Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
«Istambul – A História de Três Cidades» de Bettany Hughes (Planeta, 2023) permite-nos compreender como uma cidade que se encontra na fronteira entre o Ocidente e o Oriente pode ajudar-nos a entender a importância do diálogo entre culturas diferentes e complementares.
TRÊS CIDADES APAIXONANTES Bettany Hughes, historiadora e publicista, venceu em 2018 o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, atribuído pela Europa Nostra, representada em Portugal pelo Centro Nacional de Cultura. O prémio foi-lhe atribuído pelo trabalho que tem realizado em livros e documentários televisivos na defesa e divulgação do Património Cultural europeu e universal. Estava-se no ano europeu dedicado ao tema e a sua atribuição correspondeu à exigência de pôr a tónica na noção abrangente de Património, não como realidade do passado, mas como realidade viva, envolvendo a herança recebida das gerações anteriores, incluindo a criação contemporânea – numa ligação íntima entre património material e imaterial, monumentos e tradições, natureza e paisagem, arte e ciência, considerando a História como realidade de que somos todos protagonistas. Daí a importância do património comum da humanidade, enquanto fator de paz e desenvolvimento, como salienta a Convenção de Faro, do Conselho da Europa sobre o valor do Património Cultural na sociedade contemporânea. O livro de Bettany Hughes de que falamos (Istambul, A História de Três Cidades, Crítica - Planeta, 2023) data originalmente de 2017 e constitui um notável testemunho sobre a importância de uma urbe de referência, que envolve a história de três cidades, num ponto de encontro único entre o Oriente e o Ocidente. Se nos reportamos ao Mediterrâneo mítico, quando avistamos o Bósforo da cidade de Istambul, lembramo-nos da deslumbrante paisagem do estuário do Tejo, e percebemos que as duas cidades se relacionam numa relação mimética. Não espanta, por isso, que muitos testemunhos recordem como Calouste Gulbenkian, quando vivia em Lisboa, no alto do Monsanto, recordava embevecido, em tardes amenas, a sua terra natal, olhando o estuário do Tejo. Por isso, muitas gravuras de Constantinopla assemelham-na a Lisboa e os clássicos, ao elegerem Ulisses como mítico fundador da cidade, fizeram-no, por certo, a pensar nessa íntima ligação mediterrânica.
UMA HISTÓRIA INESGOTÁVEL. - Bizâncio, Constantinopla e Istambul são pontos de ligação entre o Oriente e o Ocidente, o Norte e o Sul. Durante os seus mais de oito mil anos de história, estamos perante uma capital de Impérios, o romano, o bizantino e o otomano, onde se estabeleceram fenícios genoveses, venezianos, judeus e vikings. Há um movimento permanente de gente, de comércio, de transportes, de negócios – que constitui uma importante Economia-Mundo que nos leva a compreender a importância da cidade, para além das mil vicissitudes que acompanham a sua história. Quando lemos o retrato de Orhan Pamuk da sua cidade compreendemos bem que qualquer simplificação impede a compreensão das virtualidades desse encontro de culturas e de vontades. Centremo-nos em Santa Sofia – Haghia Sophia. Para Bettany Hughes tudo na cidade se desenrola e desenvolve em torno deste verdadeiro símbolo da humanidade. É um modelo de arte e de audácia. A cúpula dourada apresenta-se como suspensa no ar, representando a gravidade, a graça e a transcendência, servidas por uma construção exemplar que recorre a uma grande heterogeneidade das matérias-primas – tijolos de Rodes, pinturas, mosaicos, pilares, arquitraves, tetos revestidos a prata, mármore vindo de todo o império bizantino. Imagens poderosas representam uma espiritualidade pujante e serena. As memórias de Teodora e Justiniano (século VI) estão bem evidenciadas neste que foi durante cerca de mil anos o maior templo cristão da humanidade. E o fascínio da cidade corresponde à evidente complementaridade entre as diferentes fases históricas que a caracterizaram. Os vestígios bizantinos estão bem presentes no centro histórico, designadamente nas muralhas internas e externas construídas por Teodósio, avultando os complexos sistemas de cisternas subterrâneas para captação e fornecimento de águas. A magnífica Porta Dourada era o terminal da Estrada Romana, e quando hoje visitamos as ruas comerciais do centro histórico, na Sultanahmet, quase não nos apercebermos de que no dédalo complicado de vielas, pisamos o que foi outrora a via usada pelos Imperadores bizantinos nos grandes cerimoniais.
SETE COLINAS – COMO ROMA E LISBOA. - A cidade é antiga, plena de recantos e segredos, a que não faltam as Sete Colinas, que unem nas suas raízes a antiga Roma à cidade de Constantino e até a Lisboa. Quando percorremos um compêndio de História sobre a cidade, encontramos mil relatos de batalhas e combates. Não é estranho imaginá-lo, já que hoje mesmo estamos paredes meias com o tremendo conflito ucraniano e a evocação renascida da Guerra da Crimeia. O Bósforo é a fronteira da Europa e da Ásia, mas apenas foi aberto como o conhecemos 5500 anos antes da nossa Era. Foi o resultado de um gigantesco e dramático movimento de águas, que elevou o nível do Mar em cerca de 70 metros… E o certo é que o Bósforo hoje ainda esconde um curso de águas doces. Contudo esta ligação do Mar Negro ao Mediterrâneo encerra um potencial de espanto, de riqueza e de risco para a cidade, já que se permite o acesso da Rússia aos mares quentes do Sul e garante à Turquia a influência no Levante Mediterrânico.
Quando Constantino escolheu Bizâncio para sua capital ponderou seriamente as vantagens nas rotas do Oriente, preferindo a cidade do Bósforo à hipótese mítica de regresso ao que teria sido a antiga cidade de Tróia, onde quer que a mesma se tivesse situado verdadeiramente. Em 28 de outubro de 312 a vitória de Constantino sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvia abriria caminho a um período novo da história romana. Pouco antes da batalha teria mandado que pintassem nos escudos dos soldados uma cruz, tendo ainda avistado nos céus o milagroso lema “In Hoc Signo Vinces” (também invocado pelo nosso D. Afonso Henriques na mítica batalha de Ourique). Constantinopla seria capital do Império Romano de 330 a 395 e depois do Império Romano do Oriente (395-1204 e 1261-1453) e ainda do Império Latino (1204-1261). Mas foram os efeitos dramáticos da Quarta Cruzada que deixaram uma onda irreversível de destruição em Constantinopla, de que a cidade nunca recuperaria, sobretudo em razão de uma governação frágil e caótica no período do chamado Império Latino. O Império Bizantino seria reduzido à cidade, que se tornou um enclave dentro do Império Otomano, até que o sultão Maomé II tomou Bizâncio após um cerco de cerca de um mês em 1453, tornando-se a cidade capital otomana, em lugar da antiga Adrianópolis (Edirne). E foi o acontecimento de 1204 que contribuiu decisivamente para a destruição de Bizâncio e do Império Romano do Oriente. Bettany Hughes não tem dúvidas, porém, sobre o facto de Istambul ser ainda a capital não oficial da Turquia – “com muita da energia e vibração cosmopolita de que desfrutou ao longo da História”. Eis como o património cultural vivo marca o tempo.
Quando lemos “Istanbul – A Tale of Three Cities” de Bettany Hughes (Weidenfeld & Nicolson, 2017) compreendemos como a encruzilhada da História nos permite entender a incerteza e a mudança, a complexidade e as diferenças.
PATRIMÓNIO CULTURAL, REALIDADE VIVA No Ano Europeu do Património Cultural, a atribuição do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, constitui um momento especial pela sua entrega a Bettany Hughes, de nacionalidade inglesa, historiadora, autora consagrada e responsável por programas de televisão e de rádio de extraordinária qualidade. Depois de Claudio Magris, Ohran Pamuk, Jordi Savall, Plantu, Eduardo Lourenço e Wim Wenders, o júri deliberou por unanimidade e em coerência com o espírito do Prémio, atribuir o galardão de 2018 a uma mulher que tem, ao longo da sua vida e obra, cultivado a memória histórica como fator de compreensão, de conhecimento e de salvaguarda da diversidade e do respeito mútuo. Entender a heterogeneidade das raízes e das culturas é perceber melhor quem somos, de onde vimos e como nos devemos relacionar com os outros. Helena Vaz da Silva é um exemplo bem presente quando falamos do património e da memória como realidades vivas. Foi notável a sua contribuição não só para o respeito do património cultural, mas também para a defesa dos ideais universalistas do humanismo e da cidadania ativa. O património cultural é uma realidade dinâmica e multifacetada – que abrange o que recebemos das gerações que nos antecederam, mas também a semente da contemporaneidade, de modo a criar valor através do incessante movimento da criatividade humana. Como afirma a Convenção de Faro do Conselho da Europa assinada em Portugal em 2005: “O património cultural constitui um conjunto de recursos herdados do passado que as pessoas identificam, independentemente do regime de propriedade dos bens, como um reflexo e expressão dos seus valores, crenças, saberes e tradições em permanente evolução inclui todos os aspetos do meio ambiente resultantes da interação entre as pessoas e os lugares através do tempo”. É esse valor que desejamos proteger.
UM PRÉMIO PARA O FUTURO Instituído pelo Centro Nacional de Cultura em 2013 em cooperação com a Europa Nostra, a principal organização europeia de defesa do património, que o CNC representa em Portugal, e o Clube Português de Imprensa, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva distingue contribuições excecionais para a proteção e divulgação do património cultural e dos ideais europeus. Num tempo em que há nuvens negras no horizonte no tocante a uma perspetiva humanista de cooperação humana e social – numa ameaçadora articulação dos riscos das mudanças climáticas, da saúde, da segurança alimentar, de proteção do planeta e dos perigos inerentes à ciber-segurança – torna-se necessário encontrar respostas capazes de articular a coesão social, a sustentabilidade humana e as novas dimensões do conhecimento. Os quatro cavalos que constituem o símbolo da Fundação Calouste Gulbenkian representam os domínios centrais da ação numa sociedade que se deseja mais humana – falamos da arte, da educação, da ciência e da filantropia. Só pela ligação desses meios poderemos garantir que a informação se torna conhecimento e o conhecimento sabedoria, e que as tecnologias se possam tornar instrumentos úteis e emancipadores ao serviço da pessoa humana. Eis por que razão a valorização do Património Cultural pode constituir-se em fator de dignificação humana. Bettany Hughes é uma reconhecida historiadora que dedicou os últimos vinte cinco anos à comunicação do passado. Mas não se trata de uma visão retrospetiva centrada num tempo pretérito, mas sim de uma leitura dinâmica das raízes, da História, do tempo, das culturas, dos encontros e desencontros, numa palavra: da complexidade. A especialidade da História e da Cultura da Antiguidade e da Idade Média da nossa premiada permite-nos perceber melhor os acontecimentos como desafios permanentes para compreender o que permanece e o que muda, o que une e o que diferencia, o que articula e o que complementa.
UM PERCURSO NOTÁVEL Bettany Hughes tem um percurso notável que abrange as Universidades de Oxford, Cambridge, Cornell, Bristol, Maastricht, Utrecht ou Manchester. Devemos ainda recordar a tutoria no Institute of Continuing Education de Cambridge e a investigação no King’s College de Londres bem como a participação no New College of the Humanities. Quando percorremos as suas obras sentimos a noção viva de memória, como em “Helena de Tróia” (2005), mas também em “The Hemlock Cup: Socrates, Athens and the Search for the Good Life (2010), finalista do Writers Guild Award. Permito-me referir os mais de 50 programas de rádio e televisão que produziu e realizou para entidades diferentes como o BBC, Channel 4, Discovery, ou National Geographic. Falamos de programas vistos por mais de 250 milhões de telespectadores em todo o mundo. E é a pedagogia do património cultural que permite compreendermos melhor a cultura, a paideia ou a humanitas, de que falava Cícero. Assim, a História e as Humanidades têm permitido a Bettany Hughes realizar uma verdadeira pedagogia de cidadania e de humanidade, sobretudo no que diz respeito à defesa dos direitos de todos, e em especial das mulheres e à salvaguarda das diferenças e do respeito mútuo. Bizâncio, Constantinopla, Istambul são três referências que nos levam ao estabelecimento de necessárias pontes entre o Oriente e o Ocidente, entre o Imperio Romano do Oriente e os Impérios Orientais. Se Istambul é mais do que uma cidade, mas uma história, indispensável se torna conhecer e compreender essa realidade com ao menos seis mil anos. Trata-se de uma mosaico fantástico de fenícios, genoveses, venezianos, judeus, vikings… E ao invocar este caleidoscópio mágico vem à memória o testemunho de Calouste Gulbenkian, que, em Lisboa, nos últimos anos de vida pedia para usufruir da paisagem da cidade sobre o rio Tejo, uma vez que considerava ser a paisagem que mais se assemelhava à de Istambul de sua infância. Também Ohran Pamuk disse que entre Lisboa e a antiga Constantinopla havia semelhanças extraordinárias. E quanto às raízes históricas, aqui estiveram os fenícios que criaram a cidade, aqui chegaram os celtas desde a Capadócia até à Finisterra peninsular, aqui passaram os vikings e os marinheiros do Mar Norte, resultando a caravela da confluência das experiências do Atlântico e do Mediterrâneo e a navegação pelos astros graças ao astrolábio dos saberes vindos da Ásia trazidos pelas culturas de judeus e árabes. Quantas cidades encontramos no património cultural comum que nos deve mobilizar? Quantas culturas? Quantas pessoas? Bettany Hughes tem-nos ensinado a conhecê-lo, a defendê-lo e a amá-lo!
Guilherme d'Oliveira Martins
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A atribuição do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva a Bettany Hughes leva-nos a lembrar uma das suas obras marcantes, «Helen of Troy» (Jonathan Cape, London, 2005; com tradução portuguesa, Alêtheia, 2008), que nos permite tomar contacto com as maiores qualidades desta historiadora que se tem afirmado na investigação e divulgação histórica e na defesa do conhecimento das raízes como base do património cultural como realidade viva.
PATRIMÓNIO REALIDADE VIVA
Para além do Património construído, importa valorizar a componente espiritual e humana, que nos permite assumir uma atitude humanista, assente na cultura como criação. A herança e a memória preservam-se estudando, cultivando, refletindo sobre a humanidade. Só assim compreenderemos como o tempo é fundamental na consolidação das instituições e de uma sociedade aberta. Referindo-nos à perspetiva de Bettany Hughes que parte de um exemplo concreto para nos relacionar com o Património Humano, Helena de Tróia faz parte da antiga mitologia grega. Filha de Zeus e de Leda, possuía a fama de ser a mulher mais bela do mundo. Diz a lenda que Teseu a chegou a raptar, mas ela foi libertada por Castor e Polux, seus irmãos. A conselho de Ulisses, o rei de Ítaca, veio a casar com Menelau, rei de Esparta, não sem que continuasse cobiçada por muitos pretendentes. Até que, numa viagem a Esparta, Páris, filho do rei Príamo, raptou Helena e levou-a para Tróia. Menelau, Agamemnon, rei de Micenas, e os seus aliados gregos, empreendem então uma poderosa ofensiva contra Tróia, com cerca de mil navios e a presença, segundo a lenda, dos mais valorosos guerreiros e estrategas de que se poderia dispor, no sentido de recuperar Helena, cuja defesa tinham jurado. Assim se dá início à longa guerra descrita em «A Ilíada» de Homero que durará, segundo a tradição, dez anos. Para a moderna historiografia essa memória relaciona-se com a expansão dos micénios para a Ásia Menor, região dominada pela presença dos hititas. Além de Homero, também Hesíodo e outros atores da cultura grega ocuparam-se de Helena de Tróia, como símbolo fundamental da cultura grega mais antiga – articulando os mitos sagrado, político e humano. Através da combinação de vestígios físicos, históricos e culturais que esta princesa da Idade do Bronze recente (1600-1050 a.C.) deixou na Grécia, no Norte de África e na Ásia menor, B.Hughes procura revelar, de modo brilhante, os factos e os mitos que rodeiam uma das figuras mais enigmáticas e famosas da história das civilizações mediterrânicas. A autora acredita que o mito de Helena tem como base uma personalidade que existiu de facto, assentando a sua identidade em três pilares, que correspondem a três arquétipos, que se anunciam no próprio título da obra: princesa, deusa e prostituta. Notam-se, assim, a legitimidade política, a maternidade sagrada e a fecundidade. Partindo da ideia de que Helena é uma personalidade que existiu, a escritora localiza o seu nascimento no Peloponeso, referindo que a efabulação mitológica decorre da cultura do Mundo Antigo, perante o evidente poder carismático da princesa. O tema do rapto traduz, por isso, um sintoma de uma forte e inequívoca ligação à tradição do politeísmo grego – sendo Helena considerada filha de Zeus e imortal. O mito torna-se, pois, compreensível pelo carácter excecional da figura. Deste modo, a obra revela as qualidades fundamentais da autora – estudiosa e divulgadora da cultura clássica, para se compreender melhor a importância das raízes históricas e o significado complexo e dinâmico do património cultural.
COMO DEFENDER O PATRIMÓNIO? A melhor maneira de não deixar ao abandono o património é o seu conhecimento e o seu estudo. E, sem prejuízo, de poder haver dúvidas historiográficas sobre as pistas lançadas e as conclusões assumidas pela historiadora, a verdade é que, partindo de um período tão complexo e difícil, pleno de incertezas, desde a própria existência da guerra de Tróia até à complexidade das figuras míticas, estamos perante a consideração dos elementos conhecidos e disponíveis que constroem uma narrativa coerente, e pedagogicamente consistente, sobre as origens da Grécia Antiga. Os claros e escuros não impedem a procura de uma chave de leitura que permita associar os mitos e as realidades históricas, sendo que não podemos dispor de testemunhos seguros que façam luz sobre as naturais dúvidas que existem e a própria autora assume. Não há certezas, mas propostas com verosimilhança para responder à pergunta: quem foi Helena de Tróia como figura com existência e personalidade próprias. B. Hughes é ainda autora de «The Hemlock Cup: Socrates, Athens and the Search for the Good Life» (Uma Taça de Cicuta: Sócrates e a procura da Vida Boa) (2010), que fez parte da lista de bestsellers do The New York Times e foi finalista dos prémios da associação norte-americana de escritores. Em 2017 publicou, também com assinalável êxito, «Istambul: A Tale of Three Cities» (Istambul, Um Conto de Três Cidades), onde faz uma apaixonante viagem por Bizâncio, Constantinopla e Istambul e pelas suas três culturas, enfatizando o diálogo entre o Ocidente e o Oriente, em oito mil anos de História – desde o Neolítico e Antiguidade até hoje.
A HISTÓRIA CIÊNCIA DO FUTURO Encontramos a noção de Património Cultural, como realidade humana, em toda a pujança – como fator de relacionamento e compreensão da complexidade e da diversidade. A historiadora é uma referência na comunicação respeitante à História antiga e medieval – com mais de 50 programas, em canais de rádio e televisão, como a BBC, ITV, Channel 4, Discovery, Canal História, National Geographic, além do sistema de televisão pública dos Estados Unidos, PBS. Bettany Hughes formou-se na Universidade de Oxford (St. Hilda College), especializou-se na Antiguidade e Idade Média, tendo sido investigadora no King’s College de Londres com tutoria no Institut of Continuing Education da Universidade de Cambridge – sendo convidada pelas principais instituições de ensino superior inglesas e norte-americanas para proferir conferências. A lista de temas que tem abordado é impressionante. A título de exemplo referimos: os egípcios, a verdadeira face de Nefertiti, o mistério de Tutankamon, engenharia no antigo Egipto, a história bíblica, a democracia ateniense, os espartanos, a ilha do Minotauro, a invasão romana da Grã-Bretanha, as origens do cristianismo, Alexandria, as maravilhas do mundo budista, o fim de Pompeia, até às figuras de Sócrates, Buda e Confúcio, bem como de Marx, Nietzsche e Freud… Estamos diante da consideração do Património Humano que nos permite compreender a importância do Património Cultural como realidade viva.
Guilherme d'Oliveira Martins
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