Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

COMENDADOR PINTO…

 

DIÁRIO DE AGOSTO (III) - 3 de agosto de 2017

 

Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) foi no seu tempo e na história da pintura portuguesa uma referência de primeira grandeza. Por isso, era muito procurado para que fizesse os retratos das mais diversas personalidades. E chegaram até nós obras-primas ligadas aos maiores vultos da cultura e da vida nacional.
Enquanto seu irmão Rafael imortalizou no «Album das Glórias» os nossos maiores, Columbano fez retratos naturalistas que ombreiam com os de maior qualidade na pintura europeia.
Naturalmente que tinha critério e muito selecionava os seus eleitos. Se nos lembrarmos da Galeria de Presidentes da República, fácil é de verificar que são de Columbano os retratos mais intensamente marcantes.
Conta-se que havia o pedido especialmente insistente de um tal comendador Pinto, novo-rico endinheirado, brasileiro de torna-viagem, ostentando muitos ouros e sinais exteriores de opulência…
E o certo é que o tal senhor não desistiu de conseguir a resposta positiva do pintor. Um dia o comendador veio a Lisboa e dirigiu-se sem anúncio prévio ao ateliê de Columbano, a S. Francisco, no Chiado.
O artista quando soube da presença do estranho ficou incomodado com a impertinência, mas acedeu a recebê-lo, dizendo ter muito pouco tempo. Entrou o Comendador e Columbano recebeu-o de bata e com os pincéis na mão… Pinto começou a falar da grande admiração e do interesse em ser pintado pelo grande mestre. Mas este atalhou a conversa e perguntou: - Como disse Vossa Excelência que se chamava? – Pinto, comendador Pinto – redarguiu o interlocutor. – Ah! Pinto? … Não pinto!... E o assunto ficou por ali.

 

 

DIÁRIO DE AGOSTO

por Guilherme d'Oliveira Martins