CRÓNICA DA CULTURA
Perdeu-se a leveza da inocência?
Germinaram milhares de anos feitos jardineiros em muitos raciocínios e sem qualquer remédio para responsabilizar a inocência que se entregou ao conflito de um influxo vindo de muitos Eu.
Combina-se de nós para nós alcançar a cada passo um contorno de mundo onde as árvores não abdiquem da vida e, sem que entendamos que neles, nesses contornos de mundo, a possibilidade da inocência ter partido seja real e longínqua a sua leveza.
Empenham-se os homens na previsão profunda dos seus destinos e esforçam-se por ver nas carapaças das tartarugas as fissuras que lhes confirmem que ainda possuem em si a tão ansiada leveza da inocência. Aquela que lhes apagará o donde são oriundos tantas vezes.
Abre-se então uma carta e cai-se num sono fundo para acordarmos perplexos e jubilosos. O que era ingénuo e leve superou a frágil ligação à hora da aceitação da condição humana.
Volta-se à natureza. Espiamo-nos e perguntamo-nos qual teria sido o caminho tomado. Evitamo-lo. E é inútil que o façamos.
Teresa Bracinha Vieira
Julho 2017