LITERATURA E PENSAMENTO - CICLO 2084 IMAGINE
Conversas com Graça Castanheira
De referir a gratidão que senti a cada conversa neste Ciclo 2084 Imagine: chamei-lhe momentos de flecha de tempo original.
Em rigor, a sucessão reflexiva e os pensamentos nela contidos e expressos neste ciclo, criaram uma ponte imensa de esperança apta a conduzir a uma outra nomeação do acreditar, quando sabemos que o acreditar tem sido mero fragmento de rotina de pouca verdade nos dias que correm.
Estive atenta e entusiasmada aos pressentimentos que despertaram em mim ao longo deste Ciclo 2084 Imagine acutilantemente conduzido por
Graça Castanheira.
A divisão e a organização deste conjunto de conversas criaram uma totalidade compacta de relações e afinidades na área do Conhecer e do Saber que propiciaram uma infinidade temática, alertando-nos a reiniciar o infinito e nele o início/indício fundamental.
Impossível não conectar estas conversas com O Tempo e o Modo conduzido igualmente pela realizadora e argumentista Graça Castanheira, naquela serie de entrevistas sobre o futuro, e nele também a importância do tema do estado.
Pareceu-me encontrar nestas entrevistas/conversas do Ciclo 2084 Imagine uma ideia de fúria, uma ideia de fúria com a proximidade exponencial de cada tema a uma distância quase irrecuperável se o perdêssemos.
De um lado o declive das inquietações quando existem, do outro aquilo que excede o esclarecimento da hipotética abstração: aqui o risco da densidade é claramente uma proposta.
A tradução das ideias nelas mesmas, tornaram-nas possíveis como futuro e como presente, afinal reaparecendo ao nosso caminho e desafiando-o a que saibamos que as ideias que temos, podem ser suficientes à mudança, mas não aquelas que nesta espera de um compacto melhor surjam propício à nossa adesão. E o compacto a que se deseja aderir não é uma suspeita, infelizmente, é uma realidade. O desejo de levar as ideias até esse compacto é igualmente uma realidade. O tríptico há-de chegar a votos! Volta-se à circunvolução no movimento parado a que assistimos em hora de prime time.
E eis que surgem “ciclos 2084 imagine” com a capacidade de uma escola solitária aberta ao mundo.
Aqui a infidelidade da sabedoria é o saber permanecer fiel, em todas as circunstâncias, ao saber da arte no estar seguro dos entendimentos e assim os erros positivos têm segura cura.
Afinal o robot deixa-se desnortear com facilidade pois não conhece o esforço estranho para que isso não aconteça, ainda que o robot nos possa ajudar para aquilo que o programemos.
Atentemos sempre que as ideias não podem ser fracas em virtude de objetos superiores. Os Gregos, creio, deixaram-nos o sentido mais próprio do que não vale para o cidadão se o sentido for o de lhe atribuir um vale imitativo ou usurpatório de uma época ilesa de gente.
O cérebro pousa aquém e além das asas que lhe tocaram e irrompe incontido aos meandros dos nossos olhos, num lance, quando tudo está um jogo.
O afeto conduz também ao porquê do ter visto. A Noite pode insinuar o Jogo, mas o primordial revela-se e ascende se por ele soubermos e quisermos que se desvende a surpresa do Eu, e dele em nós num mundo com sim.
Teresa Bracinha Vieira