Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
são as mulheres que fazem chorar as cebolas como se descascassem a própria vida e, arredondando-se então, descobrissem um corpo, o seu uma vida, a sua e, no entanto, nada que de verdade pudessem seu chamar ou talvez sim, mas só aquela gota de água salpicando um canto do avental onde desponta uma flor de pano colorida que ainda ontem ali não ardia
women are the ones who make the onions weep as if they´ve peeled their own lives and discovered, while becoming rounder, one body, their body one life, their life, and yet this was nothing they could truly call their own or perhaps they could, but merely that drop of water that speckled a corner of their aprons where a colourful cloth flower had budded, a flower that wasn’t burning there just the day before
há colares que são coleiras há mulheres que são cadelas certos homens, cães raivosos os cães propriamente ditos não foram para aqui chamados embora metam o nariz em todo o lado farejando coisas imaginárias e, de resto, não falam, ladram têm com certeza razão
in Vida: Variações, 2008
some necklaces are collars
some necklaces are collars some women are bitches certain men, rabid dogs dogs themselves have no business here though their noses cover the ground sniffing imaginary things and besides they don’t speak, they bark they must be right
já penélope não sou nem ulisses regressa mudo de nome noite a noite ao sabor da saliva dos meus amantes de dia troco lençóis coso bainhas descanso os olhos dantes tecia para enganar a corte que me servia de prisão agora chamo-me eu não tenho estado civil e na cela que me tem cativa tornei-me finalmente livre
I am penelope no more nor does ulysses return my name changes night by night to the taste of my lovers’ tongues in the day I change bed sheets I sew seams I rest my eyes long ago I used to weave to deceive the circle that imprisoned me now my name is I I have no civil rights in the cell that locks me up I became free at last