Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Pouco sou consumidor, menos ainda frequentador, de discursos e comentários políticos. Aliás, pouco me interessa o que dizem ou possam dizer, divirto-me mais a antecipar o que dirão. Sou esteticamente alérgico a quase todos, tal como às catatuas indignadas que por aí vão, sem reflexão nem critério, perorando contra todos e quase tudo. Recuso-me a olhar para o resultado de qualquer eleição ou referendo para contar votos e ordenar vencedores e vencidos, mais me preocupa tentar perceber os fatores sociais e culturais que ditam tais resultados, e vou tentando interpretá-los tão objetivamente quanto possa, sem me ater a quaisquer simpatias ou antipatias pessoais, nem me prender a critérios de ordem ideológica.
A citação de Steve Bannon com que encerro a minha carta anterior poderá ajudar-nos a melhor entender o que quero dizer, se a relermos inserida no seu contexto. Na verdade, aquele conselheiro do presidente Trump habita hoje uma casa catita na Costa Leste, sinal iniludível do êxito duma carreira profissional seguinte a um estimável diploma de Harvard. Todavia, além de se manter fiel a uma tradição católica conservadora da sua família e educação básica, também não esqueceu ser filho de operários da cintura industrial norte americana designada rust belt, hoje uma das faixas demográficas onde Trump foi buscar grande parte do seu eleitorado. É gente desiludida pelo que considera ter sido o abandono da sua condição por uma democracia conduzida pelas novas classes cosmopolitas e participantes do atual processo de globalização económica e social.
O exemplo de Steve Bannon é destacável, não só pela posição que conseguiu na construção do triunfo de Trump, mas sobretudo porque a família Bannon, de origem irlandesa e católica, foi sempre, como tantas outras linhagens norte americanas, fiel ao partido democrata, eleitora de "kennedys", etc... assim sendo sinal de como os atuais surtos do chamado populismo se devem mais a sentimentos de quem se sente traído por protagonistas dum sistema político em que se confiava, do que a uma hipotética restauração totalitária. As reivindicações nacionalistas têm mais a ver com a crise e o desejo de restabelecimento de uma identidade própria do que com quaisquer concessões a tentações de totalitarismo. No caso em análise, é importante recordar-se que, nas últimas décadas, quer por força do desenvolvimento da robótica e de outras novas tecnologias, como da globalização dos grandes grupos económicos e consequente deslocalização de unidades de produção das indústrias manufatoras, as condições de remuneração e vida das classes operárias e da média burguesia das sociedades industrializadas se foram progressivamente deteriorando e gerando sentimentos de exclusão e injustiça social, facilmente convertíveis em xenofobia perante as crescentes vagas imigratórias provenientes de países em via de desenvolvimento. Às causas locais do correspondente aumento da emigração a partir destes países pouco cuidado foi prestado, pelo que os motivos de descontentamento e furiosa reivindicação de direitos a respeitar foram alastrando por todos os lados, como demonstram as tragédias migratórias no Mediterrâneo ou os excessos cometidos por coletes amarelos.
Evidentemente também, a evolução da prática democrática nas democracias ocidentais para o "marketing" eleitoralista dos políticos e concomitante surto de um fulanismo estelar "à Hollywood", quer em "shows" televisivos, quer, mais banalmente, através das "redes sociais" ou "internet de fofocas", vai ajudando ao apagamento do espírito crítico no foro público, bem como à quase impossibilidade de se construírem plataformas sérias de debate e desejáveis acordos. Da edição deste março da revista literária francesa Lire, retiro umas declarações do escritor israelita Etgar Keret, de que a L´'Olivier publicará em breve uma obra intitulada Incident au fond de la galaxie. Traduzo:
A população de Israel está extremamente dividida. A 2 de março, terá as suas terceiras eleições legislativas em curtíssimo lapso de tempo. Quando olho à minha volta - é candidato Benjamim Netanyahu, suspeito de fraudes e corrupção, e já Donald Trump sai ileso do seu processo de destituição - fico com a impressão de que os dirigentes políticos já não são eleitos responsáveis perante o povo, mas estrelas de cinema. No passado, os média faziam títulos com a educação ou a abertura de hospitais; hoje, 99% do que nos é dado ouvir são comentários, quase sempre ordinários, de Trump, Netanyahu ou Putin acerca de fenómenos da actualidade... ... A democracia segundo Netanyahu e Trump serve para tornar insuportável a existência de todos aqueles que são diferentes deles: homossexuais, ateus, estrangeiros...e isso inquieta-me mais do que o resultado das eleições no meu país.
Fica - assim me parece, Princesa de mim - respondida a afirmação de Bannon sobre a saúde actual da democracia. Afinal, como já bastas vezes te escrevi, o problema é mesmo uma questão de cultura...ou sobre a falta dela. Leio. na imprensa britânica e norte americana desta manhã que o presidente dos EUA decretou a interdição, por um período de trinta dias, de qualquer voo proveniente da Europa, com exceção dos originários do Reino Unido. Justifica a medida como prevenção contra o covid 19. Haverá alguém que lhe recorde outra curiosa exceção britânica, além dessa sua decisão discricionária? Tanto quanto saiba, no governo de Sua Majestade britânica, a própria ministra da saúde está infetada pelo vírus. Mas tal medida, ao que entendi, fere igualmente a entrada de pessoas não cidadãs dos EUA, bens e mercadorias... Pelo que a justificação sanitária será mero artifício.
Pelo início dos anos 1990, foi aparecendo por aí o conceito e a palavra democratura que, na sua obra La Démocrature: dictature camouflée, démocratie truquée (Paris, L´Harmattan, 1992),o sociólogo e economista Max Liniger Goumaz origina no período marcado pelo fim da Guerra Fria e a transição de regimes comunistas para democracias liberais. Hoje, falamos mais de democracias iliberais. Seja como for,diz Max-Erwan Gastineau (cf. Le dictionnaire des populismes, Paris, Cerf, 2019), nos cenáculos e centros de decisão, chegara então a hora da transitologia, do fim da História de Fukuyama e da harmonização das políticas aduaneiras. O mundo converge... Deveremos então estreitar laços e, sob os auspícios do direito e do comércio fraterno, preparar o advento de uma sociedade universal.
Creio que é na realização de tal esforço que temos vindo a falhar e a criar mais impasses ainda ao convívio internacional. Desde logo, por ausência de convites e insistência ao diálogo, preferindo-se-lhe o lucro dos grandes grupos económicos e a manipulação do voto popular através da desinformação e de promessas ilusórias.
Her Maj at the 92, The G7 Twitterstorm, and Historic Talks, 2018
Olhos e preces centradas na cidade estado de Singapore. É a histórica reunião entre os presidentes Donald J Trump e Kim Jong-Un, com o mundo em suspenso sobre o eventual acordo de desnuclearização “complete, verifiable and irreversible” da Korean Peninsula. O UN General Secretary António Guterres está pronto para apoiar a paz entre Seoul e Pyongyang.
O UK disponibiliza os peritos nucleares. — Chérie! L’histoire regarde ces deux. A Queen Elizabeth II celebra o 92.º aniversário com passeio a solo, em carruagem aberta, no Mall, e os tradicionais Trooping the Colour, na Horse Guarde Parade, a RAF Flyover, nos céus de London, e a saudação popular da Royal Family, na varanda do Buckingham Palace. O patriarca Prince Philip perfaz 96 anos, com o Duke of Edinburgh ora reformado da esfera pública. — Happy Birthday, Your Majesty. A damehood para a atriz Mrs Emma Thompson e a knighthood para o Literature Nobel Prize Mr Kazuo Ishiguro assinalam a Honours List, com 1,057 pessoas galardoadas por serviços ao reino. A House of Commons acolhe 48 horas de Brexit warfare. O Lab líder RH Jeremy Corbyn completa 35 anos como Islington North MP. O Quebec recebe tormentoso encontro do G7. A Shangai Cooperation Organization apresenta-se como cimeira alternativa, reunindo China, Russia e India. Beijing entrega a Friendhip Medal a Mr Vladimir Putin, a mais alta condecoração para estrangeiros. Italy fecha os portos aos barcos de pesca de emigrantes.
Beautiful Summertime at Central London. And very hectic days in Parliament. Mas comecemos pelas cenas extraordinárias ocorridas na cimeira das sete nações mais industrializadas do mundo. As emoções fortes vêm a público através das imagens, e uma fotografia como a logo divulgada pelo China Daily vale por 1000 palavras (ver em detalhe, sff). Mas a cimeira fica sobretudo marcada pela tempestade trumpista de declarações. É toda uma atitude; e é Trump vs The World. O senhor chega tarde aos encontros, declara “let us bring in the Russians,” a sua agenda não abre espaço para a reunião bilateral com a UK Prime Minister, indispõe-se com todos à volta da mesa e acaba a rasgar a declaração conjunta que assinara com os aliados. Na conferência de imprensa final desfecha que ali fora fazer “a free trade proclamation,” esgrimindo em estilo alpha behaviour com novas tarifas aduaneiras sobre as importações norte americanas. O homólogo gaulês riposta: “No leader is eternal.” Já a voar para Singapore, o POUS puxa do Twitter para enviar novas mensagens aos pares ‒ às 2:05am, 2:17am, 2:29am, 2:42am, 2:45am e 3:41am. Ilustração postal: “Why should I, as President of the United States, allow countries to continue to make Massive Trade Surpluses, as they have for decades, while our Farmers, Workers & Taxpayers have such a big and unfair price to pay? Not fair to the PEOPLE of America!” Mrs May por lá reúne a sós com Monsieur Emmanuel Macron, Frau Angela Merkel e Mr Justin Trudeau. Hoje encerra o dossiê em Westminster, face aos MPS, concluindo que foi “a difficult summit.”
Vagas alterosas esperam a Premier em Downing Street. As Brexit Laws começam a sua semana mais longa na House of Commons, após serem rasuradas nos Lords com 15 emendas. O Tory Government espera reescrever 14 destas alterações ao seu projeto legislativo com a anterior tinta. Tudo permanece incerto, porém, até à contagem de votos. RH Theresa May pede unidade ao reunir hoje com as tropas conservadoras no 1922 Committe. Há dias atrás sela tréguas no Cabinet, na sequência de tropel de rumores dando o Secretary for Exiting the European Union, RH David Davis, como estando prestes a demitir-se do cargo por causa dos arranjos aduaneiros, e ainda de pouco diplomáticas declarações do Foreign Secretary, RH Boris Johnson, num private dinner ecoado na Press, em torno da EU27 e de sensíveis assuntos internos e externos ‒ #Trump-Kim Summit incluído. O Number 10 navega as dificuldades em Westminster City com estoicismo, recato e leque de palavras neutras, como a senhora claríssimamente evidencia no ponto da situação brexiteira: “This is something that actually we don’t want ever to happen, in the sense that it is purely there in the circumstances where we have agreed the end-state customs arrangement, but for technical reasons it has not been possible to put that in place by January 1, 2021. We are clear that we expect that we will actually be able to have that end-state customs arrangement in place at the very latest by December 2021, but our focus, obviously, is going to be on making sure that we get that agreement which we have all agreed — and others are agreed — is the best way to ensure that we get the right relationship between the U.K. and the EU for trading in the future.”
Aguardo a passagem ao écran destes fantásticos eventos. Para já, fazendo a vontade a Mr Trump, os russos entram mesmo… na história do euroreferendo. Um bilionário que financia o Ukip e doa milhões ao campo do Leave é apontado com laços perigosos à embaixada moscovita em London. Entre emails sobre minas siberianas de ouro e almoços regados a vodka, Mr Arron Banks depôe hoje em comité parlamentar. Será divertido. Ligam-se vontades para intentar inquérito policial, a fim de detetar o rasto dos rublos. Um outro discreto euroinfluente vem à superfície. O DExEU Permanent Secretary informa ter regra dourada entre amigos. “If I sit down in convivial company, I make a rule — don’t talk about Brexit,” regista Mr Philip Rycroft. É prudente. As opiniões dividir-se-ão quanto aos protagonistas estarem à altura do script global, mas que este anda intrigante anda. — Zowie. With so many excitement in the air, better listen at heart those lines of ours Master Will in The Tempest: — “O wonder! / How many goodly creatures are there here! / How beauteous mankind is! O brave new world, / That has such people in't.”
The Salisbury Incident, Traitors and, A New Emperor, 2018
Um insólito evento médico em tarde domingueira numa pacata cidade de Wilshire suscita inquérito sobre eventual malfeitoria, O ato de rotina identifica sucessivas baixas.
Com um ex espião russo e a sua filha caem o polícia que os socorre mais 21 pessoas, todos entrados no hospital com sintomatologia de envenenamento por toxina letal. O caso torna-se numa mega investigação criminal conduzida pela National Counter Terrorism Policing Network, escalando com envolvimento militar na descontaminação do centro histórico. Uma semana depois, na House of Commons, a Prime Minister aponta responsabilidades ao Kremlin. — Chérie! À l'œuvre on reconnaît l'ouvrier. Westminster agita-se com alegações de débil etiqueta parlamentar. Entre os visados por “bullying” estão o próprio Speaker RH John Bercow e membros do gabinete do Labour Leader RH Jeremy Corbyn. — Oh-oh. A word once spoken is past recalling. Além mares, o US President Donald J Trump acede a encontro com Mr Kim Jong Un para negociar a desnuclearização da Korean Peninsula e isenta de tarifas aduaneiras “the friendly nations.” China denomina Mr Xi Jinping como novo imperador comunista. Russia vai a votos para a presidência. Os franceses debatem a liquidação do Parti Socialiste na Macronie. Aos 90, parte para a eternidade o gentil comediante Mr Ken Dodd.
Very better weather at Central London. Com o Springtime around the corner e os ilhéus especialmente ocupados a nutrir a passarada após a tempestade de neve, vivem-se cenas extraordinárias nas Houses of Parliament. O ensaiado homicídio do antigo coronel do KGB eclipsa quer a Brexit, quer temas quentes na esteira da visita do Crown Prince Mohammed bin Salman como a guerra no Yemen, o abuso dos direitos humanos e o alegado financiamento do extremismo pelos sauditas. Mesmo a murmuração em torno dos bully boys passa para segundo plano. As palavras hoje proferidas por Mrs Theresa May extravasam o Palace of Westminster: "This attempted murder using a weapons-grade nerve agent in a British town was not just a crime against the Skripals, but an indiscriminate and reckless act against the United Kingdom, putting the lives of innocent civilians at risk. We will not tolerate such a brazen attempt to murder innocent civilians on our soil.” Em tom thatcheriano e estilo que relembra abrasivo Lord Salisbury nos idos de 1890 face às pretensões africanas de Portugal, a Prime Minister faz um ultimato a Moscow para, em 24 horas, explicar como é que um gás produzido nos seus laboratórios estatais aparece no reino: “There are, therefore, only two plausible explanations for what happened in Salisbury on 4 March: either this was a direct act by the Russian state against our country; or the Russian Government lost control of their potentially catastrophically damaging nerve agent and allowed it to get into the hands of others.” Donde: “On Wednesday, we will consider in detail the response from the Russian state. Should there be no credible response, we will conclude that this action amounts to an unlawful use of force by the Russian state against the United Kingdom, and I will come back to this House to set out the full range of measures that we will take in response.”
O envenenamento do agente duplo em Wilshire compele interessantes comportamentos em volta. Há um exercício nacional de especulação em tríade tipológica whodunit, why him and why here, em cruzamento entre o arguto paroquialismo da Miss Marple e o hábil jogo de raposas de Mister George Smiley. “Based on the positive identification of this chemical agent by world-leading experts at the Defence Science and Technology Laboratory at Porton Down, our knowledge that Russia has previously produced this agent and would still be capable of doing so, Russia’s record of conducting state-sponsored assassinations and our assessment that Russia views some defectors as legitimate targets for assassinations, the Government have concluded that it is highly likely that Russia was responsible for the act against Sergei and Yulia Skripal,” declara a senhora do No. 10. O caso oficialmente classificado nas páginas do Hansard como “Salisbury Incident” parece mesmo saído dos clássicos mundos ficcionados de Dame Agatha Christie e de Mr John Le Carrè. Os ingredientes literários estão cá todos, desde a receita de subtil crime em paisagem bucólica cujo desnudamento revela fantasmas de um mundo de sombras até ao dilemático questionamento sobre o justo destino dos traidores – ainda que comprometidos pelo MI6 e em tempo oportuno colocados ao serviço de Her Majesty. À memória vem a série longa das estranhas mortes que ocorrem na rota britânica do Federal Security Service of the Russian Federation, a agência que sucede ao famigerado KGB no quartel general de Lubyanka Square.
Mas no mais sério incidente diplomático do pós Cold War há também audíveis vozes em Britain a sustentar conspiração ocidental para comprometer Mr Vladimir Putin em véspera de eleições de nula competitividade. Aqui os anais registam Mr Anthony Blunt, espião britânico que nos 50s trai a favor dos soviéticos em nome da ideologia: “Well, it’s given me great pleasure to pass on the names of every MI5 officer to the Russians!”
A testar as fronteiras morais no globo estão mais que mortíferas substâncias químicas concebidas nas provetas secretas. A usança do “state lab nerve gas” vai agora inflamar as tensões East-West. A Russian Federation nega tudo, of course. O prazo de London extingue-se dentro de momentos. Os Skripals lutam pela vida em câmaras de cuidados intensivos enquanto os demais recuperam. Com contornos que impõem o envolvimento da NATO na defesa de um dos seus membros, London examina já um leque de medidas retaliatórias que previsivelmente irão de novas sanções económicas e cativação de capitais à expulsão do embaixador até a potencial retirada simbólica do World Cup agendado para terras russa neste Summer. Downing Street promete resposta robusta, requerer o apoio ativo dos Allies e colocará o assunto no UN Security Council. Por apurar está, porém, a real mira nos alvejados Skripal e Salisbury. — Yet. Even Master Will put the assassin agonizing over the temptation to kill King Duncan in Macbeth:— “If it were done when ’tis done, then ’twere well / It were done quickly: if the assassination / Could trammel up the consequence, and catch / With his surcease success; that but this blow / Might be the be-all and end-all here, / But here, upon this bank and shoal of time, / We’d jump the life to come. But in these cases / We still have judgment here; that we but teach / Bloody instructions, which, being taught, return / To plague the inventor: this even-handed justice / Commends the ingredients of our poison’d chalice / To our own lips...."
Et voilà. Entra a cavalaria a galope. Da discrição dos bastidores políticos emergem os Blairites, desalojados do Labour Party pelos Corbynists. Mr Tony Blair é o Remainer-in-Chief, após retirar o bastão de comando a RH Nick Clegg dos Liberal Democrats. Logo atrás segue Lord Mendelson, com o estandarte azul estrelado visível a quantos observam a manobra nas colinas em volta.
A bombarda ruge contra os Brexiteers. Exigem novo euroreferendo. — Chérie. Une bonne action n'est jamais perdue. A European Union (Notification of Withdrawal) Bill chega à House of Lords, pela força do Supreme Court e sob pública conjura eurófila de delay-or-block. Da jornada nos Commons sai sem emendas e com massiva maioria a escoltar o voto popular. Estarão agora os pares disponíveis para abrir uma crise constitucional capaz de conduzir à sua extinção e a ferino realinhamento partidário no UK? — Well. What possible can go wrong? Os Tories arriscam ganhar as duas by-elections que amanhã decorrem em Copeland e Stoke-on-Trent Central, se acaso os Lab safe-seats não levarem à entrada dos Ukippers em Westminster. O US President DJ Trump nomeia o Lt Gen Herbert R McMaster como National Security Adviser. O VP Mike Pence ultima dual diplomática visita a Munich e Brussels. As presidenciais gaulesas aceleram com buscas judiciais na sede de Madame Marine Le Pen e embaraços retóricos de Monsieur Emmanuel Macron. Já Herr Martin Schultz desloca o SPD para a esquerda a fim de enfrentar a Kanzlerin Frau Angela Merkel nas outonais eleições alemãs. A NASA tem novidades estelares para revelar.
Patchy rain and mild temperature at Central London! A zona está hoje particularmente agitada. Os Lords debatem o Brexit vote enquanto os Commons discutem as petições pró e contra a visita oficial a Britain de Mr Donald J Trump. Também Westminster Square está ocupada por mais uma manifestação de jovial protesto – por causa daquele ou deste. De pé antibiotizado, observo esta forma de fazer política nas ruas por cá reeditada pelo New Old Labour de Mr Jeremy Corbyn. Fixo o “Stop Trump;” ruidoso, colorido e escasso. Concluo que o ativismo digital que leva 1,8 milhões de pessoas a globalmente clicar na oposição à vinda de DJT às terras da sua mãe dista um abismo da realidade. Abundam os espaços vazios. Pesos pesados como os MPs John McDonnel, Dianne Abbott & alike afadigam-se para os microfones. A moldura de fundo é ainda carnavalesca, com os cartazes contra o racismo e o fascismo entre trajados à Guantánamo ou à Statue Of Liberty. E afinal por quê tanto furor com este Mr President? Há linhas da história política norte-americana trivializadas até a título de Capitol Hill jokes: “President George Washington could not tell a lie, President Richard Nixon couldn’t tell the truth and after President Ronald Reagan no one couldn’t tell the difference.”
Aquém e além Atlantic Ocean há um não sei quê de insano nesta agitação das massas que remete para a peça The Dead Cat. Sabereis, por certo, da cena recorrente. Num recanto do palco surgem umas quantas figuras fadadas a atrair forçoso olhar da audiência: ― Hey. Hey. Look over there… Dos resultados no reino do "Straight Talking, Honest Politics" do Right Honourable Jezza dizem todas as sondagens sem exceção: o Lab continua a cair e está 18% atrás dos Conservatives em inusual contraciclo político. Mr Tony Blair no seu recente discurso pelo “changing minds” quanto ao UK na European Union rotula sem dó o estado a que se chegou: "The debilitation of the Labour Party is the facilitator of Brexit." Igualmente áspera soa a esgrima verbal dentro das portas de Westminster Hall. Em sala lateral do parlamento sintetiza o Foreign Office Minister o confronto das visões rivais: “The State-visit should happen and will happen," declara seco Sir Alan Duncan. Há dias atrás, na linha telefónica direta com o Oval Office, ao novo residente declara a Premier que “looks forward to welcome you later this year.” Mais suave mas identicamente polarizado segue o debate dos Lords. Na Upper House, com a memorável presença de Mrs May sentada nas escadas à frente do Royal Throne, a mensagem do HM Government é subtil no lembrete ao papel de cada um dos órgãos constitucionais no estado da coroa. Cabe a Lord Hague magistralmente clarificar as posições: "As someone whose preference was to remain in the EU, my second preference, given that that is not available, is to leave it with some degree of unity and good order and confidence and determination."
SS-GB é o diverso programa das festas nas Sunday nights. A proposta da BBC 1 dramatiza o clássico de Mr Len Deighton, autor com laços a Portugal e que com John Le Carré e Ian Fleming consagra as estórias de espionagem como género literário do pós-guerra. Ora, sendo típico agente lenardeano o British pragmatist, em contraste com prudente George Smiley e fantástico James Bond, a obra de 1978 adapta-se como uma luva aos atuais tempos de post-truth politics: eis visão distópica de reino quase todo sob ocupação nazi. Colaborar ou confrontar o inimigo é dilema que permeia o espírito do Det Supt Douglas Archer, protagonizado por Mr Sam Riley. O thriller abre em 1941, justamente com voo de Spitfire timonado por piloto da Luftwaffe que logo cairá na mira da resistência. Com realização de Mr Philipp Kadelbach e produção da Sid Gentle Films, o drama conta com desempenhos de Mrs Kate Bosworth (Barbara Barga), Mr Lars Eidinger (Dr Oskar Huth), Mr Rainer Bock (Fritz Kellermann) e Mr James Cosmo (Harry Woods). O primeiro episódio cativa pela alternativa trama histórica e sensitiva coloração da fotografia, mas absurdas oscilações no som durante os diálogos deixam a desejar. A One compromete-se a corrigir os níveis do áudio no resto da série. — Humm. Realistically recognizes Master Will with that old shepherd Corin in As You Like It how different ranks require different ways of being: — Those that are good manners at the court are as ridiculous in the country as the behaviour of the country is most mockable at the court. You told me you salute not at the court but you kiss your hands. That courtesy would be uncleanly if courtiers were shepherds.
Her Majesty The Queen soma mais um first. Elizabeth II comemora hoje o ano 65 do seu reinado. O marco histórico é único em toda a longa lista de monarcas de Great Britain.
Aos 90 anos, HM vivencia o Sapphire Jubilee. — Et très bien. Notre sincères félicitations à Sa Majesté la Reine. A Prime Minister RH Theresa May recebe o Israeli PM Mr Benjamin Netanyahu no 10, com o comércio e a paz internacional na agenda. Já a House of Commons vota favoravelmente a European Union (Notification of Withdrawal) Bill, com expressiva maioria de 384 MPs (For - 498, Against - 114). — Well! We’re on our way. Nos US é a máxima animação e apenas vamos nas primeiras manobras da Trump Administration. As presidenciais gaulesas igualmente avançam a todo o vapor. As sondagens credibilizam temida vitória da eurocética Madame Marine Le Pen face à queda do conservador M François Fillon e ao media building centrista em torno do eurófilo M Emmanuel Macron. Em tempos interessantes, disparam as vendas globais do profético “1984,” de Mr George Orwell. Mr Alastair Cook abandona o posto de England Test cricket captain.
First signs of an Early Spring at Great London! O dia é hoje marcado a azul água, após mais um fim-de-semana com marcha de protestos contra a “Trump travel ban” entre Trafalgar Square e as Houses of Parliament. Nos Commons, com o Brexit vote ainda a pairar, o Speaker une a voz contra o US President e anuncia que recusará dar-lhe ocasião para ali discursar durante a programada Summer State Visit. Tal precedente em Westminster surge depois de RH John Bercow quebrar outra tradição da casa: libertar os oficiais de usar as tradicionais wigs, gesto blaireano por cá rotulado como “a executive order.” A magna ebulição política contrasta com o recato de Her Majesty em data especial. The Queen passa o Sapphire Jubilee em privado, no Sandringham Estate, local onde ocorreu o passamento do pai King George VI que dita a inesperada subida ao trono a 6 February 1952. Ainda assim, o aniversário é publicamente saudado. Uma salva de 41 canhões soa esta manhã, em Green Park, e Buckingham Palace divulga fotografia oficial, tirada por Mr David Bailey em 2014, com Elizabeth II ostentando as safiras recebidas do rei aquando do casamento em 1947. Cabe à PM May assinalar “another remarkable milestone for our remarkable Queen” com nota afetuosa: “She has truly been an inspiration to all of us.”
Com Mr Trump inescapável na praceta global e amigos vários a ensaiarem petição de uma DJT talk free-zone, destaque final para uma inventiva iniciativa para as bandas de Yorkshire. O caso denota o empreendorismo dos ilhéus em vésperas de rumarem para unchartered waters, quiçá em ato de populismo nacionalista a ensaiar futuras formas da New Cold War nas mercearias.
Uma quinta de esturjão atlântico lança agora no mercado the world’s first ethically sourced caviar. Curiosa etiqueta, não?! Ao invés da pesca nas migrações para retirar as preciosas ovas, a KC Caviar massaja inofensivamente as belugas para as obter. A medida é amiga do ambiente. — Humm. Yet Master Will exactly show at The Twelfth Night how some creatures knows to play the game: — I can no other answer make, but, thanks, and thanks.
O discurso da senhora é fantástico, simplesmente fantástico. Ecoa o espírito do lugar e dos seus heróis, a Philadelphia que em 1776 acolhe a Declaration of Independence dos Founding Fathers.
Em Philly de novo ergue RH Theresa May a tradição da Magna Carta e os valores que ancoram “the promise of freedom, liberty and the rights of man.” Só depois de ali falar ao Republican Party Congress e recordar que a NATO é “the cornerstone of the West’s defence,” avança a Prime Minister para o primeiro encontro com o US President Donald John Trump de uma líder ocidental. É ouvida e certifica-nos do facto em Pennsylvania Avenue. — Chérie, la conviction déplacera des montagnes. A PM inicia em Washington um périplo diplomático que também a conduz a Ankara e a Dublin, durante o qual poupa futuras hipotecas às organizações internacionais fundadas no pós II World War. No UK, em vésperas de mais uma votação histórica, a House of Commons debate a European Union (Notification of Withdrawal) Bill. — Humm! But doubt is the beginning of wisdom. A US Administration confirma a tinta de Executive Orders que vivemos já num… Brave New Trumped Wordl. As primárias francesas votam Monsieur Benoît Hamon como candidato à esquerda da esquerda, abrindo espaço à polarização total no debate presidencial. Um deslumbrante Mr Roger Federer soma o seu 18th Grand Slam após bater Mt Rafa Nadal no Australian Open. Sir John Hurt parte.
Misty, rainy & polar days in Central London! Às voltas com febricitante gripe, eis serenata à porta for two hours. De Trafalgar Square a Westminster Square marcha ruidoso protesto contra os controlos fronteiriços erguidos nos States pelo President Donald Trump. Informam que, em maior ou menor número, ao frio e à chuva, idênticas manifestações percorrem outros lugares do mundo. Não sei se sou eu ou o media frenzy (o senhor não sai das manchetes), mas intui-se a moral panic quando ao que Washington faça. Tudo corre como anunciado, todavia. O “extreme vetting” que ora agita as gentes surge na linha das suas “strong borders,” cujo rigor é sabido por quantos para lá viajam. Se são debatíveis as “unintended consequences” do travão temporário à entrada de cidadãos de sete países do cinturão islâmico, tidos como ameaças à segurança nacional, anda aqui um outro elemento deveras perturbador. O senhor é eleito com um manifesto. Assim que entra em funções, começa a aplicar as políticas que apresentara a votos e lhe entregam as chaves do Oval Office. Imaginem se a moda alastra? Políticos a executar as promessas eleitorais? Truly shocking, indeed! Afinal, a democracia é coisa má ― nem sempre ganham os mesmos sob regras iguais para todos, o poder é efémero e a mudança dispensa o derramamento de sangue! Na House of Commons, entre apaixonados mas repetidos argumentos pró e contra a Brexit, o SecSExEU RH David Davis enquadra o debate sobre o famossíssimo Article 50 com uma pergunta: “Do we trust The People?” Nas bancadas da Most Loyal Opposition é o caos habitual, com anunciada rebelião no Labour Party contra a disciplina de voto (favorável) exigida por RH Jeremy Corbyn. Restam os coesos blocos minoritários dos Lib Democrats e dos independentistas do SNP para travar o divórcio com Brussels. Revogarão o voto referendário? A EU Bill logo seguirá para escrutínio nos indefinidos Lords. Fascinante procedimento, não é?
Nas paredes das Houses of Parliament ressoam ainda os sucessos primoministeriais e a boa vontade gerada nos States pela visão da Global Britain. Deixando os detalhes da reunião entre Mrs May e Mr Trump, por cá rotulado como "the greatest diplomatic challenge for a British politician in living memory" entre entusiasmos por “free trade deal after Brexit” e polémicas por visita de estado ”to come and meet The Queen,” destaco a admirável declaração da PM durante apinhada conferência de imprensa na White House quando aponta para o presidente, afirma que este está “100% behind NATO” e liquidifica o seu áspero criticismo eleitoral contra a aliança de defesa. Se um suspiro de alívio soa nos quartéis-generais, que leitura disto faz Moscow ou Beijing? Mr Vladimir Putin é um dos líderes europeus com quem Mr DJT dialoga por telefone, depois da cimeira USA-UK, a par de Frau Angela Merkel e de Monsieur François Hollande. Pouco transpira destas conversas cruzadas, mas o silêncio do Oval TweetOffice revela frescos cuidados no almejado desanuviamento nas relações com o Kremlin por parte da nova administração. Tema forte na cimeira atlântica, a Premier aborda-as abertamente para recordar o credo “trust but verify” com que Ronald Reagan e Margaret Thatcher lidaram outrora com a URSS de Mikhail Gorbachev. Sob a luz de renovado trilho internacionalista, deixa RH Theresa May churchilliana advertência no discurso de Philadephia: “With President Putin, my advice is to engage but beware.”
Já o grande Sir John Vincent Hurt (1940-2017) parte nestes dias para a eternidade, deixando-nos legado onde avulta aquele espantoso grito de alma que estremece profundamente quantos visionam The Elephant Man: “I am not an animal! I am a human being. I.. am.. a Man!”
Se a película a preto & branco de Mr David Lynch sobre a história do deforme Joseph Merrick na Victorian England marca a estação cinéfila de 1980, arrecadando prémios e nomeações onde os havia, dos Oscars da Academy aos British BAFTA, do US Golden Globe ao French César Award, é a voz do protagonista que acaba por vencer a barreira do tempo; e com esta, o seu espesso portador. E é ainda aquele seu timbre único que evoca a fragilidade da dor, a brevidade do sorriso ou a rugosidade do sarcasmo a marcar épicos Winston Smith no orwelliano 1984 (Michael Radford, 1984), Max em Midnight Express (Alan Parker, 1978) ou Control em Tinker, Tailor, Soldier, Spy (Tomas Alfredson, 2011). HM Elizabeth II fê-lo Commander em 2004 e Knight da Most Excellent Order of the British Empire em 2015. Na forja póstuma, decerto para a galeria de nostálgicos fãs com um urbano So Long.., o ator de Chesterfield deixa cinco filmes por estrear. Fica o farewell ao homem, até próximo contacto com o talento. — Humm. Even Master Will plays with the perplexed when confessing the deeds in his Sonnet CX: — Alas, 'tis true I have gone here and there / And made myself a motley to the view, / Gored mine own thoughts, sold cheap what is most dear, / Made old offences of affections new; / Most true it is that I have look'd on truth / Askance and strangely: but, by all above, / These blenches gave my heart another youth, / And worse essays proved thee my best of love. / Now all is done, have what shall have no end...
Mais um herói da Britcom parte. Aos 75 anos deixa-nos o talentoso Mr Gorden Fitzgerald Kaye, aka Gordon Kaye ou antes o Monsieur René Artois de ‘Allo ‘Allo!
No passamento do protagonista da farcical masterpiece, ressoam por momentos as façanhas do dono do Café Rene quando o US President Donald J Trump profere peculiar Inaugural Address em Capitol Hill, HM Government perde o Brexit Challenge no Supreme Court e vários MPs conspiram as 1001 emendas à Article 50 Bill. — Pour moi c’est le ‘Au revoir, chére Renu’. A Prime Minister Theresa May prepara o primeiro encontro com o novíssimo líder do Free World e, ironia q.b., cabe-lhe a defesa da European Union e da NATO em Washington DC. O 45th President of the United States of America jura o oath of office entre a tradicional military pagentry e marchas globais de protestos, para logo declarar guerra aos jornalistas, revogar leis sobre a cessação da gravidez e rasgar o acordo da Trans-Pacific Partnership. Na saída de White House do gracioso Mr Barack Obama, o No. 10 silencia ido caso de alegada falha num US-UK míssil Trident. — Humm! Farewell, Mister President. Mrs Michelle O'Neill sucede ao lendário Mr Martin McGuinness no leme do Sinn Fein e ruma às eleições de 2 March para Stormont. As primárias da esquerda gaulesa surpreendem com o corbynista Mr Benoît Hamon a ultrapassar o centrista ex PM Manuel Vals. La La Land de Mr Damien Chazelle avança para os 2017 Oscars com 14 nomeações, entre as quais as de melhor filme, cinematografia e ator/a.
Absolute freezing foggy days here in London! Também a new trade environment para cá navega após 72 horas da Trump Presidency nos USA. A Inauguration traz novo credo: “America First,” expressa em duas regras: “Buy American and hire American.” And what a extraordinary start! Com vedetas a trautear tolices nas ruas em volta e multidão feminina a protestar contra propagada misoginia do senhor pelas capitais do mundo, com a do Thames incluída, o discurso na histórica escadaria do Government District apresenta singular lavra dos sound-bytes matraqueados durante a longuérrima campanha eleitoral. Confirma a ‒ I am afraid to say ‒ pedestrian simplicity que seduz o eleitorado norteamericano. Um passo da oratória comove até. Observem o raciocínio. Um: "For too long, a small group in our nation's capital has reaped the rewards of government while the people have bore the cost. Washington flourished, but the people did not share in its wealth. Politicians prospered but the jobs left and the factories closed." Dois: "The establishment protected itself, but not the citizens of our country. Their victories have not been your victories. Their triumphs have not been your triumphs. And while they celebrated in our nation's capital, there was little to celebrate for struggling families all across our land." Donde, três: “We are not merely transferring power from one administration to another or from one party to another, but we are transferring power from Washington, D.C. and giving it back to you, The People.”
Estes são dias de alta intensidade junto ao Potomac River. Ouvem-se things like the Truth, ditas “alternative facts.” E há a renovada decoração. O busto de Sir Winston Churchill regressa ao Oval Office e o novo landlord ainda muda as Obamian dark red para Trumpian gold curtains. Daqui sairá tumultosa torrente de Executive orders e o Mexican Wall. Façamos, pois, como diz o bom Pope Francis: “Wait and see.”
Mas o grande tema da talk in town é a (previsível) derrota governamental no Supreme Court ao redor da Brexit. Invocando a secular Law of The Land, 11 juízes deliberam que é necessário um Act of Parliament para acionar o famoso Article 50 do Lisbon Treaty e abrir ao processo oficial de saída do UK da European Union. O veredicto resulta de uma maioria de 8-3. Qual é o seu efeito? No imediato, nenhum. O May Govt avança agora com uma resolução parlamentar nos Commons, a acordar em White Paper com os Lords. Que os eurófilos cerram fileiras interpartidárias é óbvio, mas a relação de forças indica que o rogo de divórcio com Brussels soará em previsto March 2017. Ainda assim, o alerta às barcas vibra no Thames. Antes da identificação dos MPs que contrariem o referendo popular, o Daily Mail aponta os últimos heróis de Westminster Square ao titular "Champions of the People" com as fotografias dos three justices que escoltam o HM Government no Miller and another v Secretary of State for Exiting the European Union Case. Aliás, mais relevante que o majority judgment é a sentença dada às ambições de Scotland: “The devolution Acts were passed by Parliament on the assumption that the UK would be a member of the EU, but they do not require the UK to remain a member. Relations with the EU and other foreign affairs matters are reserved to UK Government and parliament, not to the devolved institutions.”
O bravo mundo in the making tem traços do divertido caos de 'Allo 'Allo!, a clássica série da BBC passada na France durante a ocupação nazi e que fixa no imaginário saudosa trupe. O sarapatel sob aparência de normalidade em típica Nouvion resulta de hilariante trama da dupla David Croft & Jeremy Lloyd, onde nunca se sabe o que acontece a seguir a nacionalizadas personagens com lapsos glóticos tipificados no “Good moaning” do Eng Gendarme Crabtree. Recordareis o fio da continuous sitcom transmitida de 1984 a 92. São 85 episódios de puro non-sense centrados na tela da Fallen Madonna, que só colam com os monólogos iniciais do genial GK para a câmera. Temos o patrão do café como relutante herói na guerra contra Herr Hitler, envolto em sarilhos de saias com as empregadas “OOhhgggghhhhh Rene” e gaslightining esposa de aflautadas cantorias, dividido entre negociar com London a fuga dos oficiais ingleses que esconde na adega, os Airmen Fairfax e Carstairs, e agradar aos clientes alemães, o Colonel von Strohm e o Captain H Geering, o Major-General von Klinkerhoffen ou o Gestapo Officer Flick. Assistir a todos é difícil. — Hans: “We are Germans! To have our uniforms made in London must be against the rules!" Temos ainda a Resistance, liderada por intrépida Michelle e o “Listen very carefully. I shall zay ziss only once.” A polémica em torno da farsa só estala quando Madame Fanny por ali aparece a tricotar. Por regra surda e acamada, a sogra surge com knits Brit style quando “any French woman of the time would knit Continental style instead!” Afinal tudo começara com The British Are Coming, mas o próprio Renu Atwah explica: “Of course. How quickly I have lost the thread of this tapestry of intrigue." —Goodbye, Monsieur Gordon Kaye. And, Thank you.
Com a poeirada de desinformação que se levanta no West, deixo tributo final com outra exemplar ironia situacional. Ainda que, segundo os manuais, em política, o que parece é, na realidade, nem sempre o que parece ser o é. — Humm. Remember how Master Will handle his major ironic turn with those two young lovers of Verona. Thinking that will hear a love story, it is actually a tragedy: — Go hence, to have more talk of these sad things / Some shall be pardon’d, and some punished / For never was a story of more woe / Than this of Juliet and her Romeo.
“I do solemnly swear.” Antes de proferir o oath of office a 20 January 2017 como 45th President of the United States of America, logo, por inerência: The Leader of The West, Mr Donald John Trump afirma em entrevista ao The Times clássica frase definidora: “I am not a politician.”
À altura de Quintus Tullius Cicero, pois, logo rasga o US Foreign Policy Playbook. Aplaude a Brexit como “a great thing,” censura Der Bundeskanzlerin pela sua política de abolição de fronteiras e ainda rotula a NATO como “obsolete” e prefetiza que a European Union está “doomed to break up.” A moderação não residirá na White House. — Chérie! Charbonnier est maître chez soi. Com promessa transatlântica de rápido acordo comercial e notável popularidade, a Prime Minister RH Theresa May aposta em “clean break” com a EU. O Sun tudo sintetiza como “Great Brexpectations.” — Well! A farmer has a fox, a bag of grain, and a rooster that wants to ferry across a river. Northern Ireland embrulha-se em nova eleição ao longo das suas velhas clivagens políticas. O Centre Pompidou comemora 40 anos e avança com restauração de €90m que reedita a controvérsia arquitetónica no centro histórico de Paris that we know. A Oxfam descobre a relatividade material quando oito bilionários possuem hoje metade da riqueza terrestre. Para a eternidade partem Lord Snowdon, o galã outrora casado com a Princess Margaret, e Mr Eugene Cernan, the last man to walk on the Moon.
We are were we are. And what a weird political week! Snow, full moon, strikes and The Donald! Se à neve por cá sobrevém chuva suave entre a torrente de greves e a crescente agitação no NHS, a semana é tempestuosa na Europe within extraordinary events in New York. De além oceano abundam desordenados sinais de que The US Inauguration não trará a mesma America com um diferente presidente. O Trump phenomenon espalha ondas de choque em torno do globo e o senhor ainda nem sequer tem as chaves do Oval Office. Incoming, tanto acusa a prestigiada CNN de ser “fake news” como aponta o dedo a Frau Angela Merkel como responsável de “a catastrophic mistake” nas políticas da emigração. Os episódios possuem lastro e consequências. A chanceler pede pronta audiência ao sucessor de Mr Barack Obama. No imediato, porém, fica sem resposta. Com eventual germanofobia no horizonte, pesa também a nebulosa visão de reforma na NATO: “big, bureaucratic, costly and obsolete.” Aqui, DJT estremece o continente europeu até aos Urals. E avulta a vontade indefinida do President-elected de apaziguar as glaciais relações entre Moscow e Washington, precisamente quando a CIA&co desbrava a cyberwarfare dos russos e Mr Vladimir Putin ocupa parcela da Ukraine. Mas visíveis são já os contornos de cedo Reykjavik Summit 2.0. Donde: aspirando a erguer uma nova ordem mundial, tem Mr Donald J Trump a estatura de um President Ronald Reagan? E qual o papel da special relationship?
Na entrevista ao Times, realizada em simultâneo com o Bild e conduzida por nenhum outro senão o Tory MP Michael ‘Knife’ Gove, o abrasivo eleito tem doces palavras para com o reino da mãe: Mrs Mary Anne MacLeod, uma escocesa de Tong (Stornoway) que, em November 1929, aos 17 anos, embarca no S.S. Transylvania rumo a New York City. O US President-elected DJ Trump promete agora tratado comercial com o UK, “fair, quickly and properly,” enfatizando querer conhecer a Queen Elizabeth II, cooperar com HMGovernment e ver a Brexit como “a great thing”. Dois dias depois é a vez de a Prime Minister Theresa May marcar a fogo a agenda mediática. Dentro de poucas horas, no cenário imponente de Lancaster House, em pleno Mall de London, num major key-speech, a PM repetirá que “Brexit means Brexit” e clarificará que o divórcio com Brussels será “a clean break.” Ou seja, diz não a qualquer acordo híbrido. Espera-se que o No 10 apresente a 12-point plan for Brexit, destilado dos quatro princípios de início traçados: “Certainty and clarity, A stronger Britain, A fairer Britain & A truly global Britain.” Nestes termos proporá Downing Street a "new and equal partnership" entre uma "independent, self-governing Global Britain" e os “friends and allies in the EU.” A frase-âncora é claríssima e sanguínea será a reação dos mercados: "Not partial membership of the European Union, associate membership of the European Union, or anything that leaves us half-in, half-out.” Depois, é o clarim real a reunir.
Na curiosa conjuntura que corre, na alva até de cimeira na Hofdi House em Reykjavik (Iceland), eis também a BBC a retomar a dramatização dos clássicos de espionagem de Mr John Le Carré. Com perfeito sentido de oportunidade face ao kompromat dossier em circulação sobre alegados laços do próximo inquilino do Oval Office com o Kremlin, 35 páginas da autoria de um ex profissional do MI6 saído da cepa de Cambridge e que um furioso Donald JT desmente por inteiro (na mais extraordinária conferência de imprensa de que há memória, e obrigatoriamente a ver), a companhia pública agenda a first onscreen adaptation de The Spy Who Came In From the Cold. Recordareis ainda a notável versão cinematográfica de Mr Martin Ritt, de 1965, também britânica, a preto e branco, protagonizada por Mr Richard Burton (como Alec Leamas), Mrs Claire Bloom e Mr Oskar Werner. Se o filme é um must-see e o livro é um best-seller, altas expetativas envolvem este regresso à intriga internacional no pico da Cold War, em torno do checkpoint Charlie, numa murada Berlin preenchida pelas subtilezas de agentes duplos em perigosa pirâmide de matrioskas. — Humm. Always beware of the swift metamorphose of all things as Master Will resonate in his Sonnet LXIV: — When I have seen by Time's fell hand defaced / The rich proud cost of outworn buried age; / When sometime lofty towers I see down-razed, / And brass eternal slave to mortal rage; / When I have seen the hungry ocean gain / Advantage on the kingdom of the shore, / And the firm soil win of the watery main, / Increasing store with loss, and loss with store; / When I have seen such interchange of state, / Or state itself confounded to decay…
O mínimo que se pode dizer das suas palavras na DePauw University, nos United States, é revelarem misto de fortitude, reserva e juízo fino. A heróica atitude marca também. É o primeiro discurso público de Sir David Cameron após abandonar o 10 Downing Street, na sequência da derrota no euroreferendo.
A incrível polarização que o ato revela e o populismo reativo que lhe custa a cadeira do poder, levam agora o antigo PM a apelar aos líderes políticos que corrijam a rota do West. — Chérie! Une bonne action n'est jamais perdue. De reforma fala justamente o Engenheiro António Guterres na posse como Secretary-General das United Nations. Ao lado, na New York Public Library, pedem-se “gatekeepers of sense” e ecoa atónita interrogação do Nobel Professor Paul Krugman: “What’s going on?” Entre o 23rd June e a Time’s Person of the Year, aquém e além Atlantic Ocean, vários ensaiam explicar os extraordinários eventos políticos de 2016 e os desafios do próximo futuro. Fio comum nas prédicas sobre o volátil estado do mundo é a kind of high class group think no desfiladeiro aberto entre a elite global e os locais comuns. — Hmm! Is yet a word to the wise enough? O Supreme Court prepara o Brexit verdict para January e Mrs Theresa May ocupa Westminster. Os Conservatives vencem a eleição em Sleaford & North Hykeham, secundados pelos ukippers e remetendo o Labour Party para terceiro lugar. O US President-elected DJ Trump envolve-se em nova controvérsia, desta feita com a CIA, ao desmentir a agência sobre alegada perturbação informática russa nas eleições. O Isis volta a atacar Palmyra, sendo repelido por aviões de Moscow, enquanto o governo sírio ultima a vitória militar em Aleppo. Europe e Italy esperam o novo governo de Mr Matteo Paolo Gentiloni.
Gently low cloud rains but still a cold London. A tradição convida a voto de a Christmas Eve with balmy snow. Daí a surpresa do novo elo à Christ-Mas (ler Midnight Mass Communion Service). A frase em volta é agora: Please, please, do not go on strike. It is Christmas. Nem menos! Ambos por excêntricas questões, os sindicatos do Post Office e do Southern Rail enveredam pelo grevismo e espargem deslocado infortúnio na vida de milhões. Se os ferroviários usam servir descontentamento no travão à modernização e a engenhosa empresa strongly advise os passageiros a não viajar durante a paralisação, é a greve de cinco dias nos privatizados correios que cá empalidece com a ideia de atraso nas cartas familiares e cartões de amizade. O desapontamento aqui, colhe acolá. Nove em cada 10 conservadores creem que a radical estratégia unionista do Labour de RH Jez Corbyn lhes concederá a maioria nas próximas eleições gerais no reino. A Tory hopefulness é ainda a nota dominante nas perspetivas globais traçadas nos States por discreto RH David Cameron… após defender a sua própria decisão de convocar o referendo britânico que tudo começa a mudar.
A palestra aos estudantes da Depauw University atrai atenções e segue passadas ilustres. Em Neal Fieldhouse, a 40 milhas de Indiana, discursam ao longo dos anos os honoráveis exs Mr Tony Blair, Mr Bill Clinton e Mr Mikhail Gorbachev. Rever Sir Cameron em público, tão igual e tão diferente, obriga a pensar na vertigem que sempre é a ascensão e queda do poder. Há apenas seis meses atrás, estimava o autoritativo residente no Number 10 gerir cuidada saída do Westminster castle até 2020. Um só voto popular lança-o para o percurso dos has been. Ei-lo na DePauw's Timothy and Sharon Ubben Lecture Series ainda em ensaio explicativo dos acontecimentos. O título do seu discurso, "The Historic Events of 2016 and Where We Go From Here," abre significativamente: "Obviously the first question that you ask in response to that is how on earth did we get here?" Por instantes toca o ex PM no essencial que motiva as gentes a abraçar o desconhecido quando já se sentem estrangeiros na sua terra. Aponta o “Euro turmoil” e o “movement of unhappiness” para se deter no "cultural phenomenon" que levanta os “political headwinds that shifted this year” entre as forças do populismo e do extremismo. Nos termos cameronianos: "In some of our countries the pace of change has been too fast for people to keep up with. People are concerned that the country that they're living in is not the country that they were born into, and they see that change as happening too quickly.” Daí o oxoniano apelar a elementar regresso aos valores ocidentais das democracias liberais, "values of democracy, values of market economics, values that have undoubtedly improved the world and our countries' place within it." Neste back to basics enfatiza o Tory man que, "as someone who is pro-globalization, pro-immigration, pro-market economics, […] we have to understand these two phenomenon and make a major course correction if we're going to keep on the path to a successful globalization from which we can all benefit."
Pelas ilhas quase tudo decorre já nas vestes epocais. Charles of Wales e a Duchess of Cornwal madrugam no envio de um caloroso cartão de boas festas, mas o Prince Andrew of York antes se ocupa com “a number of stories” que andarão por alguns reportes menores acerca dos Royal titles. O executivo passa na House of Commons categórico voto sobre The Government’s Plan for Brexit, com 448 Ayes e 75 Noes. Em nome da Prime Minister, o Sec of State RH David Davis ganha o dia sem especial esforço. RH Boris Johnson regressa às manchetes por denunciar as “proxy wars” financiadas por sauditas e iranianos, momentos antes de rumar para o Arabian Golf em missão de alta diplomacia. Para a eternidade parte nestes dias um jornalista maior: AA Gill (1954-2016), cuja última crónica no The Sunday Times reafirma que redigir com estilo e eloquência é intrínseco a quantos respiram a palavra e inspiram no mundo das ideias. Um outro gigante que impulsiona para cima o acompanha na viagem galática. Aos 95 morre o astronauta John Glenn, aquele mesmo que, em 1962 February 20, durante cinco memoráveis horas, pela primeira vez orbita a azul esfera terrestre e comunica “the beautiful view.” — Well. Remember also that great admirer of the skies as is ours Master Will, born in the same year of Messer Galileo, on the real worth of planets vs meteors in his Sonnet 14: — Not from the stars do I my judgement pluck, / And yet methinks I have astronomy. | But not to tell of good or evil luck, / Of plagues, of dearths, or season’s quality; / Nor can I fortune to brief minutes tell, / Or say with princes if it shall go well.
Great politics; great events! No Cenotaph, em Whitehall, emoldurada pelo povo e escoltada pelos líderes políticos, religiosos e militares, com a Royal Family e os representantes da Commonwealth of Nations, HM The Queen Elizabeth II preside a cerimónia pela paz no Remembrance Sunday.
Além Atlantic, após os instintos primários em abominável Circus Maximus, eis Mr Donald John Trump como 45.º presidente dos United States of America. Com o busto de Sir Winston S Churchill de novo a caminho do Oval Office, os atlantes are going back to the front of the queue. RH Nigel Farage reúne em New York com o recém eleito. — Chérie! Battre le fer pendant qu’il est chaud. Temem pela Pax Americana. O NATO Secretary General, Mr Jens Stoltenberg, adverte que "going alone is not an option either for Europe, either for the US." Já Frankfurt e Herr Wolfgang Schäuble acolhem a Euro Finance Week, para debater a Brexit e a banca de dinheiros em encontro onde pontua o ECB VP Vítor Constâncio. Temem pela Lex Germanica. — Hmm! I don't want to rain in your parade. Em vésperas da decisão no Supreme Court sobre o ready-to-go, o HM Government prepara o post-Brexit e planeia investir bilions na economia. Paris reabre o Bataclan, um ano após o horrífico atentado terrorista do 13/11, com Mr Sting no centro do concert hall. Os aliados tomam a histórica Nimrud ao Isis no Irak. Parte um samaritano da poesia, da música e da espiritualidade, presença muito cá de casa. Com Monsieur Leonard Cohen viaja o suave Mr Robert Vaughan. Hoje é noite da largest moon in 69 years.
Beautiful but freezy sunny days at Central London, And, what a remarkable week! O fantástico elo entre a lua e a humanidade vive hoje momento alto ao crepúsculo, com o esplendor brilhante perante nós da largest moon since 1948. A maior das proximidades entre corpos celestes sucede a um emotional day of remembrance no Cenotaph. Her Majesty The Queen conduz as homenagens nacionais aos caídos de 1914-1919 em cerimónia onde a Prime Minister RH Theresa May saúda “those Servicemen and women killed in all conflicts since the First World War.” O reino faz dois minutos de silêncio nos memoriais ao sacrifício dos seus, enquanto London ouve os canhões e a passarada ao ritmo das bandas militares na tradicional romagem dos veteranos. Em honra dos Glorius Dead, a abrir a parada do Armstice Day com inconfundíveis palavras Mr Rupert Brooke, o Prince Harry of Wales belíssimamente recita The Soldier no National Arboretum: “If I should die, think only this of me: / That there's some corner of a foreign field / That is for ever England. / There shall be / In that rich earth a richer dust concealed; / A dust whom England bore, shaped, made aware, / Gave, once, her flowers to love, her ways to roam, / A body of England's, breathing English air, / Washed by the rivers, blest by suns of home. || And think, this heart, all evil shed away, / A pulse in the eternal mind, no less / Gives somewhere back the thoughts by England given; / Her sights and sounds; dreams happy as her day; / And laughter, learnt of friends; and gentleness, / In hearts at peace, under an English heaven.”
Os ventos atlânticos sopram forte. O dito impossível, aqui previsto nos idos de January, acontece no derby do Oval Office. Contra todas as certezas da Press e do coro dos intelectuais prête-à-porter, vence Mr Donald J Trump. Para simplificar a Part II, resumamos o Trumphenomena com fórmula do tipo coca-cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se. E resulta em pleno a operação política de terraplanagem. Os Republicats ganham a White House, o Senate e a House of Representatives, plus as chaves do Supreme Court. Não é de todo a marcha final do Chorus of the Hebrew Slaves, na Nabucco de Messer Verdi, pois mais bastiões vão em breve cair, mas as elites daquém e dalém finalmente estremecem com novo choque eleitoral de magnitude maior. Ainda assim, ao erguer das Atlantic Towers, algumas reagem com algo de Marie Antoinette no “Qu’ils mangent de la brioche.” No triunfo de Washington, quiçá consciente do imperial memento mori, porém ainda com unfinished businesses na bagagem, DJT é gracioso com quantos derrota. E aqui dois retratos de Tara. Bold and strong, Mrs Hillary R Clinton concede a presidência em discurso de valores maiores enquanto o President Barack Obama recebe na White House aquele que tingira como “unfit for the job.” Ora, visionar os dois homens juntos na sala presidencial tem tanto de estranho quanto de fascinante: o vitorioso street fighter que lhe negara até reconhecer o direito de berço e o cool leader que o fustigara sem dó durante the most bitter campaign ever. Diversa imagem oferece risonho encontro do New Hair Force One com RH Nigel Farage MEP, aquele um proud son de mãe escocesa e este the first British politician a reunir com o US President-elected, antes mesmo de este telefonicamente falar com Mr Vladimir Putin. Agora com o Real Donald ao leme, corrigidos que sejam os 3 M’s de Mexicans, Muslims & Misoginy, claro que a conspiração das circunstâncias continua.
As resistências à mudança do insustentável new normal igualmente prosseguem, lá e cá. Os locais Daily Mail, Sun e Daily Express estão debaixo de fogo de um ente autodenominado Stop the hate, que os quer enquadrar como veículos de xenofobia e de racismo. Pedem a anunciantes e leitores que os silenciem. Por acaso, só por acaso na campanha dos Newest Illiberals, o traço comum dos três jornais é terem uma posição editorial pró-Brexit. Fechemos antes, pois, com nota devida ao senhor Leonard Cohen (1934-2016). Emocional e intelectualmente, for me, one of the greatest ever, com lugar reservado no coração, na pele e nas horas vagas. Tanto que hesito como dizer farewell. Há You Want It Darker: what we know so far e profético “know that I am so close behind you that if you stretch out your hand, I think you can reach mine”; e há a tela familiar de Call you grass e “call you wind-bent slender grass / say you are full of grace /and grown by the river / Say what country / say what river / say what colour / Tell where is the clock / in the rose's face / tell where are the speared hands / bending the fences over / Call you loving in whatever room / in orchards on seas / knowing not whom you leave / whom you pass / who reaches after.” Com um profundo obrigado pela beleza, have a good journey, marvellous friend. See you, down on the road. — Well, well! Remember how Master Will blissfully plays with The Mechanicals and that Athenian craftsmen Bottom surrounded by some indispensable comic relief in A Midsummer night’s dream: — I have had a most rare vision. I have had a dream, past the wit of man to say what dream it was.
St James, 14th November 2016
Very sincerely yours,
V.
PS: Notaram a informação ice-cream type? Após meses de tinta incendiária, que sabemos do programa político do eleito nos US? Donde: Como será e quais os efeitos da fortress America?