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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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ÁLVARO DE CAMPOS DIANTE DE UMA TABACARIA…

Fernando Pessoa.jpg

 

TU CÁ TU LÁ

COM O PATRIMÓNIO

Diário de Agosto * Número 25

 

Um dia em Paris, António Tabucchi comprou e leu a tradução francesa de Pierre Hourcade da “Tabacaria” de Álvaro de Campos e foi amor à primeira vista. Então converteu-se a Portugal. Melhor – converteu-se às culturas da língua portuguesa. E a sombra de Pessoa alargou-se… Claro que Maria José teve um papel fundamental, mas a verdade é que, a partir de então, gerou-se um decisivo coup-de-foudre cultural. Hoje, Fernando Pessoa e os heterónimos, com o ortónimo e os semi-ortónimos tornou-se uma referência que ultrapassa fronteiras. O desassossego invadiu o mundo. Profeticamente, ouvimo-lo dizer: “Deve estar para muito breve (…) o aparecimento do poeta supremo da nossa raça, e, ousando tirar a verdadeira conclusão que se nos impõe, pelos argumentos que o leitor já viu, o poeta supremo da Europa de todos os tempos”… Sentimos uma sensação estranha. Se Pascoaes falava dos poetas lusíadas, Pessoa fala apenas de poetas… Pessoa é cosmopolita e vai ao encontro de Shakespeare e de Walt Whitman. E Álvaro de Campos define-se “excelentemente como sendo um Walt Whitman com um poeta grego lá dentro”. Ah! Aí temos a mediação de Alberto Caeiro… As mesmas letras, em ambos, tão diferentes e complementares - A – C… E Almada Negreiros retratou Fernando Pessoa. Fê-lo, aliás, duas vezes em dois lados do espelho. E sobre a mesa está um ícone: o Número 2 de “Orpheu”. Muito se tem dito sobre o movimento que tornou o século XXI uma circunstância que pôs as culturas da língua portuguesa na ordem do dia. Mais do que moda, falamos de capacidade de entender o tempo novo, feito de diferenças, de dúvidas, de perplexidades. Fernando Pessoa e os seus são a ilustração mesma de património vivo de ideias e de diferenças… Oiçamos, de novo, pausadamente este encontro com o Esteves sem metafísica numa Tabacaria que simboliza tudo…

 

«Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.

Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.

O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu».

 

   Agostinho de Morais

 

 

 

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A rubrica TU CÁ TU LÁ COM O PATRIMÓNIO foi elaborada no âmbito do 
Ano Europeu do Património Cultural, que se celebra pela primeira vez em 2018
#europeforculture

 

 

 

 

 

A VIDA DOS LIVROS

 

De 16 a 22 de abril de 2018.

 

António Tabucchi descobriu Portugal, um dia na Gare de Lyon, em Paris, através de uma tradução de “Tabacaria”, de Álvaro de Campos, por Pierre Hourcade.

 

UM ENCONTRO INESPERADO

António vinha para Itália e esse encontro marcou a sua vida. Depois, tudo o aproximou de Portugal: a literatura, a família, as cidades, as letras e as artes. A sua aldeia lisboeta foi a Rua do Monte Olivete, num lugar de tantas recordações literárias – Ruben A., Alexandre O’Neill… E a sua obra é um acervo fantástico de um europeu autêntico, cosmopolita, sedento de encontros e diálogos. Quando lemos em Sonhos de Sonhos (1982) o que dedica a Fernando Pessoa, poeta e fingidor, podemos perceber um pouco o significado de uma empatia. “Na noite de sete de Março de 1914, Fernando Pessoa, poeta e fingidor, sonhou que acordava. Tomou café no seu pequeno quarto alugado, fez a barba e vestiu-se com esmero…”. Depois, chegou à estação do Rossio e partiu para Santarém. No comboio encontrou a mãe que não era a mãe e depressa se viu chegado ao destino esperado e numa tipoia em direção à casa de Alberto Caeiro. O cocheiro sabia bem onde era esse lugar e conhecia o senhor Caeiro. Mas, num ápice, já estavam na África do Sul. Ao chegar à casa, descobriu inesperadamente que Caeiro era o Headmaster Nicholas, o seu professor da High School. E a misteriosa personagem apressou-se a revelar que era a parte mais profunda de si, a sua parte obscura – “por isso sou seu mestre”. E a orientação era clara: “terá de escutar-me, deverá ter a coragem de escutar esta voz, se quer ser um grande poeta”… No princípio do encontro Fernando era apenas um rapazinho com calças à marinheiro. Agora já regressara à condição de adulto. O essencial estava definido. E apenas pediu ao cocheiro que o levasse ao fim do sonho. Era o dia triunfal da sua vida… Pode discutir-se se, afinal, foi num dia apenas que tudo aconteceu, a partir do “Guardador de Rebanhos”, isso é tema de especialistas, o certo é que esse foi o ápice crucial – e sem ele não podemos compreender a força da criação.

 

PEREIRA COMO METÁFORA FORTE
Ao lermos Afirma Pereira (1994) e A Cabeça Perdida de Damasceno Monteiro (1997) compreendemos que o escritor é vigorosa e humanamente crítico. Em Afirma Pereira há uma metáfora forte, em que o ano de 1938 não é um tempo confinado ao passado, mas uma realidade atual de alertas e preocupações. Monteiro Rossi, a namorada e o Dr. Cardoso, invocando a “confederação de almas”, mas sobretudo Pereira são exemplos de que o conformismo e a indiferença têm limites. Bernanos mudou ao tomar contacto com a barbárie em Espanha. Pereira vai mudando. Tabucchi afirma-se, para além de rótulos, apenas democrata. Como disse a Maria João Seixas (Público, 3.4.2000): “aquele sistema que os senhores de Atenas inventaram de se pôr uma cruzinha num caco de uma bilha, para depois se juntarem todos os pedacinhos e serem contados, esse sistema a que chamaram democracia é o melhor que até agora se inventou”. As utopias respeitava-as, desde Tommaso Campanella a Thomas More até aos escravos brasileiros que fugiram para a Amazónia – mas com cautela, já que fazem parte dos nossos desejos e sonhos. O homem tem de sonhar, sobretudo de olhos abertos. O sonho é motor da história, porque somos seres desejantes – o que lembra Spinoza sobre a necessidade de se fortalecer a alma coletiva. Por isso a luta do povo de Timor Leste foi exemplar, porque permitiu à democracia vencer, apesar de tudo… Nesta perspetiva, centrada na liberdade igual e na igualdade livre (que Norberto Bobbio sempre defendeu), era um defensor das minorias: “a nossa civilização, esta, a nossa, ocidental, não seria o que é, sem as várias minorias que a atravessam e compõem”… Por isso, via com preocupação as tendências populistas, na medida em que caiam na tentação de uniformizar tudo e de fazer da vontade geral um modo a subalternizar os poderes e contrapoderes, o pluralismo e a diversidade, que são a seiva fecunda da democracia. É importante a governabilidade se não esquecer a legitimidade do exercício, ou seja, o permanente respeito pela justiça.

 

RECORDAR “O PRANTO DE MARIA PARDA”
E sobre Portugal? Tabucchi foi um analista arguto da nossa cultura, pondo-nos de sobreaviso relativamente às simplificações e caricaturas. Voltamos à entrevista de Maria João Seixas, que lhe perguntava se seremos essencialmente líricos? Não só, disse, mas também bucólicos, não podemos esquecer a “comoção da alma lusitana” – ou seja, a “saudade”, mas o ensaísta não torna a saudade um estereótipo, seguindo o alerta de Antero de Quental. A lírica, o bucolismo e a dimensão épica têm de ser consideradas no seu conjunto. Contudo, para si a definição da “alma portuguesa” não pode esquecer o lado picaresco. Leia-se a linha que nos leva de Gil Vicente ou de Fernão Mendes Pinto até Dinis Machado de O que diz Molero. Aí está o português trocista, cultor do trocadilho e da anedota. Para escândalo de alguns, citou no “Die Zeit”, em 1997, o Pranto de Maria Parda, de Mestre Gil, onde ela diz “cada traque que eu dou é um suspiro de saudade”. De facto, como ensinou Jorge de Sena, há também uma anti-saudade que faz parte de nós portugueses, “desde as cantigas de escárnio e maldizer, consideradas, intelectual e institucionalmente, como um parente pobre das cantigas de amigo”. José Cardoso Pires concordou plenamente com esse entendimento. “Há nos portugueses um veio pícaro, um escárnio sempre presente, uma maldadezinha, um tom mais baixo, rabelaisiano”. Em Gil Vicente, “o que se escolhe habitualmente são os Autos, os do ‘sublime’. E foge-se das comédias e das farsas, onde há personagens que cheiram mal, andam rotas, sem eira nem beira, como Maria Parda”. Falando do “sublime”, dizia que apenas o tomava homeopaticamente, “porque se pode ter, com muita facilidade, uma indigestão e ficar enjoado do ‘sublime’” – e referia os poetas místicos como detentores da “chave misteriosa” que dá acesso “desenjoado e desenjoativo” aos banquetes do ‘sublime’… O analista da nossa cultura pôde assim compreender a complexidade de um cadinho cultural muito rico e pleno de vias de conceitos impossíveis de conter em meia dúzia de ideias redutoras… Não nos esqueçamos ainda dos alertas que fez relativamente à noção de lusofonia. Escreveu no “Le Monde” um texto emblemático, que intitulou de “Suspeita Lusofonia” (18.3.2000), onde dizia que Portugal, tendo perdido o seu império e as suas colónias, pode encontrar nessa ideia um terreno fértil para “uma invenção metahistórica” que funciona no imaginário coletivo como um sucedâneo do passado. Há, por isso, que contruir uma nova relação de igualdade e de intercâmbio, capaz de considerar o diálogo intercultural como multipolar, heterogéneo e complementar – sem paternalismos nem dependências. Pode pois dizer-se que a atitude de Tabucchi constitui um modo maduro e consistente para afirmar o mundo diverso da língua portuguesa, como um caleidoscópio composto por várias culturas e por uma extraordinária capacidade de recriação e de enriquecimento mútuo.

 

Guilherme d'Oliveira Martins
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