Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
A criatividade é uma característica intrinsecamente humana e traz vida.
'Civilisation is only sustained by the degree of wisdom in it; progress, as it is called, cannot sustain it.', Cecil Collins
Arte oferece ao homem intuição e memória emocional mas também compreensão intelectual.
Cecil Collins escreve que o artista (tal como o santo) é o símbolo dos perdidos ou solitários deste mundo, destinados à vida eterna. A arte, tal qual a religião, permitem a comunhão entre o visível e o invisível. E a arte ao ser feita acorda outros artistas.
'And wisdom is vision and perception of life, created out of quality of spirit. Wisdom has many forms; in Religion it is the development and culture of Charity in the human soul. In Art, wisdom is the passion of Beauty. The culture of Charity and the passion of Beauty are blended in the wisdom of the Fool. (ver aqui)', Cecill Collins
A experiência da arte implica estar atento, implica reflexão, implica romper com os hábitos da vida quotidiana. Nos dias de hoje, é preciso reforçar que a criatividade é um valor, uma qualidade e uma característica intrinsecamente humana e que traz vida. A criatividade (como oposto da passividade) contribui para um bem estar natural, para uma harmonia interna e externa - ideia e matéria fundem-se, o conhecido confronta-se com o desconhecido, pensamento e ação encontram-se numa só superfície, abre-se a possibilidade de diálogo com o outro e com o mundo que nos rodeia.
Na verdade, o homem só encontra o sentido da sua alma e assim contribui para uma sociedade mais aberta ao criar, ao fazer, ao cuidar, ao dar-se ao silêncio, ao contemplar, ao estar concentrado (onde corpo e espírito se sintonizam), ao manipular a matéria, ao concretizar ideias, ao ser sensível à vida e ao eterno.
'Art is a cosmic folly by which purity of consciousness can be attained.', Cecil Collins
No texto do pintor Graham Crowley 'I don't like art' lê-se que é, sobretudo, através da arte que se abre a possibilidade do homem (que a produz e que a contempla) se tornar melhor - não porque traz uma recompensa mas porque todo o processo envolve mais empatia, mais reflexão, mais tolerância, respeito e generosidade.
'I regard the triumvirate of celebrity, capital and media as threat to an open and creative society.', Graham Crowley
‘There is no wealth but life. Life, including all its powers of love, of joy, and of admiration. That country is the richest which nourishes the greatest number of noble and happy human beings; that man is richest who, having perfected the functions of his own life to the utmost, has also the widest helpful influence, both personal, and by means of his possessions, over the lives of others.’, John Ruskin
A arte é, sem dúvida, uma atividade primeiramente humana – é inexplicável, imperfeita, incompleta, contraditória e paradoxal. O princípio da arte não se prende à recompensa que poderá trazer nem à utilidade que poderá responder. Não é uma mensagem moral, nem filosófica e nem deseja impôr uma nova ordem. A arte é uma necessidade natural / essencial, é uma consciência afirmativa de vida, que toma a forma da matéria na qual é criada.
‘When conscience is absent (conscience exists only in a few individuals), then ignorance becomes active and dictates the rules of life.’, Cecil Collins
Cecil Collins, no ensaio ‘The Vision of the Fool’, associa a figura do Tolo (Fool) ao Artista, ao Poeta e ao Santo. Para Collins, o Tolo é um Salvador, é símbolo de vida. É o representante máximo da integridade afirmativa da vida. O Tolo é a poética imaginação da vida, é tão inexplicável como a essência da vida o é. Esta vida poética, está presente em todo o ser humano desde o nascimento e desenvolve-se durante a infância mas acaba por desaparecer por imposição da mecanização abstracta da sociedade contemporânea e por exigência do homem inerte que adere a toda e qualquer ordem massificada.
‘O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.’, Fernando Pessoa In ‘Livro do Desassogo’
‘The highest reward for a man’s toil is not what he gets for it but what he becomes by it.’, John Ruskin
Collins afirma também que o Tolo é toda a criança da vida e não uma virtude abstracta. É a pureza de consciência capaz de uma sabedoria que refunda a ordem das coisas – é uma sabedoria separada de tudo o que diz respeito a ambição, poder, vaidade, hiperactividade e acumulação vã de conhecimento. O Tolo está interessado na vida e sobretudo em estar vivo. É uma atenção constante sobre a identidade e a individualidade humana. Não é o produto de uma realização meramente intelectual mas sim uma criação da cultura do coração, que consegue restaurar no homem a sua inocência original mas consciente. O Tolo é simultaneamente sabedoria e eterna inocência, alegria e sofrimento, magia e tristeza, beleza e estranheza.
'Knowledge has two extremes which meet; one is the pure natural ignorance of every man at birth, the other is the extreme reached by great minds who run through the whole range of human knowledge, only to find that they know nothing and come back to the same ignorance from which they set out, but it is a wise ignorance which knows itself.', Blaise Pascal In 'Human Happiness'
'Art is an expression of life not an explanation of it.'
'Life is not what is, but what is created. Our whole life with all its acts is an exact and accurate picture of what we believe.', Cecil Collins
No texto 'The Eternal Presence', o pintorCecil Collins (1908-1989) escreveu que o propósito primeiro da arte é o de glorificar a vida através do espanto e do inexplicável. Arte é a realização poética da natureza da vida, através do eterno.
A arte não ensina e não explica nada - não tenta explicar a vida porque é a pura expressão da vida. A arte evoca a vida na sua essência mais poética. É o único caminho para contactar e experienciar a essência desconhecida da vida, embora deixe permanecer um inevitável mistério sagrado. Por isso, para Collins, a poesia e a arte não interferem com a vida, mas sacrificam-se à vida. O artista, para expressar a essência da vida, utiliza símbolos. O símbolo é o único modo concreto de contacto com a desconhecida luz da vida.
'Symbols are not things representing something else, they are actual emotions of the reality of existence, realised in concrete form, that can be experienced.', Cecil Collins
Para Cecil Collins, a poesia é a arte verdadeira. É mito que expressa o que o artista sente ser a natureza da vida. Só a verdade, com o tempo, se transforma em mito ou lenda - que no fundo são fortes acontecimentos poéticos, que transportam uma essência arquetípica tão intensa e que ficam impressos na consciência do homem por milhares de anos. Segundo Collins, o mito e a lenda são sinais da vitalidade criativa de uma sociedade.
A arte necessita de um propósito maior e absoluto para se relacionar com todas as outras atividades do homem: 'God is the only absolute capable of reconciling them all. God is the Poetry that includes all poetry, the Beauty that includes all Beauty. Poetry and Beauty can be a way to God. God is pure Poetry, the life of life, Pure Being.',
Collins afirma ainda que o propósito da poesia é o propósito da vida que é a descoberta do eterno dentro do homem. O intelecto não pode executar esta tarefa porque o seu campo de ação é muito limitado.
Só perante um estado puro do ser, o infinito pode ser desvendado. Um estado em que o homem não necessita de explicar a vida porque é simplesmente vida. Ora, por isso para Collins a arte é o meio, por excelência, que evoca esse estado de pureza, que é constantemente apagado e esquecido pela vida quotidiana.
'The Poet and the Artist belong to the contemplatives and carry out this highly concentrated intense work of revealing and distilling the essence of life to the world of man. In the contemplative life the mystery of life is worshipped in its simple essential beauty, for the Poet and the Artist do not desire to explain the mystery of life, but to live it.', Cecil Collins