Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

 

The Humanitarian R2P, Higher Loyalties and The CHOGM, 2018

 

Agir ou ignorar? As nações nos dois lados do Channel reinventam-se na globalizada guerra síria ao decidirem por cirúrgica intervenção bélica ao lado dos USA, fundamentada no humanitarismo da responsability to protect. A Prime Minister Theresa May invoca também o “national interest” ao explicitar as razões da participação militar em debate na House of Commons.

Chérie! À bon entendeur, salut! O UK envolve quatro RAF Tornados no raide contra o arsenal químico do President al-Assad na sequência do assalto a Douma, O reino está agora em estado de alerta face a esperada ofensiva cibernética contra infraestruturas críticas por retaliação do aliado russo, — Umm. The return to the old cat and mouse game. Já Berlin ameaça o Kremlin, com a Bundeskanzlerin Angela Merkel a avisar que o Nord Stream 2 Pipeline através do Baltic Sea só avança com reconhecimento de Ukraine como “a transit country for gas to Europe.” Washington e Moscow dispersam as atenções. Na promoção de livro incendiário, o ex diretor do FBI James Comey afirma que o President  Donald J Trump é “morally unfit” para exercer o cargo. O visado em A Higher Loyalty riposta que o G-man por si exonerado é a “slimeball.” Escrita fatalmente incómoda pertence a Mr Maxim Borodin, porém, o mais recente jornalista russo a morrer em estranhas circunstâncias após relato sobre os mercenários do Wagner Group. London acolhe o Commonwealth Heads of Government Meeting e o Prince Harry of Wales é feito Commonwealth Youth Ambassador.


Os dilemmas do allowing & doing The War regressam ao debate público.

 

Fine climate at Central London, with birds, blooms and a beautifull sunshine. As gentes denotam o not worrying too much about the uncertainties of the British weather quando o Mall se preenche com as 53 bandeiras do Commonwealth Summit para a reunião intergovernamental de uma royal republic of 2,4 billions citizens around the globe por cá conhecida como The 2018 CHOGM. Também as House of Parliament retomam os trabalhos, com uma first full session até altas horas da noite a que não falta sequer colorida demo na novamente movimentada Westminster Square. Aliás, vem do exterior o mais persuasivo dos argumentos para assistir à acesa querela havida nos Commons sobre a operação síria da tríade ocidental. ― "For goodness’ sake, he is A DOCTOR!" O «bom doutor» a que a ativista se refere é Mr Bashar al-Assad, em episódio de protesto digno dos Monty Python e que evidencia a cândida incredulidade pacifista do grupo Stop the War face à alegada responsabilidade do regime de Damascus no ataque com gás a Douma. Já na câmara soa o aço na esgrima entre apoiantes e críticos do lançamento dos mísseis nas margens do Jordan River. A Prime Minister presta contas durante mais de três horas e responde robustamente a questões colocadas por 140 MPs. A Loyal Opposition acaba a ganhar novo emergency debate para amanhã, sob proposta de um War Powers Act apresentado por RH Jeremy Corbyn com exigência de consulta e voto parlamentar prévios a qualquer ação militar. Algo que, na prática, aspira revogar a presente e executiva Royal War Prerogative e que o Tory MP Andrew Bridgen logo reintitula como “No War Powers Bill.”

 

Se as condições do recurso à força são abertamente questionadas, nos fundamentos e na finalidade, já o Her Majesty’s Government invoca o interesse nacional e a importância de se punirem quantos violem a proibição mundial das armas químicas ― seja nas ruas de Salisbury ou nas de Douma. No longo debate ecoam as tensões entre a Russia e The West a par dos riscos de escalada militar entre as potências regionais do Levante. Downing Street hasteia o estandarte humanitário e a responsabilidade de proteger os sírios numa guerra civil que entra no oitavo ano com um passivo de aproximadamente meio milhão de mortos, 14 documentados ataques químicos e 11 vetos russos no UN Security Council a bloquearem the diplomatic road. Mrs May enuncia a base legal da aliança UK-France-US contra o regime de Damascus: "It required three conditions to be met. First, there must be convincing evidence, generally accepted by the international community as a whole, of extreme humanitarian distress on a large scale, requiring immediate and urgent relief. Secondly, it must be objectively clear that there is no practicable alternative to the use of force if lives are to be saved. Thirdly, the proposed use of force must be necessary and proportionate to the aim of relief of humanitarian suffering, and must be strictly limited in time and in scope to this aim.” Reagindo ao ruidoso criticismo das oposições, em particular à declaração de RH Red Jezza de esta ser “an action legally questionable,” a senhora insiste uma vez e outra que “we have done this because it was the legally and morally right thing to do."

 

A Prime Minister ventila princípios da guerra justa, a jus bello que por cá recorrentemente choca com clássico ‘flower power’ da Urnicopia que hoje milita no topo do Labour Party e no caso árabe se cruza com uma audível propaganda machine. Ora, 25 anos depois do fim oficial da Cold War, aquém das desventuras arenosas na Irak War mas a par da interposição bem sucedida no Kosovo, a atual polarização política contém ainda cicatrizes de um passado recente que cabe recordar para perceber o risco que o May Government corre no debate parlamentar de amanhã caso ali seja censurado por via de adversarial voto pacifista ou oportunista. O intervencionismo militar de caráter humanitário sofreu um sério revés na House of Commons, em 2013, às mãos do anterior líder trabalhista. Mr Ed Miliband logra então impedir, because of the opposition in the legislature, que o UK participe em similar ação do Cameron Tory Govt ao lado dos US, assim desmobilizando também o President Barack Obama na sua “red line on Syrian chemical use.” O rasto dos efeitos está à vista, em renovadas disputas nas esferas de influência, globais e regionais, num país de altas montanhas e vastos desertos, na borda do Mediterranean Sea, cujas fronteiras tocam Turkey, Israel, Irak, Lebanon e Jordan. Por perto estão, geograficamente claro, a Saudi Arabia e o Iran.

 

Desconhecendo-se quais os objetivos estratégicos da intervenção ocidental no vespeiro jihadista que é o Middle East e não vislumbrando por lá líder decente que caiba publicamente apoiar, ainda assim exigindo-se a quem pode que proteja os martirizados inocentes pelos quais o Pope Francis apela à consciência universal, última nota para históricos desastres que marcam os dias abrilinos, A 15 April 1912 afunda-se o Royal Mail Ship Titanic. O unsinkable transatlântico da White Star fazia a sua maiden voyage entre Southampton to New York, com pelo menos 2,224 passageiros e tripulantes a bordo. Cerca de 1,500 pessoas morrem no cognominado “The Millionaire’s Special,” após o maior navio da era edwardiana colidir com um icebergue. A 16 April 2018 naufraga o Home Office. Apura-se que o departamento governamental do 2 Marsham Street tem exigido a British citizens há décadas chegados de barco das várias paragens tropicais da Commonwealth, por cá trabalhando, criando família e educando filhos e netos, que provem “the right to live here” sob pena de deportação. O ministério ontem liderado por RH Theresa May e hoje por RH Amber Rudd choca nos emigration checks com elementar senso e a Windrush Generation do post-1945. Vêm aí, a galope, as eleições locais. — Bah. Precise portraits in King Lear makes Master Will of Edgar and Edmond after the discovery of their different status as sons of the Earl of Gloucester: — “This is the excellent foppery of the World that when we are sick in fortune – often the surfeit of our own behaviour – we make guilty of our disasters the sun, the moon, and the stars, as if we were villains by necessity, fools by heavenly compulsion, knaves, thieves, and treachers by spherical predominance..."

 

St James, 16th April 2018

Very sincerely yours,

V.