nan Madol, a “Venice of the Pacific,” possa ser Atlantis.

Freezing days at Central London. Com a Red Poppy na lapela, eis súbito retorno à Irak War a dias de um Rembrance Sunday que este ano contará com a presença da Queen Elizabeth II em varanda do Foreign Office e o Prince Charles no Cenotaph. Segundo o ex Premier Gordon Brown, "we were not just misinformed but misled on the critical issue of WMDs." No livro de memórias sobre os seus anos no poder, My Life, Our Times, declara que “a rush” de 2003 resultou de manipulação atlântica e conduziu a uma guerra injusta do governo onde foi Cancellor of Exchequer. Se Flash G ensaia desligar-se das areias ardentes do Chilcot Report que flamejam RH Tony Blair, é em relação ao amigo que raia as portas da indiscrição. Focando o Granita Pact com que, em mesa regada, os dois mapeiam a sucessão no No. 10, revela bastidores do último Labour Govt tal-qualmente óbvios: "The restaurant did not survive and ultimately neither did our agreement." O fato cinzento não está mal, pois. Axiomático é também o último herdeiro da glorious warrior mess. Rt Hon Jeremy Corbyn quer públicas desculpas de Her Majesty pelos £10m depositados pelo contabilista nas Cayman. Entrementes, com a Brexit no frigorífico de Whitehall, os líderes partidários acordam uma série de safeguards para o pessoal parlamentar face às “sexual improprieties” de alguns dos seus MPs.

 

O escândalo carnal que abala as veneráveis pedras de Westminster é a matéria prima da amuzing conversation in town. Mrs Theresa May apela a uma cultura de respeito, mas vê-se ameaçada no cargo primo ministerial pela série de demissões num hemiciclo onde não detém maioria de votos. O líder da Most Loyal Opposition agita com a tolerância zero, para logo ser ultrapassado por um movimento no seu partido contra os “serial sex pests” que mimetiza as feministas conservadoras: o Labour too. A Commons Leader Andrea Leadson quer que o parlamento “take action in days, not weeks.” O Speaker John Bercow escuta umas e outros, até concluir que fará “whatever I can.” Os cidadãos, todavia, assombram-se com a alegada concupiscência. É que o alvoroço apresenta contornos que oscilam do grave ao ridículo. Salvo raras situações, contém pouco ou nenhum sexo. O arguido abuso antes compreende desde satisfeitos casos extramaritais a pacatos convites para tomar um copo no bar da esquina, num ramalhete onde aqui e além, sim, aparecem os handsy boys. Seja como seja, a cabeça de Sir Michael Fallon rola e o Deputy Prime Minister RH Damian Green está sob investigação. Para a história da semana ficam ainda as soberbas declarações da jornalista Mrs Julia Hartley-Brewer, sobre uma mão colocada no seu joelho algures nos princípios do século. “I calmly and politely explained to him that, if he did it again, I would punch him in the face,” diz a veterana das Houses. “He withdrew his hand and that was the end of the matter.”

Concludente desfecho tem a nova produção de Dame Agatha Christie nos palcos londrinos.

“Guilty, My Lord” encerra a mais consumada peça de whodunnit engendrada pela senhora quando, nos 50s, andava pelas paisagens da histórica Assyria, justamente após sucessivos twists de culpa e de inocência para baralhar a prova perante qualquer júri. Recordareis, por certo, The Witness For The Prosecution dos écrans, dadas as inúmeras adaptações. A primeiríssima é vintage, de Mr Bily Wilder, com dupla que afinal é um trio: Mr Tyrone Power (Leonard Vole), Ms Marlene Dietrich (Christine Vole) e Mr Charles Laughton (o único Sir Wilfrid Robarts). Em tempos de concorrência política deslealíssima, o drama está em cena até March 2018 na augusta Chamber do County Hall, sob a direção segura de Ms Lucy Bailey, com Mr Jack McMullen (como acusado de homicídio) e Ms Catherine Steadman (como vítima). “The queen of cunning has been brilliantly served,” sintetiza doce Mr Quentin Letts no Daily Mail. — Well. So goes Master Will with Pompey and all the others characters in that eternal and interminable play Antony and Cleopatra: — “Your hostages I have, so have you mine; and we shall talk before we fight."

 

St James, 6th November 2017

Very sincerely yours,

V.

LONDON LETTERS

 

Blue beginnings, 2017

The Queen anunciará no próximo discurso oficial de abertura do estado que o United Kingdom reestitui a plena soberania sobre as suas terras e gentes, as suas leis e fronteiras. Tal qual como em 1533 é a Lex Terrae Victrix, a afirmação real da supremacia da ancestral Common Law, diretamente derivada da divina lei da natureza a que hoje chamamos razão.

Her Majesty  abraça a mudança e a visão de uma Global Britain, Greater still. Elizabeth II cortará os laços com a eurocracia de Brussels, não com Europe. Desde já o reino está on the move. — Chérie! Et au Printemps aller voter la plus eurosceptique nation du continent! A Prime Minister RH Theresa May MP calendariza a “Great Repeal Bill” para March 2017. — Well! Expeditions clearly agree with us. O Deustche Bank está em crise. Alem Atlantic Ocean, termina a visita dos Dukes of Cambridge ao Canada e America assiste a extraordinário debate presidencial. Mrs Hillary R Clinton vence o nativismo de Mr Donald J Trump. Às voltas com finuras fiscais, e outras, a candidatura republicana agenda revelações ligadas ao Wikileaks. O US President Barack Obama cessa os esforços de cooperação com Moscow para um cessar fogo humanitário na Syria. O país morre, transformado que está numa micro guerra mundial entre potências e jihadistas. Israel perde o founding father Mr Shimon Peres. A cápsula espacial Rosetta extingue-se como pó no asteróide 67P, após a well done star mission. A Tintin Magazine comemora 70 anos.

 

 

Sunny glorious blue sky at Central London. Mas é na Birmingham de RH Joseph Chamberlain, (1836-914), um dos liberal unionists cujo engenho patriótico ergue o império vitoriano em Africa, South Pacific e West Indies, que os Tories are making the weather. Reúne a primeira conferência dos Conservatives sob a liderança de Mrs Theresa May e é todo um mar de subtis diferenças face ao Cameroonism reinante há apenas 100 dias. Igual azul, sim, agora porém sob a mensagem triádica de “a country/economy/society that works for everyone” que posiciona o partido ao centro e atribui ao estado (ordeiramente gerido) um papel ativo na educação, habitação e industrialização. O conservadorismo britânico reinventa-se e amiúde cruza os evangelhos da Gladstone age com o visionarismo de Sir Winston Churchill e o talento de Lady Margaret Thatcher. Surgem novos protagonistas, ambiciosas políticas e arejadas prioridades, adaptados uns e outras à circunstância política criada pelo euroreferendo de 23rd June. Anda até por ali espírito de missão histórica, fundada na visão de uma nova era global para o free trade, ancorada na British Commonwealth e no entendimento que o British people deliberou por integrais political and economical freedoms. A abrir, sem mas ou ses, também sem opt-outs de nacionalismos indesejáveis, a Prime Minister certifica o rumo do voto popular: O UK está de saída da European Union e a rota é “to making Parliament sovereign once again“ Nota importantíssima: acaso as instituições continentais insistam no binarismo free movement & single market, London já escolheu ― o controlo das fronteiras e o primado da lei comum.

A literatura inglesa tem páginas notáveis sobre o nascimento das coisas. “A beginning is the time for taking the most delicate care that the balances are correct,” escreve Mr Frank Herbert em Dune. “To begin your study of the life of Muad'Dib, then take care that you first place him in his time: born in the 57th year of the Padishah Emperor, Shaddam IV. And take the most special care that you locate Muad'Dib in his place: the planet Arrakis. Do not be deceived...” E é o Manual of Muad'Dib que contém o fio da sabedoria transmitido na irmandade Bene Gesserit, pela voz da Princess Irulan: “Beginnings are such delicate times.” Nos Four Quartets explica Mr T. S. Eliot que “to make an end is to make a beginning. The end is where we start from.” Que nenhuma chancelaria duvide da real prerrogativa e dos meritocratas no poder nas Houses of Westminster, ambos os pólos do realm imbuídos do Churchillian way: “Achieving world security while yet preserving national rights, traditions and customs.” Não por acaso logo no ICC de Birmingham os Brexiters escoltam a firme intervenção da PM. Ao Foreign Secretary The Rt Hon Boris Johnson MP cabe justamente invocar Sir Winston: “The empires of the future are the empires of the mind.” E o Good Old WSC cedo sinaliza que “the price of greatness is responsibility.” Começa a Brexit rollercoaster.

Algumas palavras ainda sobre o que se passa no Labour Party após RH Jeremy Bernard Corbyn hastear a bandeira de designado “21st-century socialism” no fecho da conferência em Liverpool. A proposta recupera as 70s politics, com despesa pública a jorros entre os impulsos sindicais, condimentada com um ventilado desarmamento unilateral. No mais do new flower power, e face ao Brexiting - Act 1, Comrade Jez continua a negociar com os MPs rebeldes para formar coerente Shadow Cabinet. A luta continua, pois, entre fações. Haverá alguns progressos, legíveis nas sucessivas manchetes de The Socialist. A palavra de ordem “kick out the Blairites” está substituída no Corbynist movement por… “kick out the Tories and the Blairites,” E há desventurados episódios. A atestar que a hard left faz do ido radical RH Michael Foot um suave social democrata, de novo os membros para o HM Privy Council violam os protocolos seculares. O inefável Shadow Chancellor RH John McDonnell informa que “will not kneel for the Queen.” A consciência de classe impede-o. Ora se o patriotismo do 1st Earl Attlee que está na fundação da NATO dificilmente teria hoje lugar no Lab, temo concluir que mesmo o rosto do desastre vermelho na 1983 general election encontraria resistências. É que, segundo o próprio, republicano e anti estalinista, fiel ao ideário de RH Aneurin Bevan (o autor do NHS Act), o senhor era leal ao Parliament como instituição e algures ousa confessar a sua “affection for the Queen.”
 

Em vésperas da publicação das memórias de RH Ken Clarke (o ex ministro Tory que classifica a PM como “a bloody difficult woman”) e do teledebate entre os candidatos a Vice President na White House Race (sabeis quem são?), para os pares fãs de Dame Agatha Christie fica a nota final. A 20th Century Fox prepara uma novel versão de Murder on the Orient Express, se bem que na velha modalidade de all-star cast. Da pré produção saem indicações da centralidade no mistério de Mr Kenneth Branagh em companhia onde pontuam Dame Judi Dench, Mrs Michelle Pfeiffer, Daisy Ridley e Lucy Boynton a par de Mr Tom Bateman, Michael Pena e Johnny Depp. O livro de 1934 é um dos clássicos com Monsieur Hercule Poirot, na boa tradição de Mr Sherlock Homes e do whodunit, sendo classificado como “a perfect crime.” — Well! Play with Master Will and the ghosts bordering the state of Denmark in The Tragedy of Hamlet: — There are more things in heaven and earth, Horatio, / Than are dreamt of in your philosophy.

 

 

St James, 3rd October 2016

Very sincerely yours,

V.