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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

A ESCOLHA É NOSSA

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E quando o grande luto perguntar a grande pergunta, ela agirá então sobre o mundo que virá e o transportará da origem à evolução, pois que a partir daí se escolhe entre o turvo-ignorante e a decifração contínua.

A partir daí emerge-se para a grande aventura cultural.

A partir daí, os dominantes - que têm realçado o estatuto inexistente dos subalternos, exibindo-os em honrarias que os rebaixam, e atemorizando-os para que se concluam em violência numa deriva imprevisível - deixarão de os controlar como gentes-insetos sem sentido, como gentes do inacabamento do pensar.

Tragicamente, há muito que a incompletude constante das descobertas do humano levou a quem se compense através da servidão voluntária - ideia imensamente corrosiva de quem aplica esta servidão e de quem a aceita com sofrer dormente na glória de um reinado verdadeiramente inexistente.

Toda esta postura aconteceu e ainda acontece como se a história só tivesse este lugar de disputa, este caminho que nunca inicia sequer o humano sem medo.

Toda esta postura, só levou a descidas de patamares na civilização; nunca superou obstáculos fundamentais; nunca soube estimular uma natureza que se entendesse através de uma linguagem não doente.

Toda esta postura conduziu a que perceção e coisa percebida não coincidissem.

Mas podemos ainda desafiar-nos a conquistar alma e destino propício: audácia, liberdade e ideia.

A escolha é nossa!

E ela é verdadeiramente tudo o que a envolve.


Teresa Bracinha Vieira

CRÓNICA DA CULTURA

A ESCOLHA 

  


Claro que podemos ser apenas pessimistas e desistir.


Podemos mesmo dar uma mão a quem tem certezas de que o pior vai mesmo acontecer e assim sossegarmos a desesperança.


Também podemos começar algo diferente, por exemplo: deixar nascer o propósito que levará o mundo a vencer a infelicidade.


Se pensarmos que as perguntas sem fronteiras vão tanto, mas tanto para além do sistema visual humano, que não existem termos de comparação com o que não conhecemos, tanto é bastante, para que o início que nos anima o pensamento, seja suficientemente elástico e forte para, por escolha, podermos fazer face ao desespero.


Podemos, na verdade, ser um veículo do nosso raciocínio que, conseguindo ver o caminho que até hoje percorremos, procuramos agora exprimir e revelar enfim por onde se pode reiniciar mundo novo.


O embrutecimento face à dor alheia, é algo não humano, é algo “distraído” do tempo da Vida, mas que se vive é bem mais a dos quereres e dos poderes que se cruzam pelos mais diversos meios, em jeito de consumismo de conquista.


Que se não diga, então, que se desconhece a tarefa que se assumiu para aqui chegarmos.


Parece, pois, razoável acreditar - no que nos respeita - que se fomos capazes de alcançar a monstruosidade da não vida, então, em nós reside, com igual gana, a capacidade de eliminarmos grande parte dos obstáculos que impedem os homens do acesso à vida, do acesso a uma felicidade.


E tudo isto, tudo isto acontecerá quando deixarmos viver o propósito que nos leva a algo diferente, a algo que dá cor ao futuro da nossa espécie, e à água que a sacia.


Teresa Bracinha Vieira