Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Nunca esqueci a senhora Isilda, uma idosa antiga, muito bonita e viva, com filhos, que, já com 91 anos, um dia no café me esclareceu quanto ao baptismo: segundo ela, baptiza-se as crianças pequeninas para receberem o Espírito Santo que é mais forte do que Jesus e que é o Espírito falador: é ele que dá às crianças a capacidade divina para falar.
À sua maneira, a senhora Isilda tinha consciência do milagre que é falar. Quem algum dia reflectiu sobre isso -- a capacidade de falar: proferir sons articulados que transportam sentido -- falando, dizemo-nos a nós próprios, damos ordens, fazemos declarações de amor, e ódio também, ensinamos, contamos anedotas, fazemos paralisar um homem, levamos uma mulher à lua, discutimos sobre o que há e o que não há, sobre o possível e o impossível, dirigimo-nos ao Infinito... --, não pode deixar de cair no assombro interrogativo. Um corpo humano, pelo simples facto de falar, nunca deixará de constituir um enigma e mesmo um milagre pura e simplesmente. Lá está Aristóteles, que viu bem ao definir o ser humano como animal que tem fala (zôon lógon échon), sendo, por isso, animal político (zôon politikón), com a capacidade de distinguir e discutir sobre o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o bem e o mal... Ah! Se os políticos soubessem disto e agissem em consequência!...
E as palavras não são arbitrárias. Assim, muitos já estão em férias, outros irão para férias. Ora, cá está: a palavra latina feria, no plural feriae, tinha o sentido de "descanso, repouso, paz, dias de festa". No século III, a Igreja assumiu os dias da semana como dias de "comemoração festiva", enumerando-os como feria prima, feria secunda, tertia, quarta, quinta, sexta, ou, invertendo a ordem das palavras: prima feria, secunda feria, tertia feria, quarta feria, quinta feria, sexta feria. Daí, ao contrário de outras línguas, como o espanhol, o italiano, o francês, etc., que adoptaram a classificação romana baseada na divinização de um planeta: Lunes, Martes, Lundi, Mardi, etc., o português, ao seguir a designação eclesiástica, ter dado origem aos dias da semana como: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, etc. Que feira enquanto mercado esteja associada a feria deriva do facto de os comerciantes aproveitarem os dias festivos para vender as suas mercadorias — aliás, isso ainda hoje acontece frequentemente.
De qualquer modo, o importante é sublinhar, até do ponto de vista histórico e etimológico, o carácter festivo associado às férias. Isso é tanto mais significativo quanto isso mesmo está presente noutras línguas, que seguiram caminhos etimológicos diferentes. Assim, em espanhol férias diz-se vacaciones e em francês vacances. Ora, vacaciones e vacances têm o seu étimo no latim vacatio, com o significado de isenção, dispensa de serviço. Os ingleses em férias dizem que estão on holidays, e isso quer dizer em dias santos. Os alemães, esses têm Ferien ou Urlaub. Ora, a raiz de Urlaub é Erlaubnis, com o sentido de dias livres de serviço e trabalho.
É necessário sublinhar que a Bíblia faz questão de dizer que Deus deu um mandamento de um dia feriado semanal, santo, sem trabalho, para que o ser humano fizesse a experiência de que não é uma besta de carga, mas um ser festivo. Tem de trabalhar -- e duro --, mas não é besta de carga. E Jesus também trabalhou e trabalhou no duro. Quantos padres falam disso? Mas também descansou e tentava levar os discípulos para um lugar recôndito onde pudessem repousar.
Mas, aqui chegados, é preciso reflectir, pois, se pensarmos bem, os dias de descanso semanal e as férias não têm ou, pelo menos, não deveriam ter como finalidade única e última ser só um intervalo no trabalho para repor as forças, em ordem a trabalhar outra vez e mais.
As férias e o descanso semanal têm o seu fim em si mesmos: a experiência de que o ser humano é um ser festivo. É preciso ler e escrever poesia, dançar, apanhar Sol na praia, no campo, na montanha, ouvir música excelente, que nos remete para origens imemoriais e para a transcendência utópica toda. É preciso reaprender a ver o Sol a nascer no Oriente e a pôr-se no Ocidente (sabia?) e a exaltar-se com a lua enorme -- cheia -- ou pequenina que nem um fio, e com o alfobre das estrelas: isso que na cidade se não vê. É preciso voltar às alegrias simples: contemplar uma simples folha de erva, acolher o perfume de uma rosa sem porquê, como dizia Angelus Silesius, exaltar-se com o mistério de qualquer rosto humano. É preciso ter tempo para ouvir o silêncio: haverá milagre maior do que estarmos cá? Se se for fora, encontrar-se com culturas outras e diferentes modos de ser ser humano: como americano, como asiático, como africano e, de modo mais concreto, como chinês, como ugandês, como mexicano (nestes tempos de globalização, que Deus nos livre da uniformidade!). É preciso ter tempo para a família e para os amigos. Para andar solto. Para dialogar com o Infinito. Para contemplar e criar beleza: não é ela que redime o mundo, como disse Dostoiévski?
Ai de quem, concretamente nestes tempos de dispersão, de barulho ensurdecedor e correria sem fim não se sabe muitas vezes para onde, não tenha todos os dias um pouco de tempo para o melhor: estar consigo lá no mais íntimo para se concentrar e conviver com o milagre de viver — sim, viver é um milagre — e encontrar o mistério da Transcendência e Sentido.
Anselmo Borges Padre e professor de Filosofia Escreve de acordo com a antiga ortografia Artigo publicado no DN | 3 de agosto de 2024
Lembro-me bem da senhora Isilda, uma mulher muito bonita e viva, que, já com 91 anos, um dia me esclareceu no café quanto ao baptismo. Segundo ela, baptiza-se as crianças pequeninas, para receberem o Espírito Santo, que é mais forte do que Jesus, e que é o Espírito falador: é ele que dá às crianças a capacidade divina para falar.
À sua maneira, a senhora Isilda tinha consciência do milagre que é falar. Quem algum dia reflectiu sobre isso - a capacidade de falar: proferir sons articulados que transportam sentido - falando, dizemo-nos a nós próprios, damos ordens, fazemos declarações de amor, e ódio também, ensinamos, contamos anedotas, fazemos paralisar uma pessoa, erguemos alguém caído, dirigimo-nos ao Infinito -, não pode deixar de cair no assombro interrogativo. Um corpo humano, pelo simples facto de falar, nunca deixará de constituir um enigma e mesmo um milagre pura e simplesmente. Aristóteles definiu o Homem como “animal que fala”.
E as palavras não são arbitrárias. Vejamos quanto aos temas do título desta crónica.
Embora em Portugal já se note que há quem não quer trabalhar, encostando-se ao Estado, o que é facto é que temos de trabalhar. A vida foi-nos dada, é um dom, mas, depois, precisamos de, numa bela e exigente expressão, ganhar a vida, e isso significa trabalhar. Mas lá está: trabalhar é duro, como diz o étimo da palavra trabalho: tripalium era um instrumento de tortura. Sem trabalho, não há vida, e trabalhar em conjunto, colaborando (laborare + cum); penso nisso, logo ao pequeno almoço: quem semeou, quem cultivou, quem colheu, quem transportou o que eu como?…); viajo em autoestradas (desgraçadamente, até com buracos!) e não fui eu quem as construiu, num carro que veio donde e quem o montou e com peças que vieram donde e com saber feito ao longo de séculos...; e escrevo num computador...; e aprendi numa escola e em universidades e com professores… Mas é construindo o mundo que nos fazemos… E, por isso, vamos realizando uma obra: em inglês, trabalhar diz-se to work (o étimo é érgon, donde deriva no alemão a palavra Werk, com o significado precisamente de obra, e dizemos: “as obras completas” de alguém...
Em breve, temos férias. Ora, cá está: a palavra latina feria, no plural feriae, tinha o sentido de "descanso, repouso, paz, dias de festa". No século III, a Igreja assumiu os dias da semana como dias de "comemoração festiva", enumerando-os como feria prima, feria secunda, tertia, quarta, quinta, sexta, ou, invertendo a ordem das palavras: prima feria, secunda feria, tertia feria, quarta feria, quinta feria, sexta feria. Daí, ao contrário de outras línguas, como o espanhol, o italiano, o francês, etc., que adoptaram a classificação romana baseada na divinização de um planeta: Lunes, Martes, Lundi, Mardi, etc., o português, ao seguir a designação eclesiástica, ter dado origem aos dias da semana como: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, etc. Que feira enquanto mercado esteja igualmente associada a feria deriva do facto de os comerciantes aproveitarem os dias festivos para vender as suas mercadorias.
De qualquer modo, o importante é sublinhar, até do ponto de vista histórico e etimológico, o carácter festivo associado às férias. Isso é tanto mais significativo quanto isso mesmo está presente noutras línguas, que seguiram caminhos etimológicos diferentes. Assim, em espanhol férias diz-se vacaciones e em francês vacances. Ora, vacaciones e vacances têm o seu étimo no latim vacatio, com o significado de isenção, dispensa de serviço. Os ingleses em férias dizem que estão on holidays, em dias santos. Os alemães, esses têm Ferien ou Urlaub. Ora, a raiz de Urlaub é Erlaubnis, com o sentido de dias livres de serviço e trabalho.
É necesssário sublinhar que a Bíblia fez questão de dizer que Deus deu um mandamento de um dia feriado semanal, santo, sem trabalho, para que a pessoa fizesse a experiência de que não é uma besta de carga, mas um ser festivo. Tem de trabalhar - e duro -, mas não é besta de carga.
Afinal, se pensarmos bem, as férias não têm como finalidade última ser um intervalo no trabalho para repor as forças, em ordem a trabalhar outra vez e mais. As férias têm o seu fim em si mesmas: a experiência de que o ser humano é um ser festivo. É preciso ler e escrever poesia, dançar, apanhar sol na praia, no campo, na montanha, ouvir música, que nos remete para origens imemoriais e para a transcendência utópica toda. É preciso reaprender a ver o sol a nascer no Oriente e a pôr-se no Ocidente e a exaltar-se com a lua enorme -- cheia -- ou pequenina que nem um fio, e com o alfobre das estrelas: isso que na cidade não se vê. É preciso voltar às alegrias simples: contemplar uma simples folha de erva, acolher o perfume de uma rosa sem porquê, como dizia Angelus Silesius, exaltar-se com o mistério de um rosto humano. É preciso ter tempo para ouvir o silêncio: haverá milagre maior do que estarmos cá? Se se for fora, encontrar-se com culturas outras e diferentes modos de ser ser humano: como americano, asiático, africano e, de modo mais concreto, chinês, ugandês, mexicano (nestes tempos de gobalização, que Deus nos livre da uniformidade!). É preciso ter tempo para a família e para os amigos. Para andar solto. Para dialogar com o Infinito. Para contemplar e criar beleza: não é ela que redime o mundo, como disse Dostoievski?
Anselmo Borges Padre e professor de Filosofia Escreve de acordo com a antiga ortografia Artigo publicado no DN | 25 de junho de 2022
1.O ser humano tem como uma das suas características ser laborans (trabalhador). Não apenas para ganhar a vida — uma expressão extraordinária, embora dura: a vida foi-nos dada e, depois, é preciso ganhá-la, e uma das coisas que me têm sido ensinadas pela experiência é que quem nada tem que fazer para ganhar a vida, trabalhando, porque tudo lhe é oferecido, nunca atinge uma adultidade madura —, mas também para se realizar autenticamente em humanidade. De facto, é transformando o mundo que a pessoa se transforma e faz. Isso é dito no étimo de duas palavras: a palavra trabalho vem do latim, tripalium, um instrumento de tortura (trabalhar não é duro?), mas também dizemos de alguém que realizou uma obra e que se vai publicar as obras de alguém (do latim, opera) — em inglês, trabalhar diz-se to work, e, em alemão, Werk é uma obra, sendo o seu étimo érgon, em grego. Ai de quem, à sua maneira, não realiza uma obra, a obra primeira que é a sua própria existência autêntica! Fazendo o que fazemos, o que é que andamos no mundo a fazer? A fazer-nos, e, no final, seria magnífico que o resultado fosse uma obra de arte.
Logo no princípio, Deus disse que o Homem tem de trabalhar. É próprio do Homem trabalhar, pois ele é constitutivamente relação com o mundo. Esta relação com o mundo é mais do que uma relação de trabalho para a produção de bens em ordem à subsistência: o trabalho é também realização própria, social e histórica: construindo o mundo, a Humanidade ergue a sua história de fazer-se.
Jesus também trabalhou, e trabalhou no duro. Normalmente, diz-se que era caprinteiro, mas o grego — os Evangelhos foram escritos em grego — diz que era um téktôn (donde vem arquitecto), isto é, o que antigamente se chamava um “faz-tudo”: era capaz de ajudar a erguer uma casa e preparar instrumentos agrícolas. Foi nessa relação dura com o trabalho, e foi a trabalhar que passou a maior parte da sua vida, que percebeu melhor a vida e, por exemplo, as relações entre quem tem muito dinheiro e os outros... Estou convencido de que, se o clero tivesse mais experiência do trabalho duro, haveria outra compreensão da Igreja na sua missão no mundo... A vida é exaltante, mas também é dura, esmagadora por vezes. Isso diz-se nos rituais dos mortos, quando se reza: “Dai-lhe, Senhor, o eterno descanso... Descansa em paz. Amén.” Tantas são as canseiras da vida!...
2.Mas Deus também estabeleceu um dia de descanso e Jesus, diz o Evangelho, também descansou. É necesssário sublinhar que a Bíblia faz questão de dizer que Deus deu o mandamento de um dia feriado semanal, santo, sem trabalho, para que o Homem fizesse a experiência de que não é uma besta de carga, mas um ser festivo. Tem de trabalhar — e duro —, mas não é besta de carga. E aí está o Domingo ou o luxo de um feriado aqui e ali. Aí estão as férias.
E as palavras não são arbitrárias. A palavra latina feria, no plural feriae, tinha o sentido de "descanso, repouso, paz, dias de festa". No século III, a Igreja assumiu os dias da semana como dias de "comemoração festiva", enumerando-os como feria prima, feria secunda, tertia, quarta, quinta, sexta, ou, invertendo a ordem das palavras: prima feria, secunda feria, tertia feria, quarta feria, quinta feria, sexta feria. Daí, ao contrário de outras línguas, como o espanhol, o italiano, o francês, etc., que adoptaram a classificação romana baseada na divinização de um planeta: Lunes, Martes, Lundi, Mardi, etc., o português ter seguido a designação eclesiástica: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, etc. Que feira enquanto mercado esteja igualmente associada a feria deriva do facto de os comerciantes aproveitarem os dias festivos para vender as suas mercadorias.
O importante é sublinhar, até do ponto de vista histórico e etimológico, o carácter festivo associado às férias. Assim, em espanhol férias diz-se vacaciones e em francês vacances. Ora, vacaciones e vacances têm o seu étimo no latim vacatio, com o significado de isenção, dispensa de serviço. Os ingleses em férias dizem que estão on holidays, e isso quer dizer em dias santos. Os alemães, esses têm Ferien ou Urlaub. Ora, a raiz de Urlaub é Erlaubnis, com o sentido de dias livres de serviço e trabalho.
Se pensarmos bem, as férias não têm como finalidade serem apenas um intervalo no trabalho, para repor as forças em ordem a trabalhar outra vez e mais. As férias têm o seu fim em si mesmas: a experiência de que o ser humano é um ser festivo. É preciso apanhar sol na praia, no campo, na montanha, ler a grande literatura, ouvir música, que nos remete para origens imemoriais e para a transcendência utópica toda. É preciso reaprender a ver o sol a nascer e a pôr-se, e a exaltar-se com a lua enorme — cheia — ou pequenina que nem um fio, e com o alfobre das estrelas: isso que na cidade não se vê. É preciso voltar às alegrias simples: contemplar uma simples folha de erva, acolher o perfume de uma “rosa sem porquê”, como dizia Angelus Silesius, o inútil do ponto de vista da produção — "o fascinante esplendor do inútil", escreveu George Steiner —, exaltar-se com o enigma de um rosto, o mistério do ser e de ser. É preciso ter tempo para a Família, para os amigos, para ouvir o Silêncio onde se acendem as palavras que iluminam. É preciso ter tempo para a beleza: não é a beleza que redime o mundo, como disse Dostoiévski? Tempo para o melhor: ouvir Deus, dialogar com o Infinito. Rezar.
Anselmo Borges Padre e professor de Filosofia Escreve de acordo com a antiga ortografia Artigo publicado no DN | 21 AGOSTO 2021
À semelhança de outros anos, escolhemos vinte livros que serão uma excelente oportunidade de leitura para este verão…
Revista «Colóquio – Letras» - Correspondência inédita de Alexandre O’Neill e Diálogo Edgar Morin e Eduardo Lourenço. «Rimas» de Francisco Petrarca (tradução de Vasco Graça Moura), (Quetzal). «Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa» (diversos volumes) - coordenação Carlos Fiolhais e José Eduardo Franco (Circulo de Leitores) «A Cidade Virtuosa» - Alfarrabi (tradução de Catarina Belo) (F. C. Gulbenkian). «Obras Completas de Maria Judite de Carvalho» – vol. I «Tanta Gente Mariana» e «As Palavras Poupadas» (Minotauro). «Antero – ou a Noite Intacta» (Gradiva) «Estuário» - Lídia Jorge (D. Quixote). «Obra Perfeitamente Incompleta» - José Sesinando (Tinta da China). «Na Prática a Teoria é Outra» - Vítor Cunha Rego (D. Quixote). «O Fiel Defunto» - Germano Almeida (Caminho). «O Fogo Será a Tua Casa» - Nuno Camarneiro (D. Quixote) «A Sociedade dos Sonhadores» - José Eduardo Agualusa (D. Quixote) «Gente Séria» - Hugo Mezena (Planeta). «Portugal no Golfo Pérsico – 500 Anos» (vários autores), (Biblioteca Nacional de Portugal). «O Fundo da Gaveta» - Vasco Pulido Valente (D. Quixote). «Memórias Secretas» - Mário Cláudio (D. Quixote). «Um Amante no Porto» - Rita Ferro (D. Quixote). «Em Minúsculas» - Herberto Helder (Porto Editora). «Os Ricos» - Maria Filomena Mónica (Esfera dos Livros). «Correspondência Eugénio de Andrade e Jorge de Sena, 1949-1978» (Guerra e Paz).