UM PRATINHO E UM GATO...
DIÁRIO DE AGOSTO (XIII) - 13 de agosto de 2017
Já falámos de Guerra Junqueiro, a propósito da polémica da bandeira nacional. Hoje, voltamos ao poeta de «Os Simples», numa outra faceta da sua vida – a de apaixonado pelas antiguidades, que colecionou abundantemente e que também negociou...
O poeta fez várias viagens, percorrendo o País de lés-a-lés, em busca de loiças antigas e de móveis. Ao longo da vida, adquiriu larga experiência e conhecimento que lhe permitiu reunir uma valiosa coleção que, em parte, chegou aos nossos dias na Casa-Museu Guerra Junqueiro no Porto.
Um dia, algures Entre-Douro-e-Minho foi-lhe dado visitar uma casa antiga, solar levemente decadente, no qual caixotes de batatas e legumes coexistiam com velhos móveis e arcazes indo-portugueses, em que na antiga biblioteca havia galinhas e coelhos em inteira liberdade...
Mas a atenção de Guerra Junqueiro fixou-se num gatinho e no pequeno prato onde se dessedentava com sopas de leite... O poeta afeiçoou-se ao simpático felino e pediu à dona da casa se poderia levá-lo consigo... A senhora hesitou. Referiu o afeto que reservava ao animal. Mas Junqueiro insistiu muito e com tanto enlevo, que lá levou o gato... Mas convém acrescentar que não esqueceu o respetivo pratinho, que era uma preciosidade autêntica da Companhia das Índias...
DIÁRIO DE AGOSTO
por Guilherme d'Oliveira Martins