CRÓNICAS PLURICULTURAIS
34. TU PODES, ASSIM TU QUEIRAS
O discurso positivo tem por base o pensamento positivo.
Todos podem superar-se e ser bem-sucedidos.
Todos os desafios podem ser excedidos.
Todos os objetivos podem ser suplantados.
Basta querer, haja vontade, autoestima.
Convictos, polidos, resolutos, gerindo stresse, “pensamento positivo”.
Sem ele não se vai a lado nenhum.
Tu podes, assim tu queiras.
Haja saúde e o resto vem por acréscimo?
Não, não chega!
E sorte?
Também não chega!
Não basta ter saúde e sorte, uma espécie de demissão fatal perante a vida.
Há que dizer não à resignação.
E à omnipresença do pensamento positivo.
Nem tudo depende de nós, por mais desejável que seja o querer e o superar metas.
Não somos a medida de todas coisas.
Não temos uma capacidade ilimitada de resolver todos os conflitos.
Somos finitos e mortais.
Podemos modificar, transformar e extinguir situações pessoais em benefício próprio, mas também dependemos de dinâmicas que não dominamos.
Tudo está interligado.
É desejável e saudável o pensamento positivo, sem alienações ou desvios inadequados, desprovidos de bom senso e irrealistas.
Suceda o que suceder, nem sempre podemos estar sempre em forma, escondendo emoções como a ansiedade, o desalento e a frustração.
Aconteça o que acontecer, nem sempre há que sobrevalorizar o pensamento positivo, alheando-nos da doença por cima dos seus conflitos, gerando a culpabilização.
Entre o mais que adequado, desejável, proporcionado e razoável, também tem lugar a saúde, a sorte, a autoestima, a alegria e a tristeza, todas as demais emoções, sem quaisquer alienações.
E, assim, tu podes! Assim tu queiras!
Joaquim Miguel de Morgado Patrício
17.01.2020