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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICAS PLURICULTURAIS

 

34. TU PODES, ASSIM TU QUEIRAS


O discurso positivo tem por base o pensamento positivo. 

Todos podem superar-se e ser bem-sucedidos.   
Todos os desafios podem ser excedidos.   
Todos os objetivos podem ser suplantados. 
Basta querer, haja vontade, autoestima. 
Convictos, polidos, resolutos, gerindo stresse, “pensamento positivo”. 
Sem ele não se vai a lado nenhum.
Tu podes, assim tu queiras.   
Haja saúde e o resto vem por acréscimo?   
Não, não chega!   
E sorte?     
Também não chega! 
Não basta ter saúde e sorte, uma espécie de demissão fatal perante a vida.     
Há que dizer não à resignação.
E à omnipresença do pensamento positivo.
Nem tudo depende de nós, por mais desejável que seja o querer e o superar metas.
Não somos a medida de todas coisas. 
Não temos uma capacidade ilimitada de resolver todos os conflitos. 
Somos finitos e mortais. 
Podemos modificar, transformar e extinguir situações pessoais em benefício próprio, mas também dependemos de dinâmicas que não dominamos.
Tudo está interligado. 
É desejável e saudável o pensamento positivo, sem alienações ou desvios inadequados, desprovidos de bom senso e irrealistas.
Suceda o que suceder, nem sempre podemos estar sempre em forma, escondendo emoções como a ansiedade, o desalento e a frustração. 
Aconteça o que acontecer, nem sempre há que sobrevalorizar o pensamento positivo,  alheando-nos da doença por cima dos seus conflitos, gerando a culpabilização.
Entre o mais que adequado, desejável, proporcionado e razoável, também tem lugar a saúde, a sorte, a autoestima, a alegria e a tristeza, todas as demais emoções, sem quaisquer alienações.   
E, assim, tu podes! Assim tu queiras!

 

Joaquim Miguel de Morgado Patrício
17.01.2020