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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

POESIA

II

BICICLETA 


Hoje espreitei o barracão, sim, abri a porta e a um canto está a velha bicicleta

e de repente é como se, sim, como dizer

como se uma voz me dissesse,

observa a bicicleta e nota como ela ainda anuncia todo o uso que se lhe deu e ela naquela quietude, leve, tão leve

As coisas são mesmo assim, julgo, as pessoas partem e as coisas ficam que até parece impossível que está tudo no mesmo lugar

que tudo é de certo modo o que é e ao mesmo tempo diferente

mas não posso ficar aqui parada

há muitas bicicletas amarradas a um alçapão e há que as libertar uma vez que o tempo do mundo urge e seguro na minha bicicleta e já decidi que corto naquela rua do medo em direção às realidades que só se fixam ao chão, e é o que são na verdade, rasteiras

e continuo a pedalar cada vez com mais força e graças a isso subo estrada acima, subo, subo até ao topo, próximo tão próximo dos inícios que por esta altura as gentes já saíram para trabalhar, portanto provavelmente o melhor será carregar as horas de bicicletas como esta que pedalo

e os homens irão recordar-se do âmago

e vão regressar a casa pela sua própria página


Teresa Bracinha Vieira