LONDON LETTERS
The Great Game is back, 2018
Admirável solidariedade ocidental para com Salisbury. Quer pela coordenação, quer pela extensão, quer pelo efeito surpresa, a expulsão simultânea de 136 diplomatas russos hoje ocorrida em 22 países entra na antologia das relações West-East.
É um resultado direto dos desempenhos da Prime Minister Theresa May no último European Council e do Foreign Office junto dos aliados, bem como da Trump card em Washington. À ilharga do êxito, o pré acordo EU-UK passa incólume em Brussels e na House of Commons. A indústria pesqueira protesta no Thames. — Chérie! Abondance de biens ne nuit pas. Manifestação contra o anti semitismo no Labour Paty. O líder RH Jeremy Corbyn apresenta desculpas à comunidade judaica enquanto despede Mr Owen Smith MP do Shadow Cabinet, após o adversário na corrida pelo bastão clamar por segundo euroreferendo. — Umm. Tell me who you go along with and I’ll tell you who you are. Uma sondagem da LBC aponta que, na opcional, os Brits preferem sair da Other Union a manter Northern Ireland no United Kingdom. Frescas imputações recaem sobre o overspendnig dos Brexiters. A gaulesa Gemalto ganha o contrato para produzir os novos passaportes britânicos. O terrorismo islamita mata em Trèbes (France). Um mandato de Madrid detém o ex presidente da Catalonia em Germany, incorrendo Signor Carles Puigdemont em pena de 25 anos por sedição. Nuvem arenosa do Sahara cai sobre Greece. Malaysia promulga a primeira “fake news law.”
Springtime at Central London, with sunny, dry and enjoyable weather. Dias interessantes também, por aqui e pelas redondezas! Observe-se Westminster. A praça e as suas estátuas assistem hoje a episódio da esfera do extraordinário. Por regra e costume, por aqui circulam as manifestações contra o Her Majesty’s Government desde tempos vindouros. Hoje, porém, ali se protesta contra The Most Loyal Opposition por iniciativa do Jewish Leadership Council. Os rabis apontam o dedo o Honourable Gentleman Jeremy B Corbyn como "figurehead of an anti-Semitic political culture." Nem as desculpas de última hora do líder trabalhista poupam o insólito de escutar um Lab MP após outro Lab MP, representativos dos círculos judaicos, a lamentar o atual naufrágio partidário. Os laços rasgam-se desde que Rt Hon Jezza compara Israel ao Isis, numa série de incidentes que culmina no apoio a um mural em East London que parece saído de goebbelsian imagination sobre o estereotipo da zionist world conspiration. O MP de Islington North declara-se "sincerely sorry for the pain which has been caused" e reconhece agora a existência de "pockets of anti-Semitism" no Labour Party. Para os seus apoiantes, porém, o pranto hebreu nada é senão a smear campaign em véspera das eleições locais ou antes manobra de diversão perante críticas à banca capitalista e aos colonatos de Telaviv em solo palestiano. As justificações da política semitíca de Herr Hitler, a negação do Holocaust e ensaios afins ficam fora da tela esquerdista amante do Hamas&co.
Dentro das Houses of Parliament vivem-se cenas igualmente memoráveis numa tarde balizada por esperados statements da Tory Prime Minister relativos ao European Council e à National Security, mas sobretudo marcada com as mensagens laudatórias a Mrs May após a sucessão de anúncios do desmantelamento de boa parcela da rede russa de espionagem às mãos das democracias ocidentais, de Germany, Spain e Latvia ao Canada, Australia e Iceland. Os sorrisos largos dos conservadores patenteiam a atmosfera. A abrir o debate sobre a eurocimeira, acelerando a agenda, o Lab Leader esbate anterior (e solitário) desalinhamento com Downing Street na resposta ao ataque químico em Salisbury: “On Russia, I welcome the international consensus that the Prime Minister has built; as I said two weeks ago, the most powerful response we can make is multilateral action. So I would like to place on record our thanks to the EU and other states for their co-operation with us.” RH Red Corbyn passa depois pelas queixas dos pescadores sacrificados na fase da implementação da Brexit e move a atenção para as tarifas aduaneiras que a Trump Administration prepara sobre as importações americanas de aço e alumínio. A boa disposição alarga-se já aos backbenchers nos dois lados da Commons Chamber, com a primeira linha trabalhista a denotar a baixa de RH Owen Smith, O próprio Shadow Northern Ireland Secretary apregoa autor e porquê da expulsão: "Just been sacked by @jeremycorbyn for my long held views on the damage #Brexit will do to the Good Friday Agreement & the economy of the entire U.K.”
Mas como explicar os mega acontecimentos do dia? Terá sido dos hamburguers em Washington, do champagne em Moscow, do baijiu em Beijing ou das artichokes que acompanham os pan-fried scalops em Brussels? Quem recordar a gélida forma com que a senhora é recebida no seu primeiro European Leaders Summit, após o Brexit vote no reino, terá de tirar-lhe o chapéu pelas artes de persuasão no concerto internacional. Quatro horas de uma dinner conversation em Brussels, e muitas mais ao telefone com chancelarias à volta do globo, bastam para unificar posições face à agressão do Kremlin por terras de Wiltshire, a par, é certo, da monitorização que os pares vão fazendo do tweet do President DJ Trump no tocante ao aço alfandegário – com London a negociar “a EU temporary exemption into a permanent exemption.” O mais fica nos anais da Cold War 2.0. e nos danos aduaneiros à economia chinesa. O No. 10 reagira ao Salisbury Incident reenviando “23 undeclared intelligence Officers” para Moscow. Segue-se hoje acordada, sequenciada e idêntica medida pelos aliados. Assim: Os USA expulsam 60 diplomatas russos, com fecho do crítico consulado de Seattle; Ukraine, 13; Canada, 4; France, 4; Germany, 4; Poland, 4; Lithuania, 3; Czeck Republic, 3; Italy, 2; Netherlands, 2, Spain, 2; Denmark, 2; Albania, 2; Australia, 2; Iceland, 2; Finland, 1; Latvia, 1; Estonia, 1: Romania, 1; Croatia, 1; Sweden, 1; Norway, 1. O rol das alianças continuará em crescendo. Os 18 países inicialmente mapeados pelo Foreign Office sobem já para 22, 15 dos quais são parceiros continentais. Outros 12 ponderam o que fazer: Austria, Belgium, Bulgaria, Cyprus, Greece, Hungary, Ireland, Luxembourg, Malta, Portugal, Slovakia e Slovenia. A geografia política importa.
Meanwhile, o número um da European Commission desafina estrondosamente da orquestra global com o envio de calorosas saudações ao neo Tsar pela vitória eleitoral e mais seis anos no Kremlin. A carta de Brussels para Mr Vlad Putin merece registo pelo muito que também evidencia quanto às controversial unchartered waters da Brexit e à hostilidade da máquina administrativa no Ares. Endereçada ao “Excellency, Mr President” e assinada com um “Yours sincerely”, datada de 20th March 2018, Monsieur Jean-Claude Juncker escreve mais do que o protocolo eurocrata recomenda: “I wish to convey my congratulations on your re-election as President of the Russian Federation. / I have always argued that positive relations between the European Union and the Russian Federation are crucial to the security of our continent. Our common objective should be to re-establish a pan-European security order. I hope that you will use your fourth term in office to pursue this goal. I will always be a partner in this endeavour. / I wish you every success in carrying out your high responsibilities." Alguém andará a ler pela partitura errada. Quem? — Well. Remember how Master Will echoes the orb complains of the servant Dromio about the treatment by his masters in The Comedy of Errors: — “Am I so round with you as you with me, / That like a football you do spurn me thus? / You spurn me hence, and he will spurn me hither. / If I last in this service, you must case me in leather."
St James, 26th March 2018
Very sincerely yours,
V.