Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
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Nos cem anos da publicação da “Clepsidra” de Camilo Pessanha (1867-1926) votamos a recordá-lo no confronto que teve com Camões, de admiração, respeito e elogio supremos da cultura universal da língua portuguesa.
UM GÉNIO NA DISTÂNCIA
Camilo Pessanha, na célebre invocação de Camões na gruta de Macau, no dia 10 de junho de 1924, começa por lembrar a tradição de que o épico esteve em Macau e aí escreveu a sua obra-prima. “Tem-se debatido desde há anos a questão de se Camões residiu ou não em Macau, se esteve ou não preso no tronco da cidade, se aqui desempenhou ou pôde ter desempenhado as apagadas funções de provedor dos defuntos e ausentes. A polémica há de certo renascer mais animada algum dia; e provável é que o problema venha a decidir-se finalmente pela negativa”. É normal que se contestem as tradições – como se de plantas vivas se tratasse, constituindo o sentimento popular a seiva que as mantém. A tradição é, assim, um símbolo vivo e por isso a sua conferência não punha em causa a verdade dos factos sobre Camões, mas enaltecia a grandeza da figura recordada, adequando quanto se dizia à importância dessa memória. Para Camilo Pessanha não estava em causa a grandeza da figura de Camões e da sua obra, mas sim o relacionamento de uma tradição significativa com a realidade de Macau. E o poeta usa dois argumentos: o território de Macau é o mais remoto a que chegaram e se estabeleceram os portugueses. O longínquo território onde se fala português tem a ver com a essência do poema camoniano – que canta a epopeia marítima do povo – enquanto a inspiração poética é o melhor modo de interpretar o mais fundo de um sentimento cultural e étnico. E a inspiração é emotividade modulada pela educação. O que faz a inspiração para Pessanha é a experiência coletiva sedimentada num espaço e enquadramento natural, que corresponde à metáfora do mundo vegetal e da seiva que se perpetua. E assim o texto assume uma imagem, que nos conduz ao húmus da terra natal. A natureza relevante para a poesia tem a ver, assim, com a forma de vida bucólica.
REMINISCÊNCIA DO TORRÃO NATAL
Se toda a poesia se alimenta da vivência natural das origens de cada um, a inspiração poética portuguesa vincula-se à reminiscência do torrão natal. E em Macau “fácil é a imaginação exaltada pela nostalgia, em alguma nesga de pinhal menos frequentada pela população chinesa, abstrair da visão dos prédios chineses, dos pagodes chineses, das sepulturas chinesas, das misteriosas inscrições chinesas (…), das águas amarelas do rio e da rada, onde deslizam as lentas embarcações chinesas de forma extravagante (…), e criar-se, em certas épocas do ano e a certas horas do dia, a ilusão da terra portuguesa”. E aqui encontraríamos uma primeira razão para a inspiração de Camões neste lugar distante, sentindo-o como fonte de inspiração poética portuguesa. Mesmo em condições difíceis de um exílio da pátria, Camões pôde manter viva, em si, a pátria distante, mantendo ativa a sua inspiração. E assim, o génio de Camões teria tido “pujança bastante para triunfar dos meios mais adversos, para resistir aos mais implacáveis fatores de perversão e de atrofia”. E Pessanha encontra em Camões o símbolo da energia da nação no seu apogeu. E daí a necessidade de colocar a questão da continuidade. E o afastamento da origem ameaça a permanência da inspiração poética. Comparando o passado e o presente, o poeta é levado a invocar as distâncias, entre o zénite e o ocaso. E sente-se pigmeu, se comparado com a geração do épico. Não havia nesse seu tempo decadente uma geração pródiga de energias e por isso o poeta talvez não fosse capaz de prover-se de uma suficiente reserva de lembranças e memórias que lhe permitissem manter a vitalidade criadora quando afastado do ambiente das origens portuguesas, ao contrário de Camões… Trinta anos antes desta incursão literária que, por ser rara e significativa, tem sido muito analisada, há uma carta para Alberto Osório de Castro, de 30 de abril de 1894, na qual fala da passagem do tempo e da deslocação para longe da sua terra-natal. Camilo Pessanha está deslumbrado com a diversidade do Oriente, mas não esconde o desafio da adaptação às novas circunstâncias. “Ai, meu pobre amigo, eu bem sei o quanto aí terá sofrido. Havemos de morrer assim: o Alberto Osório por uma espécie de cobiça, eu por uma espécie de avareza”. E essa avareza, como metáfora, corresponde à exigência de não perder o efeito vegetal da seiva fecunda trazida da terra-natal e de lutar contra os efeitos do afastamento – o que no caso de «Os Lusíadas» o poeta considera ser marca da genialidade camoniana o facto de manter a permanência da inspiração poética.
UMA GRUTA REFERENCIAL
“É a gruta de Camões, com o seu cenário irremediavelmente mesquinho – mas suscetível, apesar disso, de correção em muitos dos seus defeitos -, esse lugar sobre todos prestigioso, dedicado ao culto de Camões, que é também o culto da pátria. Culto e prestígio que não podem extinguir-se enquanto houver portugueses, e enquanto não se extinguem, há de ser verdade intuitiva, superior a todas as investigações históricas, que o maior génio da raça lusitana sofreu, amou, meditou, em Macau, aqui tendo composto, em grande parte, o seu poema imortal, e que o local predileto aos seus devaneios do seu espírito solitário era essa colina, então erma, sobre o porto interior, junto das penhas com aparência de dólmen em cujo vão foi colocado há anos o seu busto, de proporções reduzidas, fundido nem bronze”. Em suma, mais importante do que a demonstração história da presença efetiva do poeta em Macau, o que importa é que o épico esteja presente naquele território – como referência, como verosimilhança e como marca da permanência da língua portuguesa no mundo… Como ficou claro há uns anos quando em nome do CNC, com Fernando Pinto do Amaral, homenageamos Camões na gruta: Camilo Pessanha disse, que Camões está ali mesmo por direito próprio, de uma vez para sempre, porque ali estão o seu espírito, o seu talento e a sua influência.
No centenário da publicação de “Clepsidra” de Camilo Pessanha (1867-1926), temos de recordar a história misteriosa de uma das obras mais importantes da literatura portuguesa do último século. Fernando Pessoa reconheceu-o. Não é possível, de facto, entender a rica placa giratória que constituiu “Orpheu” sem considerarmos a influência deste poeta.
UMA INICIATIVA DE RECONHECIMENTO A história de “Clepsidra” é de talento e de amor, de estoicismo e de inteligência. Sem a iniciativa de Ana de Castro Osório não teríamos essa obra-prima das letras portuguesas. Passaria despercebida ou esquecida, como os poemas de Cesário Verde, sem a intervenção de Silva Pinto… A história é mais do que comovente, como tantas vezes mo tem lembrado o meu querido amigo António Osório. E quando celebramos os cem anos, é bom que ao ouvirmos o poeta nos lembremos de um amor, que apesar de impossível, não impediu a generosa iniciativa que tornou grande um poeta grande. “A sete chaves – a carta encantada! / E um lenço bordado… Esse hei de o levar / Que é para molhar na água salgada / No dia em que enfim deixar de chorar”… O livro “O Amor de Camilo Pessanha” de António Osório (Elo, 2005) conta, aliás, como tudo se passou, revelando as cartas de amor que Ana não destruiu. Arnaldo Saraiva afirmou que se Camilo Pessanha fosse de um outro país, certamente que abundariam traduções e estudos sobre a sua obra. No entanto, estamos longe do justo reconhecimento, apesar da opinião de Fernando Pessoa, que constitui uma importante referência. Tudo começa pela paixão de Pessanha por Ana de Castro Osório, a que esta não correspondeu. Pessanha era amigo íntimo do seu colega de curso em Direito Alberto Osório de Castro, irmão de Ana, com quem passava férias em Mangualde em casa do Pai, João Baptista de Castro, que tratava por “primo”. Ana não podia, porém, corresponder ao amor de Camilo Pessanha, por namorar o jornalista e político republicano Paulino de Oliveira, com quem casará em 1898, cinco anos depois da tentativa. A jovem exprime, porém, o desejo «de que Camilo lhe perdoe o desgosto que lhe causa e que seja seu amigo…». E se é certo que autoriza Camilo a destruir a sua carta, tal não acontece, prevalecendo uma «atitude de estoica nobreza». Camilo “restitui” a carta de Ana, e esta guarda essa correspondência, que virá a ser revelada pelo poeta António Osório. Anos depois, em fins de 1915, reata-se o convívio entre Ana e Camilo – que “jantava e seroava em nossa casa invariavelmente duas vezes por semana”, segundo o testemunho de João de Castro Osório, filho de Ana. E é este que se vai encarregar da recolha da poesia: «Comoveu-o ver que um rapaz de dezassete anos lhe pedia para repetir os seus versos de modo a poder escrevê-los, e que, ao fim da noite, lhe mostrava dois ou três dos seus Poemas para ele emendar qualquer erro de interpretação. Prometeu então Camilo Pessanha escrever em cada noite dos nossos serões de família um ou dois dos seus Poemas, até juntar todas as suas obras poéticas». E assim Ana assume o encargo da publicação dos poemas que recolhera «e dos outros que deveria enviar e se esperaram durante quatro anos, sempre em vão». Ana de Castro Osório toma a iniciativa de publicar, há exatamente cem anos, em 1920, nas Edições Lusitânia, de que era proprietária, a Clepsidra.
UM VERDADEIRO SONHADOR Em entrevista a Fernanda de Castro no “Diário de Lisboa” dirá: «De há muito conheço Camilo Pessanha. É um verdadeiro poeta e um verdadeiro sonhador. Mas é também um tímido e um misantropo». Não encontrava nele qualquer desejo de glória. E aí confessa como nasceu “Clepsidra”. “Sem dizer ao poeta os meus planos, pedi-lhe que fosse ditando versos seus, pois queria guardá-los num caderno. Camilo Pessanha ditou-me algumas belas poesias. (De facto foi seu filho o verdadeiro artífice). E foi assim que nasceu a sua Clepsidra”. Na última carta de Pessanha para Ana, de 3 de junho de 1921, o poeta agradece, aliás, tudo o que foi feito pela sua obra: «Acredite que foi das mais doces comoções da minha vida e da minha surpresa, ao ver assim evocada e acarinhada diante dos meus olhos a minha pobre alma – há tantos anos morta». Através de seu sobrinho António (seu pajem) é que Ana de Castro Osório reatou o contacto com Camilo Pessanha, numa ida deste ao Hotel Francoforte no Rossio, em 1915. No testemunho de António, temos recordação dos grânulos de ópio, que tomava nas deambulações de Lisboa e de como o poeta recitava nas ruas da cidade… «Camilo Pessanha possuía a musicalidade dos seus versos, como em estado natural. Da sua poesia, era ela a música essencial e suplicada. Recitando, dir-se-ia que acordara de uma abstrata melancolia para ser ele o choro, a tristeza, a emotividade e a dor dos seus próprios versos». Mas foi o ópio a danação do poeta. Ele fala mesmo de “tormento dessa horrível angústia fisiológica”. «O demónio da deceção foi realmente o demónio da sua vida, e não apenas o dos seus sonhos em Macau, com Ana próximo de si, em vez da pequenina Águia de Prata, que o enganava (e ele saberia?) e do “desgraçado filho”». José Régio disse que o poeta «da sua derrota fez o seu triunfo»… E António Osório afirma ainda que das histórias de amor contidas na Histórias Maravilhosas de Ana nenhuma é tão impressionante como esta – de que apenas há uma carta encantada e o silêncio sereno da nobreza íntima. E assim continuaremos a ouvi-lo: “Eu vi a luz em um país perdido / A minha alma é languida e inerme. / Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído! No chão sumir-se, como faz um verme”… Ou “Temo de regressar… / E mata-me a saudade… / - Mas de me recordar / Não sei que dor me invade”… Na expressão de António Quadros este discípulo de Verlaine vive no íntimo a força musical da poesia: “Uma vida inteira de angústia e sofrimento para um minuto de luz, fora do tempo e do espaço? Tal a humana condição, tal a fortuna de um homem infeliz, tocado pelo génio da poesia”.
«O Amor de Camilo Pessanha», de António Osório (Elo, 2005), é uma pérola literária e um documento emocionante, no qual ressalta o exemplo cívico, cultural e sensível de Ana de Castro Osório e o talento do autor.
A IMPORTÂNCIA DE UMA VIDA A passagem dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha é justo motivo de lembrança e de estudo sobre a importância da sua vida e obra no nosso panorama literário. Muitos serão, por certo, os motivos para tornar presente o valor literário do poeta – reconhecido como um dos maiores nas literaturas de língua portuguesa -, no entanto vamos centrar-nos numa obra fundamental, na qual se procura reconstituir a relação entre Camilo Pessanha e Ana de Castro Osório, daí se retirando que foi a escritora a responsável decisiva para que a obra do poeta não tenha caído no olvido. E é António Osório, um dos nossos grandes poetas contemporâneos, que reconstitui com enlevo e cuidado histórico, os passos que permitiram trazer até nós o fantástico lugar que o poeta de Clepsidra conquistou. A obra (com uma ilustração de Mário Botas) parte de duas cartas de Camilo Pessanha para Ana de Castro Osório (de 1893 e sem data), uma carta de resposta desta (1893) e ainda uma outra do poeta para Alberto Osório de Castro (1916). E é esta matéria-prima (publicada em primeira mão por Maria José de Lancastre) que permite a António Osório uma cuidada análise e acompanhamento, mercê de ricos testemunhos, de uma extraordinária história de amor. E tudo começa por um desencontro, mas vai evoluindo num sentido fantástico, que leva a que uma relação humana singularíssima, de uma dignidade a toda a prova, termine num exemplar reconhecimento da excecional importância de um autor maior. Como diz Arnaldo Saraiva, se fosse Camilo Pessanha de um outro país, certamente que abundariam traduções e estudos sobre a sua obra. No entanto, estamos longe do justo reconhecimento, apesar de o julgamento de Fernando Pessoa constituir um importante passaporte para o futuro. Tudo começa por um conhecimento pessoal e por uma paixão de Camilo por Ana de Castro Osório, a que esta não pode corresponder. «O amor de Camilo vinha de há anos. Íntimo de Alberto Osório de Castro, seu colega no curso de Direito em Coimbra, publicando crónicas e poemas no jornal de Mangualde O Novo Tempo, que aquele dirigia, Pessanha passava parte das férias na casa de Mangualde do pai do amigo, João Baptista de Castro, que tratava por “primo”, e a quem se dirigia, nas cartas publicadas com toda a estima…». Ana não pode corresponder ao amor de Camilo, por namorar o jornalista e político republicano Paulino de Oliveira, com quem casará em 1898, cinco anos depois da correspondência. A jovem exprime, porém, o desejo «de que Camilo lhe perdoe o desgosto que lhe causa e que seja seu amigo como era de sua irmã, como ela era dele». E se é certo que autoriza Camilo a destruir a sua carta, tal não acontece, prevalecendo uma «atitude de estoica nobreza». Camilo “restitui” a carta de Ana, e esta não rasga as dele, nem as devolve. E assim, chegadas às mãos do poeta António Osório, elas puderam ilustrar esta bela página sobre o melhor que a vida cultural e cívica pode conter – o caráter e a capacidade de reconhecer uma altíssima sensibilidade artística.
UMA PERSONALIDADE RIQUÍSSIMA Em «O Amor de Camilo Pessanha» o autor faz de Ana de Castro Osório um retrato belíssimo, bem ilustrado pela fotografia jovial dos 19 anos, e mostra-nos o seu lado de escritora que segue as passadas de Garrett e de exemplar pedagoga («a criança não gosta que a não tomem a sério e se lhe contem histórias com o ar de quem diz uma cisa sem importância, e tudo vem a seu tempo»). Em 1911 acompanhou o marido ao Brasil, nomeado cônsul de Portugal em S. Paulo, tendo aí enviuvado em 1914. Em fins de 1915, reata-se o convívio entre Ana e Camilo – que “jantava e seroava em nossa casa invariavelmente duas vezes por semana”, segundo o testemunho de João de Castro Osório. E é este que vai encarregar-se da recolha da poesia: «Comoveu-o ver que um rapaz de dezassete anos lhe pedia para repetir os seus versos de modo a poder escrevê-los, e que, ao fim da noite, lhe mostrava dois ou três dos seus Poemas para ele emendar qualquer erro de interpretação. Prometeu então Camilo Pessanha escrever em cada noite dos nossos serões de família um ou dois dos seus Poemas, até juntar todas as suas obras poéticas». E assim Ana assume o encargo da publicação dos poemas que recolhera «e dos outros que deveria enviar e se esperaram durante quatro anos, sempre em vão». Ana de Castro Osório toma a iniciativa de publicar, em 1920, nas Edições Lusitânia, de que era proprietária, a Clepsidra. E em entrevista a Fernanda de Castro no “Diário de Lisboa” dirá: «De há muito conheço Camilo Pessanha. É um verdadeiro poeta e um verdadeiro sonhador. Mas é também um tímido e um misantropo». Mas não encontrava nele qualquer desejo de glória. Na última carta de Pessanha para Ana, de 3 de junho de 1921, o poeta agradece tudo o que foi feito pela sua obra: «Acredite que foi das mais doces comoções da minha vida e da minha surpresa, ao ver assim evocada e acarinhada diante dos meus olhos a minha pobre alma – há tantos anos morta». Através de seu sobrinho António (seu pajem) é que Ana de Castro Osório reatou o contacto com Camilo Pessanha, numa ida deste ao Hotel Francfort no Rossio, em 1915. No testemunho de António, temos recordação dos grânulos de ópio, que tomava nas deambulações de Lisboa e de como o poeta recitava nas ruas da cidade… «Camilo Pessanha possuía a musicalidade dos seus versos, como em estado natural. Da sua poesia, era ela a música essencial e suplicada. Recitando, dir-se-ia que acordara de uma abstrata melancolia para ser ele o choro, a tristeza, a emotividade e a dor dos seus próprios versos». Mas foi o ópio a danação do poeta. Ele fala mesmo de “tormento dessa horrível angústia fisiológica”. «O demónio da deceção foi realmente o demónio da sua vida, e não apenas o dos seus sonhos em Macau, com Ana próximo de si, em vez da pequenina Águia de Prata, que o enganava (e ele saberia?) e do “desgraçado filho”». José Régio disse que o poeta «da sua derrota fez o seu triunfo»… E António Osório afirma ainda que das histórias de amor contidas na Histórias Maravilhosas de Ana nenhuma é tão impressionante como esta – de que apenas há uma carta encantada e o silêncio sereno da nobreza íntima.