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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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EDGAR MORIN – TERRA - PÁTRIA: PENSAR O FUTURO…

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Ontem, dia 4 de setembro, Edgar Morin apresentou, com extraordinária vitalidade, apesar dos seus 102 anos, na Fundação Oriente, as suas ideias para o momento presente. 

A crise que vivemos resulta da tensão entre “polemos”, o debate entre ideias diferentes, “eros”, enquanto força do amor, e “tanatos” a ameaça da morte. A complexidade obriga-nos a entender um novo humanismo – refletido a partir da diversidade das culturas lusófonas.

A liberdade, a igualdade e a fraternidade têm de ser consideradas na ordem do dia. Tal obriga também a uma ecologia ativa, que não se deixe dominar por um transumanismo quantitativista, no qual a tecnologia prevalece sobre o conhecimento e sobre uma atitude centrada na pessoa humana, na dignidade e no respeito mútuo. A crise planetária, com que lidamos mal, resulta da inexistência de autênticos dispositivos de regulação. A crise global não se resume, assim, a um acidente provocado pela hipertrofia do crédito, a qual não se deve apenas ao problema de uma população empobrecida pelo encarecimento dos bens e serviços, obrigada a manter o nível de vida pelo endividamento.

Edgar Morin aponta o dedo à especulação do capitalismo financeiro nos mercados internacionais (do petróleo, dos minerais e dos cereais) e ao facto de o sistema financeiro mundial se ter tornado um barco à deriva, desligado da realidade produtiva. Patrick Artus e Marie-Paule Virard, no seu livro intitulado «Globalisation: le pire est à venir» (La Découverte, 2008): «O pior ainda está para vir, em resultado da conjugação de cinco características maiores da globalização: uma máquina inigualitária que mina os tecidos sociais e atiça as tensões protecionistas; um caldeirão que queima os recursos raros, encoraja as políticas de concentração e acelera o reaquecimento do planeta; uma máquina que inunda o mundo de liquidez e que encoraja a irresponsabilidade bancária; um casino onde se exprimem todos os excessos do capitalismo financeiro; uma centrifugadora que pode fazer explodir a Europa».

Em suma, as desigualdades que eram consideradas despiciendas afetaram gravemente a eficiência e a equidade, através da fragilização do capital social. A lógica de casino agravou os efeitos de um ciclo especulativo de consequências muito nefastas. Os egoísmos nacionais somaram-se, ainda por cima, a uma falsa consciência ecológica, incapaz de considerar o essencial, cedendo aos grupos de pressão e a perversos interesses.

A crise é, assim, multifacetada: é ecológica, pela degradação da biosfera; é demográfica, pela confluência da explosão populacional nos países pobres e da redução nos países ricos, com desenvolvimento de fluxos migratórios gerados pela miséria; é urbana, pelo desenvolvimento de megapolis poluídas e poluentes, com ghettos de ricos ao lado de ghettos de pobres; é da agricultura, pela desertificação rural, concentração urbana e desenvolvimento das monoculturas industrializadas; é ainda crise da política, pela incapacidade de pensar e de afrontar a novidade, perante a crescente complexidade dos problemas; é ainda das religiões, pelo recuo da laicidade, pelo emergir de contradições que as impedem de assumir os seus princípios de fraternidade universal. Numa palavra, «o humanismo universalista – afirma Morin - decompõe-se em benefício das identidades nacionais e religiosas, quando ainda não se tornou um humanismo planetário, respeitando o elo indissolúvel entre a unidade e a diversidade humanas».

A ideia fixa do crescimento contínuo e interminável não pode continuar. A evolução das ciências sociais e humanas obriga a entendermos a atual crise como uma via de repensamento – não apenas das circunstâncias económicas e financeiras, mas também das implicações sociais e axiológicas. A persistência nos erros que conduziram à atual situação levará a que os males das ilusões e das aparências se somem à incapacidade de perceber que os recursos escassos e que o meio ambiente estão a ser destruídos irreversivelmente. Tudo tem, afinal, a ver com o facto de o ganho a todo o custo ter substituído na ciência económica a consideração de que é a pessoa humana e a sua dignidade que têm de estar no centro da satisfação das necessidades, já que o que tem mais valor ser o que não tem preço… Temos de ver a sociedade na pessoa e a pessoa na sociedade. As democracias fraquejam, porque subalternizam essa perspetiva humanista, em que a participação e a inclusão de todos se deve ligar estreitamente a um desenvolvimento humano centrado na cidadania ativa.

A incerteza e a diversidade exigem que compreendamos as metamorfoses que correspondem à nossa vida, num diálogo fecundo com a natureza, centrado não da ideia de domínio, mas na autonomia e na solidariedade, na compreensão, na inclusão e no respeito mútuo.

EDUCAÇÃO PARA A ECOLOGIA

 

O étimo das palavras pode abrir-nos portas aparentemente difíceis de abrir. Neste caso da ecologia, temos oikos, palavra grega para casa, e logos, razão, tratado: o tratado da casa, da casa de cada um, de cada família, de cada país, da casa comum da Humanidade. A ecologia está inevitavelmente ligada à economia, e lá está de novo oikos, casa e nomos, lei, governo: cada um deve governar a sua casa, as famílias também, os países têm um governo que deve governar, e hoje, sendo todos interdependentes mais do que nunca, por causa da globalização, precisamos de uma governança global para a casa de todos, a casa comum da Humanidade. Em conexão com ecologia e economia está a ética, que tem um duplo étimo: ethos, que, segundo se escreva, em grego, com épsilon ou eta, significa, respectivamente, uso, costumes, e habitação. Assim, ligando as três palavras, a questão é esta: que comportamento ter para podermos todos habitar bem na casa comum da Humanidade?


Foi o biólogo alemão, discípulo de Darwin, Ernest Haeckel, que criou a palavra ecologia em 1866. Definiu-a, e cito o recente livro de Leonardo Boff, Uma ecologia integral, no qual me inspiro concretamente para as estatísticas, como “o estudo das relações de todos os seres vivos e não vivos entre si e com o seu ambiente. Todos vivem juntos na Casa Comum, que é a Terra, e juntos apoiam-se mutuamente para alimentar-se, reproduzir-se e co-evoluir.”


A idade do Universo é de uns 13.700 milhões de anos, com o Big Bang; a Terra terá uns 4.400 milhões de anos; a vida terá começado há uns 3.800 milhões de anos; depois, a vida foi evoluindo e complexificando-se e apareceu o sapiens e depois, há uns 150.000 anos, o sapiens sapiens, o homem actual: sapiens sapiens e demens demens, é preciso acrescentar sempre. De qualquer modo, é em nós que o gigantesco processo da evolução sabe de si, e sabemos de nós: somos conscientes de ser conscientes, somos, cada um, uma sujectividade, alguém, alguém que diz “eu” de modo único.


Sobretudo nos últimos 300 anos, com a revolução industrial e o paradigma tecnocrático e hiperneoliberal, o Homem, esquecendo que também é Terra e que tudo está ligado com tudo, como lembrou o Papa Francisco na encíclica que fará história, Laudato Sí, arvorou-se em senhor e dominador da Terra: scientia est propter potentiam (F. Bacon): a ciência é por causa do poder e é poder; somos seigneurs et possesseurs de la nature: senhores e dominadores da natureza, proclamou Descartes. No imaginário dos fundadores da sociedade moderna, lembra L. Boff, “o crescimento e o desenvolvimento movem-se em dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do crescimento e do desenvolvimento olhando para o futuro.” Pura ilusão, pois é sabido que os recursos são finitos e, num mundo limitado, não é possível um crescimento ilimitado, como há muito tempo aqui venho repetindo.


Os números estão aí, alarmantes. Assim, cálculos realizados por organismos das Nações Unidas mostram que, se os países ricos, 20% da população mundial, quisessem universalizar o seu padrão de riqueza, precisaríamos de mais três Terras iguais à nossa, que não existem.


Este tipo de sociedade, sociedade do consumismo voraz, criando inclusivamente necessidades aritificiais,  produz dois tipos de injustiça: “a injustiça social e a injustiça ecológica”, de tal modo que o grito dos pobres é igualmente o grito da Terra e vice-versa. Criam-se profundas e gritantes desigualdades sociais, a ponto de 20% da população mundial possuir 80% de toda a riqueza da Terra. As três pessoas mais ricas  do mundo acumulam activos que superam a riqueza dos 48 países mais pobres do planeta, 600 milhões de pessoas aproximadamente. Gritante: 257 pessoas acumulam mais riqueza do que 2,8 mil milhões de pessoas. O resultado desta situação reflecte-se em quase mil milhões de pessoas a passar fome e 2,5 mil milhões a viver abaixo do limiar da pobreza, sobrevivendo apenas com 2 dólares por dia. Outra consequência é que, para lá de todo o sofrimento e humilhação das pessoas, a cada ano morrem, antes de chegar aos 5 anos, 15 milhões, por causa de doenças que seriam facilmente tratáveis.


Esta injustiça social anda associada à injustiça ambiental, que se traduz no “mau trato da natureza, das florestas, dos animais, das águas, do ar, dos solos.” A espécie humana já ocupou 83% do planeta, e “ocupou-o devastando-o”. No processo da evolução, desaparecem naturalmente em cada ano à volta de 300 espécies. Mas, por causa da voracidade  humana, desaparecem anualmente entre 70.000 e 100.000 espécies. E acaba-se com a biodiversidade. A quantidade de poluentes lançados para a atmosfera produz o efeito de estufa, que causa o aquecimento global, que se tem acelerado, com o perigo grave de se exceder o limite que a Terra poderia suportar: suponhamos um sobreaquecimento entre 1,4 e 6 graus Celsius ou mais; o resultado seria, com o degelo nos polos, um aumento tal de água nos oceanos que levaria à destruição de cidades costeiras e à morte de milhões e milhões de pessoas... As alterações climáticas já estão aí e podem, segundo alguns cientistas, ter impulsionado o aparecimento da covid-19. E quem pensa nas gerações futuras?


Impõe-se pensar e agir. É da sobrevivência da Humanidade que se trata. Como escreveu o Papa Francisco, “a educação será ineficaz e os seus esforços estéreis, se não procurar também aprofundar um novo paradigma sobre o ser humano, a vida, a sociedade e a relação com a natureza.”

 

Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia

Escreve de acordo com a antiga ortografia
Artigo publicado no DN  | 13 FEV 2021

A VIDA DOS LIVROS

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   De 7 a 13 de dezembro de 2020

 

Gonçalo Ribeiro Telles publicou na revista “Cidade Nova” (nº 4, IV série, 1956) um texto pioneiro sobre a valorização da Paisagem, que merece lembrança. Hoje damos uma breve nota sobre o percurso político do nosso sócio número 1.

 

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CORAGEM POLÍTICA E ECOLÓGICA
Aquando das devastadoras inundações na região de Lisboa de novembro de 1967 uma voz desassombrada ergueu-se na televisão, rompendo as barreiras da censura, a denunciar o que se tinha passado. Então o jovem arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles veio explicar, num tom simultaneamente pedagógico e politicamente assertivo, que o desastre não era devido a um acaso nem à revolta das forças da natureza. A catástrofe, em que morreu um número muito elevado de pessoas (cuja dimensão real foi escondida), em que foram arrasadas habitações, campos e estradas, deveu-se, afinal, a uma confrangedora falta de ordenamento do território e à ocupação de leitos de cheia e de cabeceiras das bacias hidrográficas por gente que vivia em condições miseráveis de habitação. Ouvia-se quem, provindo do curso livre do Instituto Superior de Agronomia de Arquitetura Paisagista, criado por Francisco Caldeira Cabral, em 1942, em articulação com o Departamento de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa, do grande mestre Orlando Ribeiro, projetava para a sociedade portuguesa a necessidade de ligar o desenvolvimento económico à preservação ambiental. Contudo, o jovem arquiteto paisagista que deitava a pedra no charco, não era um neófito político. Católico e monárquico, era um cidadão democrata de horizontes abertos e audaciosos. Há muito que exprimia os seus pontos de vista com grande coragem. Em 1958, acompanhara outros monárquicos, como Luís de Almeida Braga, Vieira de Almeida, Rolão Preto ou Francisco de Sousa Tavares no apoio à candidatura presidencial do General Humberto Delgado. Em 1945 participara na fundação do Centro Nacional de Cultura, com Fernando Amado, Afonso Botelho, António José Seabra e Gastão da Cunha Ferreira e em 1957 apoiara a eleição de Sousa Tavares para a presidência do Centro, participando na fundação do Movimento dos Monárquicos Independentes, de feição constitucionalista.

Como cristão inconformista, subscreveu em 1959 dois documentos, que constituem marcos decisivos na preparação de uma nova fase na vida da Igreja em Portugal, após a tomada de posição do Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, e antecipando a decisão de João XXIII de convocar o Concílio Ecuménico Vaticano II. Gonçalo Ribeiro Telles será um militante ativo da nova mentalidade conciliar, ao lado dos seus amigos António Alçada Baptista e Sophia de Mello Breyner Andresen, na geração de “O Tempo e o Modo”. Aí se inserem tais documentos! Em fevereiro, o texto é sobre as relações entre a Igreja e o Estado e a liberdade dos católicos – onde o visado é Salazar, por ter dito que havia “alguns católicos”, que tinham rompido com a “frente nacional”, considerando que o assunto oferecia “graves implicações no que respeita à Concordata e mesmo ao futuro das relações entre o Estado e a Igreja”. Os signatários diziam, porém, que a Igreja não podia ser acusada de hostilidade ao Estado Novo, mas se a Ação Católica não fazia política, não deveria alhear-se do mundo. De facto, os católicos tinham o direito e o dever de se interessarem pela política – com sérias razões “para julgar que o atual regime descura aquele mínimo de respeito pela justiça e pelas liberdades fundamentais dos cidadãos, sem o qual se deve pôr em dúvida o seu acordo com a doutrina cristã”. Em coerência com estas preocupações o grupo dirigiu-se a Salazar, em 1 de março – para falar “sobre os serviços de repressão do regime”. Com exemplos concretos de desrespeito pelos mais elementares direitos previstos na própria Constituição, os signatários concluíam: “Se outros católicos, e também V. Exª, julgarem que os signatários abusam dos seus direitos de simples católicos, resta-lhes a esperança de terem procedido de acordo com as exigências da sua consciência da mesma forma que eventualmente V. Exª o fará também. E só Deus julgará a todos”. Os textos são claríssimos e marcam o início de um novo tempo, que aponta para a afirmação dos valores democráticos que culminaria na revolução de 1974. Além de Gonçalo Ribeiro Telles, encontramos entre os autores os Padres Abel Varzim e Adriano Botelho, Alberto Vaz da Silva, António Alçada Baptista, António Arnaut, Francisco Lino Neto, Francisco de Sousa Tavares e Sophia de Mello Breyner, João Bénard da Costa, João Gomes, Padre João Perestrello, José Escada, Manuel Bidarra, Manuel de Lucena, M. S, Lourenço, Manuel Serra, Nuno Teotónio Pereira, Orlando de Carvalho e Vítor Wengorovius. A iniciativa merece uma atenção redobrada, já que entre 11 e 12 de março teria lugar o chamado “golpe da Sé”, que Mário Soares no Portugal Amordaçado considera como “um movimento de clara inspiração católica, embora com a participação importante de elementos não católicos, democratas de diferentes correntes oposicionistas”, sendo a alma civil da conspiração, Manuel Serra, antigo dirigente da juventude católica e apoiante do General Delgado.

 

O MANIFESTO DOS 101
Outro documento fundamental subscrito por Gonçalo foi o chamado Manifesto dos 101, de 25 de outubro de 1965, com muitos subscritores de 1959, num grupo mais alargado (onde se encontrava José Pedro Pinto Leite, que viria a integrar a Ala Liberal do tempo de Marcelo Caetano): onde se repudia a violência e o ódio com a maior firmeza, se defende uma cultura de paz e o respeito pelas Nações Unidas, se realçam os princípios da encíclica “Pacem in Terris” e do magistério de Paulo VI, se alerta para os problemas complexos e urgentes levantados pela política ultramarina, se denuncia a repressão da PIDE, os processos judiciais iníquos, os entraves no acesso a lugares públicos e empregos particulares, as buscas domiciliárias e a vigilância policial. Gonçalo Ribeiro Telles foi, assim, um cidadão completo – desde a oposição política democrática até à participação ativa na preparação da vida democrática. Esteve ao lado do pioneirismo de José Correia da Cunha na Comissão Nacional do Ambiente e foi um governante influente depois de 1974 (fundador do PPM, da AD e do Movimento Partido da Terra), sendo autor de medidas fundamentais, como a defesa dos melhores solos agrícolas, do coberto vegetal, do relevo natural, até à classificação das áreas adstritas à conservação da natureza e da paisagem. O seu comunalismo significa, no fundo, uma democracia centrada na dignidade humana, no primado da pessoa humana e numa ecologia global, centrada na equidade entre gerações. Manuel Alegre disse por isso: “talvez a culpa seja minha, porque fui deputado e participei na construção de uma democracia que a páginas tantas se distraiu e não soube resolver problemas estruturais, como o reordenamento do território e das florestas, assim como o combate ao abandono e à desertificação do país. Não se ouviu como se devia ter ouvido o arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles. É certo que por vezes protestei, mesmo contra o meu próprio partido. Mas não foi suficiente. Não consigo calar-me e sinto-me culpado” (2017). A afirmação merece atenção especial. Estamos a tempo de não esquecer o exemplo e a experiência de quem deixou um testemunho político essencial. Os jardins da Fundação Gulbenkian são uma das suas obras emblemáticas, cuja autoria partilhou com António Viana Barreto. Um dia perguntaram-lhe o que desejava para Portugal – e respondeu: gostaria que se tornasse uma espécie de Gulbenkian…

 

Guilherme d’Oliveira Martins
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