Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

A POESIA EM MIM

  

 

A poesia nasce de um saber desconhecido e, na nossa tradição e nos nossos dias, sob condições de aparente irrealidade linguística, cria, em si mesma, uma realidade que, simultaneamente, é também conhecimento do inicial saber desconhecido.
   Antonio Gamoneda

A realidade da poesia é, e está na minha vida, como está o meu sangue. É algo que sinto como biológico também.

A poesia sempre me causou uma fortíssima emoção e ativou os meus pensamentos de tal modo que, tornou reconhecível o desconhecido, e o incompreendido foi descoberta.

A poesia nunca me surgiu como algo quase milagroso, ela surge-me real demais para o ser e maravilha-me pela existência grande e misteriosa que me propõe. 

A poesia elevou-se em mim, como algo intensíssimo que me fazia e faz sentir acolhida num outro lado, sem a necessidade de o explicar.

A poesia ensinou-me a ler mundo de um modo tão privilegiado que tudo se alterou decisivamente na minha vida: felicidade e dor, mães das cores e das falas. Eis.

É curioso que nunca pedi esclarecimentos à poesia: sempre me bastou sentir que instantaneamente ela e a música se habitavam em cocriação.

A linguagem da poesia – assim a sinto - é externa à linguagem conversacional e ela também não é ficção. Sei que da poesia não se tomba e não o sei dizer de outo modo. O poema vive sem se degradar.

A poesia é expressão com paixão e prazer.

Mesmo muito antes de entender o significado de muitas palavras, senti que algo me surgia que era um dentro da mim, e que, lá, num lugar que eu conhecia e entendia, a experiência surgia nova de cada vez, e isto era poesia para mim. Algo acontecia comigo que eu nunca pretendi definir.

A poesia é não nominada, mas é uma forma de existir.

Da poesia, também faz parte a memória que desconhecia ter e a outra que sabia ter, mas desconheci, durante algum tempo, ter a poesia o poder de ser tão natural quanto a obra de arte.

Quando eu partir, bem creio que antes não tive de forçar nenhum sonho ao contrário.

Deus!, que cedo ou tarde a enxada-poeta quebrou a pedra e intacto, ao lado, o vitral.

Assim.

 

Teresa Bracinha Vieira

CRÓNICA DA CULTURA

  

 

A

Antonio Gamoneda, meu muito privilégio   


VII

 

Me llamo Maria

Quito el carmín

Entonces

La carga de ser,

La imposible costumbre de estar viva

Aparece

 

Sin máscara

Sólo, sólo

La verdad más profunda de mi vínculo

 

Y

 

Quiere salvarme

Quien me da de beber

La cicuta

 

Así

 

VIII

 

Me llamo Maria

Entre todos los caminos a mi alcance

Elegí

Los de la grande vista familiar

De los pájaros

 

Mi profunda lección de humildad

 

Y

 

Y por un momento inmenso

Sigo escribiendo

Mi casa de sed

 

Así


IX

 

Me llamo Maria

Jamás consumí la vida atada

A una cuerda

Soy cazadora del mar

Y las medusas

Juegan conmigo el juego ilícito

De un saber

 

Nadie Imposible

 

Y

 

Te doy las gracias

Piedra

Te empujaré costa encima

Mil veces

 

Así

 

X

 

Me llamo Maria

Intento la llamada

Y un día alguien

Cancelará mi nombre

Quisiera convocarlo para uno último brindis

 

Y

 

Al decir por dentro

Digo amor

Al decir versos

Digo por dentro

Al decir por fin en paz

Tu mirada-mundo

Al decir ostras

 

Escucho su música

 

Así

 

                                      

Teresa Bracinha Vieira

CRÓNICA DA CULTURA

  

 

A

Antonio Gamoneda, meu muito privilégio

 

V

 

Me llamo Maria

Todos nosotros somos

Tropas de asalto de una sola persona,

La historia es el recuento de la discordia

Que no termina nunca

Que sólo avanza a fuego y hierro

Y prospera gracias al conflicto

En la inmovilidad del corazón

En la melancolía

 

Qué rosa definitivamente enferma

 

Y

 

Pues que se guarde silencio

No se interrumpa

El último amor de Don Juan

 

Así

 

VI

 

Me llamo Maria

Me encanta retratarme con las panteras

Y volver del aire

Y abrir las páginas

 

De nuevos poetas

 

Y     

 

Pero tú oyes el grito

Y te desnudas em mis fuentes

La luz debajo de tu piel

Paloma ebria

 

Amé todas las perdidas

 

Así

 

Teresa Bracinha Vieira

CRÓNICA DA CULTURA

  

 

A

Antonio Gamoneda, meu muito privilégio 

 

III

 

Me llamo Maria

Me levanto, saludo

Enciendo las velas,

Me siento al piano

Que responde al nombre de Chopin

Pero

La exactitud de los dedos

No es nada más

Que

 

Obediencia

 

Y

 

Nada fija el instante

Que manda en todo

La flor indefensa

 

Cree que vale la pena

 

Así

 

IV

 

Me llamo Maria

Pregunto:

¿Todo lo que protege es también abismo?

En realidad, no lo sé

Pero todos ganamos nuestro diploma

No hay nadie que no tenga talento innato

Para la herida

 

Y

 

Nadie se salva

Dice el viejo poeta

Gran vitoria

 

De los sin dudas

 

Así

 

Teresa Bracinha Vieira

CRÓNICA DA CULTURA

  


A
Antonio Gamoneda, meu muito privilégio


I


Me llamo Maria

Mi ideal

Duerme como un niño

No obstante, de noche conversamos

En nuestra propria lengua inventada

De verdad

 

Más claridad es imposible

 

Y

 

El mar toma la playa por asalto

La sal coloniza la tierra

De repente el abrazo

De armisticio

 

Así

 

II

 

Me llamo Maria

Leo todo el tiempo

Aquí está el mundo y las parejas

En el aprendizaje de su arte

Primero flexible,

Después

 

Incorpóreo

 

Y

 

Sin embargo

Desde el fondo de la prisión

Náufrago

 

El futuro

 

Así

 

 Teresa Bracinha Vieira