Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

A VIDA DOS LIVROS

 

De 18 a 24 de maio de 2020

“Monsignor Quixote” (1982) de Graham Greene (tradução portuguesa, Europa-América, 1984) é o relato de uma viagem à Espanha pós-franquista, num tempo de diálogo com o comunismo e de renovação do catolicismo pós-conciliar. Trata-se de um diálogo vivo e divertido sobre temas muito sérios e complexos que um grande romancista trata de um modo inteligente e atual.


UMA RECRIAÇÃO PARA OS DIAS DE HOJE
Estamos perante uma recriação, nos dias de hoje, da obra de Cervantes, que é uma chamada à atualidade, como a do século dezassete, de uma crítica jocosa e séria à sociedade e ao confronto eterno entre valores e realidades. «E tudo se passou assim. O Padre Quixote tinha encomendado o seu almoço solitário à governanta e pôs-se ao caminho para ir buscar vinho a uma cooperativa local, a oito quilómetros de El Toboso, na estrada de Valência. Era um dia de calor imóvel, no qual o ar trepidava sobre os campos secos. Com o seu Seat 500, comprado barato havia oito anos, sem ar condicionado, o Padre cismava com tristeza sobre o momento em que iria ter de mudar de carro. O homem vive sete vezes mais do que um cão: com tais contas, o automóvel não tinha entrado ainda na idade madura, mas o Padre tinha reparado que os seus paroquianos consideravam já o seu Seat quase senil. E chamavam-lhe a atenção: ‘Nunca fiando, Abade Quixote!’ e só ele podia responder: ‘Percorremos maus dias, e eu peço ao Senhor que esta viatura me possa sobreviver’. Com tantas orações sem serem ouvidas, alimentava uma certa esperança de que este pedido pudesse funcionar como um pedacito de cera na ‘Orelha Eterna’»… O Seat era a sua Rocinante, e havia uma espécie de afeto que Quixote alimentava no seu íntimo. E indo nestes pensamentos não reparou logo num Mercedes parado na estrada. Mas, olhando bem, deu nota de que se tratava de alguém que tinha cabeção, era um clérigo, e mais do que isso tinha vestes de um Monsenhor… Naturalmente, indagou o que era. Tratava-se de um Bispo, vindo de Roma, com uma pronúncia inconfundível, que se identificou como de Motopo, um título in partibus infidelium. O contacto foi fácil e a hospitalidade extraordinária, com vinho, queijo, carne e a boa cozinha de Teresa, a governanta do Padre Quixote. O encontro foi, assim, de grande simpatia e de tal modo a ajuda foi benfazeja, ainda que bem simples, graças a um jerrican para repor o nível de combustível, que o Bispo romano partiu satisfeito para Madrid, o seu destino. E aqui nasceu o motivo romanesco. Para grande surpresa do Bispo da diocese, o Padre recebeu do Vaticano a nomeação para Monsenhor, em reconhecimento das qualidades reveladas, mas, ao contrário do que seria esperável, o bispo considerou incómoda a distinção para quem era um modesto pároco de aldeia, a que o prelado não reconhecia especiais qualidades, pelo que se tornou incómoda a sua presença na paróquia, o que levou Quixote a aproveitar o ensejo para viajar com seu amigo Sancho, um comunista, que inesperadamente perdera as eleições para Alcalde de El Toboso. Neste ponto, com as devidas distâncias, tudo se assemelha ao encontro de D. Camilo e Peppone de Giovanni Guareschi.

 

VIAGEM PARA ENTENDER A ESPANHA
Nessa viagem de encontros inesperados e de desencontros, o que se debate é a Espanha marcada pela Guerra Civil e pelo franquismo, que espreita ainda onde menos se espera. E o Padre Quixote, ao que parece, descendente do herói mítico de Cervantes, compreende em sentido crítico a fé e a razão, não como ilusão, mas como uma exigência de compreensão. O materialismo de Sancho choca com o espírito de Quixote, mas na realização da justiça há a preocupação do Padre se pôr na pele do Alcalde, para surpresa deste, mostrando que não há dogmatismo que possa vencer o amor e o cuidado com os outros. Por isso, Quixote afirma que “o raciocínio lógico leva-nos tantas vezes a situações absurdas”… Há que ponderar os dilemas que nos são colocados pela coexistência de valores que não podem sobrepor-se ao primado das pessoas concretas, de carne e osso. Em determinado momento, Sancho insinua que a fé e a ilusão se tocam. Mas Monsenhor Quixote não deixa passar em claro esse ponto: “Pensa que o meu Deus não é senão uma ilusão, como os moinhos de vento. Mas Ele existe, sou eu que o digo. Não me limito acreditar. Posso tocá-lO”. A polémica, porém, não é apenas com Sancho, que se demarca da solução eurocomunista e de Santiago Carrillo, preferindo Álvaro Cunhal, há também um sério confronto entre o novo Monsenhor e o seu Bispo, quando este põe dúvidas sobre a liberdade e as suas virtudes por esta ser perigosa, o que leva Quixote a responder: «Foi Ele (Jesus Cristo) quem nos deu a liberdade, não foi? Por isso mesmo O crucificaram».

 

UMA ÚLTIMA AVENTURA
No final do romance, Graham Greene revisita o célebre episódio de Cervantes com Dulcineia e transpõe-no para uma cena em que um grupo de fanáticos profana a imagem da Virgem Maria cobrindo-a de dinheiro, o que obriga Monsenhor Quixote a intervir, a ser atacado e a sair severamente molestado, além de ver destruído o seu querido automóvel. Acolhe-se com o seu amigo no Mosteiro trapense onde, fraco e doente, é acometido de um delírio sonâmbulo, levantando-se de noite para ir até à Igreja onde celebra uma antiga missa tridentina, imaginando que tem nas suas mãos o pão e o vinho eucarísticos, que administra num derradeiro gesto em comunhão ao antigo Alcalde, caindo depois morto nos seus braços… O romancista escreveu “Monsenhor Quixote” depois de uma viagem de reconhecimento em vésperas da chegada da Espanha às Comunidades Europeias, que fez como seu amigo Padre Leopoldo Durán. O diálogo entre Quixote e Sancho significa a compreensão de um encontro necessário entre as duas Espanhas, e Greene não esconde a sua admiração por míticos como S. João da Cruz e uma especial identificação com Miguel de Unamuno, e o seu “Sentimento Trágico da Vida”. Humor e tragédia são encontrados neste percurso em que D. Quixote é relido à luz dos nossos dias. Como Leopoldo Durán testemunha, Greene era de uma disciplina notável – lia sete a dez narrativas num mês e diariamente escrevia a partir das 8 horas pelo menos trezentas palavras. E não foi só uma viagem, mas 15 verões passados na Península. Durán pagava a gasolina, algumas refeições e as pernoitas em conventos e mosteiros e Greene assegurava os jantares e os hotéis. Interessava ao romancista ver como ficava a Espanha depois do fim do franquismo. Logo em julho de 1976 visita Salamanca, Galiza e a costa cantábrica até San Sebastian, Burgos e Segóvia… No ano seguinte parte de Salamanca, Ávila e Leão e segue até Portugal, com paragens no Porto, Lisboa e Sintra… E depois retorna a Madrid, onde no Prado se torna um admirador devoto de Goya. E depois visitou sistematicamente La Mancha, depois do circuito amplo Andaluzia, Levante, Catalunha e Pirenéus… Eis como Monsenhor Quixote deve ser lido como uma reflexão e um balanço de um escritor do seu tempo. 

 

Guilherme d'Oliveira Martins
Oiça aqui as minhas sugestões - Ensaio Geral, Rádio Renascença 

TRINTA CLÁSSICOS DAS LETRAS

O PODER E A GLÓRIA de GRAHAM GREENE (XXVII).jpg

 

"O PODER E A GLÓRIA" de GRAHAM GREENE (XXVII)

 

"O Poder e a Glória” foi publicado em 1940 e constitui uma reflexão muito séria sobre o compromisso cristão.

No final dos anos trinta, Graham Greene (1904-1991), então jornalista, foi enviado ao México para avaliar naquele país a situação das perseguições religiosas na região central, derivadas da “guerra cristera”, especialmente nos estados de Tabasco e de Chiapas e em Laredo. Dessa viagem resultou um relato intitulado “The Lawless Road” e depois este extraordinário romance. Aqui se narra a perseguição a um padre fugitivo feita por um tenente fanático que deseja capturá-lo sob a pressão do governador da província.

O relato remete-nos para a lembrança das perseguições dos primeiros cristãos e tem como paradigma nas suas duas faces a figura de Paulo de Tarso, como perseguidor e como perseguido, na Estrada de Damasco. O perseguidor, o tenente, qual fariseu intolerante, consegue a autorização para matar o padre que protagoniza o romance. Finalmente preso, após percorrer fazendas e povoados, o sacerdote é executado para a satisfação do tenente. Mas este clérigo é um pobre homem que vive dominado pelo álcool e que tem um filho para cuidar. Ele tenta fugir, mas o dever e a misericórdia chamam-no sempre que alguém pede o seu auxílio.

Como afirmou François Mauriac, que não poupou elogios ao romance, que considerou ser uma obra-prima: “mesmo quando crê que a sua ajuda é vã, e não ignora que é de uma emboscada que se trata e que aquele que o chama já o traiu, este padre bêbedo, impuro, que treme perante a morte, dá a sua vida sem perder em nenhum momento o sentimento da sua baixeza e da sua vergonha”. O drama de “O Poder e a Glória” corresponde, assim, a um relato dramático em que a Graça e o Pecado se encontram e desencontram – uma vez que o romancista britânico nos diz que é na situação limite e no afrontamento do mal que a Graça se manifesta. Muitos não o compreenderam, porém, mas o tempo veio a revelar que o livro se tornou uma referência do nosso tempo – colocando-nos no centro da dúvida e da fé.

De que vale ficarmo-nos apenas na comum normalidade? É preciso interrogarmo-nos sobre a essência das coisas, o que obriga a ir até às fronteiras onde os sentimentos, as virtudes e o pecado se encontram. A samaritana surpreende-se por encontrar Cristo àquela hora na fonte. Muitos se escandalizam… Tal como no drama do México, perante a perseguição e a incerteza, devemos lembrar, por exemplo, o caso de “Thérèse Desqueiroux”, em que François Mauriac também afronta a humanidade pelo lado da presença constante de um confronto de resultado incerto entre o bem e o mal. A Graça e a liberdade encontram-se e não se anulam. Como disse Paul Henri Simon: «Mauriac engendra um outro trágico, mais complexo e mais moderno, do homem que age e que luta, suspenso entre duas eternidades, do nada e da salvação, entre o infinito deserto e a plenitude infinita do amor, sem que saibamos por que lado se deixará levar…».

Greene sentiu a atração emocional pelo catolicismo no México, perante uma Igreja proscrita com os seus crentes perseguidos. “Vi os índios descerem das montanhas e entrarem nas igrejas, onde tentavam recordar os velhos ritos”. Além do culto do paradoxo, é a recusa do tédio que o levou a escrever, do mesmo modo que as injustiças lhe trouxeram os temas. “As injustiças de que me apercebo não me encolerizam (repetia tantas vezes); antes melhoram os meus poderes de observação. A distância é um dos requisitos da boa literatura”. E é a melhor literatura que encontramos neste romance muito intenso e duro, imortalizado por Henry Fonda em “The Fugitive”, de John Ford (1947), que transpôs para a tela o extraordinário romance de Graham Greene. Se nos lembrarmos de novo de Steinbeck e de “As Vinhas da Ira”, é um outro lado da paixão bíblica que encontramos…

 

Agostinho de Morais

 

 

A VIDA DOS LIVROS

De 27 de maio a 2 de junho de 2019

 

 

Acaba de ser publicado entre nós o livro Santos e Pecadores – Ensaios Escolhidos (Livros do Brasil), com seleção e prefácio de Pedro Mexia e tradução de Miguel Freitas da Costa.

 

 

UM AUTOR INESGOTÁVEL
Quando em 1991 Graham Greene morreu, escrevi um pequeno obituário para o JL, no qual salientava a grande importância futura da obra multifacetada do escritor. O tempo encarregou-se de confirmar essa relevância, que superou todas as limitações circunstancias dos acontecimentos e do tempo em que ocorreram. Hoje não falo do romancista, mas do cronista e do seu testemunho. Os ensaios e as crónicas provêm de Collected Essays (1969), The Probable Graham Greene (1973), Yours etc. – Letters to the Press (1989), Reflections (1990) e The Graham Greene Film Reader (1993). A obra resulta de uma escolha muito cuidada e oportuna, através da qual Pedro Mexia nos põe em contacto com a riquíssima personalidade de um escritor tantas vezes incompreendido, sobretudo a partir de algumas falsas simplificações. Devo, aliás, nesta circunstância, saudar especialmente o facto justíssimo de Pedro Mexia ter sido galardoado, pela obra Lá Fora, (Tinta da China), com o grande prémio de crónica e dispersos literários da Associação Portuguesa de Escritores, com o apoio do Município de Loulé. E se o faço tal deve-se ao facto de o organizador e prefaciador deste volume, demonstrar com este livro de novo a importância da crónica e da atenção ao diálogo literário que se estabelece entre os escritores e os seus leitores. E não posso esquecer, na minha adolescência, que Graham Greene se tornou um dos meus autores preferidos, não apenas pela leitura apaixonante das suas obras e pelo acompanhamento da sua vida, mas também pela leitura de autores que sobre ele falaram, como João Bigotte Chorão, que aqui saudosamente recordo, e o Padre Manuel Antunes. E o prefácio de Pedro Mexia levou-me naturalmente à lembrança dessa minha paixão juvenil.

 

UM “ETHOS” DE PARADOXOS
Os tempos em que esteve nos serviços secretos, no MI6, e em que passou por Portugal nessa qualidade, afinaram nele o que o prefaciador designa como “um ethos de dissimulação e sinuosidade do qual nunca se libertou”. É, no entanto, mais do que isso, mas a verdade é que o culto dos paradoxos está ligado à essência do seu modo de ser. Isto apenas pode ser estranho para quem não entenda a raiz apostólica da “fé” abraçada em determinado momento da vida do romancista. Não por acaso, quando pediu o ingresso na Igreja Católica, o nome que adotou como catecúmeno foi o de Tomé, o do apóstolo que duvidou, e que apenas acreditou quando pôde colocar o dedo na ferida aberta pela lança no corpo de Jesus. Em toda a vida Graham Greene recordou este facto e a coerência desta atitude. Sendo muito diferente de Mauriac, Bernanos, Bloy, Chesterton e Waugh – o que o romancista “elogia nesses escritores não é a faceta apologética, mas a forma como utilizam, cada um a seu modo, a ‘dimensão adicional’ que a fé católica lhes oferece”. Assim se entende que diga: “Não aprecio muito a ‘literatura empenhada’, na medida em que divide o mundo em bem e mal. Não tenho desprezo por ela, mas é-me alheia. Não acredito que um escritor possa influenciar a política. Devemos deixar a política aos políticos”. Lembro-me bem das resistências de muitos relativamente às obras de Greene, por se pensar que os paradoxos que cultivava pudessem ter a ver com opções políticas extremas. Assim não era, porém. Se tinha bem presente o exemplo de S. Tomé, não esquecia as negações de Pedro ou os imprudentes encontros de Cristo com a samaritana ou com a mulher adúltera – que não podiam deixar de se relacionar com exemplo do clérigo alcoolizado de O Poder e a Glória. Por isso, sempre se incomodou quando o designavam como “escritor católico”. Por isso, tornou claro que “nunca escreveria um livro para chamar a atenção das pessoas para uma convicção política ou religiosa”. Por isso afirmou não ser possível criar um Homem Novo. O “mais que podemos desejar é uma mudança de condições que torne os pobres menos pobres e os ricos menos ricos. Sou por mais humanidade, não por um novo conceito de humanidade”. Quem leu com atenção o que escreveu, facilmente percebe que lhe interessaram sobretudo as pessoas – até porque desconfiava dos idealismos românticos. Não foi amigo de Fidel, mas considerava-o como uma fascinante mistura de idealismo e força retórica. Na guerra de Espanha era contra Franco, mas não podia aceitar o que aconteceu do lado republicano. E afirma: “a política romântica é perigosa e tende a ser desumana. Preferiria viver sob o senhor Gladstone”. A atração emocional pelo catolicismo sentiu-a no México, perante uma Igreja proscrita com os seus crentes perseguidos. “Vi os índios descerem das montanhas e entrarem nas igrejas, onde tentavam recordar os velhos ritos”. Além do culto do paradoxo, é a recusa do tédio que o levou a escrever, do mesmo modo que as injustiças lhe trouxeram os temas. “As injustiças de que me apercebo não me encolerizam; melhoram os meus poderes de observação. A distância é um dos requisitos da boa literatura”. E isto leva Graham Greene a ser um dos grandes cultores da boa literatura. Assim, mais do que o ethos da sinuosidade, o que encontramos no autor de O Nó do Problema é a busca dos caminhos insondáveis e difíceis em que a humanidade se manifesta. Daí uma inesperada proximidade com Chesterton, quando este reformula “o pensamento original com a frescura, a simplicidade e o entusiasmo de uma descoberta”. Qual a chave de Ortodoxia senão um labirinto de opções heterodoxas? Como entender o clube dos homens irados, como Bloy e Bernanos, senão através de uma tradição que remonta a Dante “que amava bem porque odiava”? E como não ligar Pascal e Mauriac no sentido da prioridade dada às ações humanas, imperfeitas e contraditórias?

 

A MAGIA DO CINEMA
A título de exemplo leiam-se os textos sobre cinema – aí encontramos muito mais do que uma apreciação meramente técnica, deparamo-nos com a inovação (do cinema mudo ao sonoro, do preto e branco à cor) e com a apreciação relativamente aos diferentes temas e autores, sempre partindo de pessoas. E é delicioso o diálogo a propósito do filme O Terceiro Homem (1949) entre Graham Greene, Carol Reed e o produtor de E Tudo o Vento Levou David Selznick… Apesar de muitas dúvidas e bizarras sugestões, prevaleceu felizmente a ideia original, que se traduziu num extraordinário sucesso de um dos mais belos filmes do pós-guerra. Como afirma Pedro Mexia: “impregnado de teologia, impressionado com a Igreja dos humilhados e ofendidos, solidário com os católicos perseguidos (O Poder e a Glória, 1940), apoiante do Concílio Vaticano II e da Teologia da Libertação, Greene sempre se mostrou hostil a tudo o que lhe parecesse conservadorismo ou impiedade”. Mas a espessura humana do escritor é muito mais rica do que as simplificações ideológicas. E o tempo tem revelado que para si o mais importante era a compreensão do género humano.

 

Guilherme d'Oliveira Martins
Oiça aqui as minhas sugestões - Ensaio Geral, Rádio Renascença