Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
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AVENTURAS E DESVENTURAS LONDRINAS… 14 de março de 2019
Esta semana segui atentamente as transmissões televisivas das sessões da Câmara dos Comuns. E sofri alguma coisa. É verdade que já não dá para ter muitas surpresas, mas tenho uma legítima angústia sobre o futuro da relação europeia com a Velha Albion. No entanto, todos os dias recebo mensagens de amigos ingleses, manifestando-me o mesmo sentimento: “Ils sont fous ces Bretons”, como me dizia um admirador confesso de Astérix, na sua personalidade resistente. Mas é desgostante ver como o Brexit se tornou um motivo de chacota geral. O velho Gladstone revira-se no túmulo ao ver os irlandeses baterem garbosamente o pé aos britânicos. E quem hoje visita Belfast julga estar em Dublin perante a profusão de bandeiras republicanas nas janelas da cidade. Nesta trapalhada, o Reino Unido arrisca-se a ficar amputado de toda a ilha do Eire. Ainda tenho esperança que haja bom senso. E depois, é preciso ver que farão os Escoceses. A procissão ainda vai muito no adro. Já citei aqui o que dizem os estudantes de Oxford e de Cambridge – os velhos que votaram vão morrer primeiro que nós… Para bom entendedor, meia palavra basta. A ilusão do Império de antanho não responde aos problemas atuais. Há quem ainda não tenha percebido que a Rainha Vitória já não está entre nós… Grandes empresas financeiras anunciam a saída.
A Agência Financeira Europeia já está em Paris. E, a pouco e pouco, vai havendo mais saídas importantes. Os japoneses da Nissan também se põem ao fresco. A Holanda está a ter um número importante de registos de empresas vindas da City. E, pasme-se, o Senhor Farage pediu a nacionalidade alemã. Será que também deseja pôr-se ao fresco. Ou será que quer seguir o destino dos velho “Mini”, que foi já nacionalizado pelos alemães. Tanta e tão trágica ironia… Custa a crer… Para já, a Senhora May acumula derrotas parlamentares. É facto que tem pele dura de réptil, mas isso não basta. Que lugar lhe reservará a História? Em suma, os ingleses vão ter votar para o Parlamento Europeu, o adiamento da saída aí está. E quem conhece razoavelmente a História dos Povos Britânicos, sabe bem que estamos a assistir a uma regressão muito suspeita e tremenda. Se o fantasma do Grand Old Man se debate na maior das angustias – também os fantasmas de Thomas Morus, Walter Raleigh, Shakespeare, Disraeli e mesmo Churchill andam todos na maior das confusões. Chesterton dizia que os fantasmas dos castelos ingleses tinham morrido quando morreram aqueles que neles acreditavam… A afirmação era do passado. Tudo mudou, porém. Os fantasmas regressaram todos, cada vez mais agressivos e assustadores… O meu amigo Coronel Clifton anda desolado.
Somos solidários quanto ao futuro dos nossos queridos MG. O dele é um TF roadster de 1954… Pelo menos o adiamento do Brexit significa que continuamos a ter as peças dos nossos vetustos automóveis sem direitos por mais algum tempo…
Para vosso deleite deixo-vos outro retrato do meu querido Clifton, na minha coleção de Histórias de Quadradinhos…
Venho de Londres, com os ouvidos cheios de argumentos racionais e irracionais, sobre o futuro que o Brexit reserva aos nossos amigos da Velha Albion.
Para já, percebi, entre tudo o que ouvi, que são mais as dúvidas do que quaisquer certezas. Mas em nome da coerência e da aprendizagem, posso, em traços muito gerais, expor-vos uma discussão que considerei algo absurda, em que o tema se tornou subitamente tão duvidoso sobre o que dizer ou fazer. E isto é tanto mais complexo e quase absurdo, que podemos estar um dia inteiro à procura de onde podem estar os interlocutores que procuram racionalizar o que pensam sobre tão inusitado tema. Comecemos pelo princípio. Entre os meus amigos, há representantes de todas as posições e atitudes. Mas posso dizer-vos que neste momento a atitude típica dos ilustres membros da Albion é não dizerem o que pensam, e pensar o que não dizem… Mas há mais, muitos dizem o que não pensam e pensam o que não dizem… Raros pensam o que dizem, e dizem o que pensam… Como costumava afirmar o meu velho Coronel Clifton, vive-se uma verdadeira trapalhada, plena de simulações e dissimulações. O mal foi o Senhor Cameron ter-se lançado de um avião em andamento sem paraquedas. O resultado foi aquele que a racionalidade impõe. O desastre aconteceu mesmo. Mesmo que ele, Cameron, a meio caminho, antes de se despenhar tenha dito “so far so good”. De nada lhe valeu esse derradeiro ato de fé. Descansa em Paz. Não houve retórica que salvasse a pura lógica a que Chesterton chamaria um figo. Mas vamos por partes. O não dizerem o que pensam, como John Bull, é natural. O pensar o que não dizem é uma consequência desse absurdo. Já o dizerem o que não pensam é uma atitude contra natura. Mas que dizer quando vivemos invadidos de fake news, como aliás já aconteceu com o famigerado referendo? E o pensar o que não dizem é algo que tem a ver com aquilo que um companheiro que se assemelhava a Mickey Rooney costumava dizer – “quando falta vontade e a indiferença prevalece, passa a valer tudo”. Uma notícia falsa mais não é do que fingir que é verdadeira, mesmo não o sendo. E esse companheiro antigo resumia tudo à filosofia do tanto se me dá. Acontece, porém, que essa indiferença não passa da seguinte consideração, só possível numa sociedade profundamente dividida – como ouvi num dos jardins de Oxford há poucos dias: se foram os velhos a votarem a saída, o que vai acontecer é que eles, por ordem natural das coisas, vão mais depressa para os cemitérios, e como aí deixam de votar, um tempo surgirá em que serão os jovens, que durarão mais tempo e que, portanto, terão de encontrar a solução prática para dar o dito por não dito. Eu sei que eles são muito pragmáticos em mudar acontecimentos. Resta, assim, esperar… O cinismo desta atitude não me convence, porém. Em bom rigor há quem não tenha tempo para essa espera. E isso obriga a apressar as coisas… Eis a encruzilhada do momento! Ninguém se entende. E a Albion vai-se tornando cada vez mais irrelevante. Eis onde isto parece ir parar. Por mim e agora, vou para o jardim, que é tempo de experiências florais – e aproveito para citar um poema de Fernando Echevarría, o inolvidável…
Vinham rosas na bruma florescidas rodear no teu nome a sua ausência. E a si se coroavam, e tingiam a apenas sombra de sua transparência.
Coroavam-se a si. Ou no teu nome a mágoa que vestiam madrugava até que a bruma dissipasse o bosque e ambos surgissem só lugar de mágoa.
Mágoa não de antes ou de depois. Presente sempre atual de cada bruma ou rosa, relativos ou não no espelho ausente.
E ausente só porque, se não repousa, é nome rodopio que, na mente,
TU CÁ TU LÁ COM O PATRIMÓNIO Especial. 5 de dezembro de 2018
Passeio por Londres. A chuva miudinha não para. Mas entre as nuvens, aparece tímido o célebre luar londrino descrito por João de Lemos, e que não esqueço, recordando as noites serenas de inverno de outrora, entre poemas e declamações…
Passo em Limehouse e vêm-me à lembrança as leituras juvenis de E. P. Jacobs e da sua “Marca Amarela”.
Foi mesmo aí o cenário do misterioso enredo.
Os mistérios podiam ser desvendados nas salas do Centaur Club…
Como anglófilo incorrigível, dou-me a pensar nos efeitos desta dolorosa separação que se chama Brexit…
Alguma coisa se passará, antes deste divórcio que ninguém quer, mas que ninguém sabe como se ver livre dele.
Por agora, prefiro, porém, ficar-me a lembrar o poema célebre de João de Lemos.
Poderia invocar um texto pungente de William Blake.
Mas prefiro por estes dias citar um romântico em “Impressões e Recordações”.
Esperemos o que irão decidir os Comuns… E leio os conselhos avisados de Timothy Garton Ash.
Por que razão não chega uma centelha de bom senso?
«É noite; o astro saudoso Rompe a custo um plúmbeo céu, Tolda-lhe o rosto formoso Alvacento, húmido véu: Traz perdida a cor de prata, Nas águas não se retrata, Não beija no campo a flor, Não traz cortejo de estrelas, Não fala d'amor às belas, Não fala aos homens d'amor.
Meiga lua! os teus segredos Onde os deixaste ficar? Deixaste-os nos arvoredos Das praias d'além do mar? Foi na terra tua amada, Nessa terra tão banhada Por teu límpido clarão? Foi na terra dos verdores, Na pátria dos meus amores, Pátria do meu coração?
Oh! que foi!... deixaste o brilho Nos montes de Portugal, Lá onde nasce o tomilho, Onde há fontes de cristal; Lá onde viceja a rosa, Onde a leve mariposa Se espaneja à luz do sol; Lá onde Deus concedera Que em noites de Primavera Se escutasse o rouxinol.
Tu vens, ó lua, tu deixas Talvez há pouco o país, Onde do bosque as madeixas Já têm um flóreo matiz; Amaste do ar a doçura, Do azul céu a formosura, Das águas o suspirar; Como hás-de agora entre gelos Dardejar teus raios belos, Fumo e névoa aqui amar?
Quem viu as margens do Lima, Do Mondego os salgueirais, Quem andou por Tejo acima, Por cima dos seus cristais, Quem foi ao meu pátrio Douro, Sobre fina areia d'ouro, Raios de prata esparzir, Não pode amar outra terra Nem sob o céu d'Inglaterra Doces sorrisos sorrir.
Das cidades a princesa Tens aqui; mas Deus, igual Não quis dar-lhe essa lindeza Do teu e meu Portugal; Aqui, a indústria e as artes, Além, de todas as partes, A natureza sem véu; Aqui, oiro e pedrarias, Ruas mil, mil arcarias, Além, a terra e o céu!
Vastas serras de tijolo, Estátuas, praças sem fim Retalham, cobrem o solo, Mas não me encantam a mim; Na minha pátria, uma aldeia, Por noites de lua cheia, É tão bela e tão feliz!... Amo as casinhas da serra, Co'a lua da minha terra, Nas terras do meu país.
Eu e tu, casta deidade, Padecemos igual dor, Temos a mesma saudade, Sentimos o mesmo amor: Em Portugal, o teu rosto, De riso e luz é composto, Aqui, triste e sem clarão; Eu lá, sinto-me contente, Aqui, lembrança pungente Faz-me negro o coração.
Eia, pois, ó astro amigo, Voltemos aos puros céus, Leva-me, ó lua, contigo Preso num raio dos teus; Voltemos ambos, voltemos, Que nem eu, nem tu podemos Aqui ser quais Deus nos fez; Terás brilho, eu terei vida, Eu já livre, e tu despida Das nuvens do céu inglês».
New beginnings. 2018 abre com abençoado regresso do olhar total, após brumosas intermitências na humana visão. O episódio recorda-me páginas do diário de Mr Samuel Pepys. Afinal, nunca se sabe o quanto algo ou alguém são essenciais até ao dia da ausência. — Chérie! Les événements présentent toujours des signes avant-coureurs.
O fogo regressa aos céus de London, com incêndio feroz em Waterloo Road. Também a Trump Tower fumega em New York, enquanto o US President Donald J Trump arde em lume pouco brando na fogueira mediática global. — Umm. Dog does not eat dog. Windsor prepara o state theater para a boda do Prince Harry of Wales com Ms Meghan Markle. Além Channel soam as sirenes de alarme orçamental. O European Commission President revela, em Brussels, que a Brexit abrirá “a massive financial hole of around £11bn.” Monsieur Jean Claude Juncker nada diz sobre o repartir da fatura pelos remanescentes estados membros. Já Berlin ultima o governo de coligação CDU-SPD, três meses depois dos eleitores retirarem a maioria à Kanzlerin Frau Angela Merkel. O filme Darkest Hour chega às salas britânicas, na esteira do Golden Globe 2018 para Mr Gary Oldman como best actor pelo papel de Mr Winston Churchill. A cerimónia nos USA serve também para testar a eventual candidatura presidencial de… Mrs Oprah Winfrey.
Freezing temperature at London. Apagadas as luzes da Christmas Season e com as camellias, magnolias & rhododendros prometendo florir lá para February, o ano arranca agitado em Westminster Village. Está em curso a Cabinet Reshuffle. Os jornalistas vão debitando os ups, ins & outs. Nada dramático nos primeiros movimentos. Em matéria de novidades, digamos que vigora o método Lampedusa: it all sounds pretty much the same. Ainda assim, a mexida dista de comum windows dressing. A Prime Minister Theresa May não toca nos top jobs, distribuídos por Brexiters e Remainers, mas quer aproveitar a oportunidade para premiar talentos e lealdades nas Tory grass roots. Dois nomes destacam-se desde já no lote do minoritário May Govt 3: a manutenção do controverso RH Jeremy Hunt na pasta da saúde e a saída da popular RH Justine Greening na da educação. Temo as nomeações seguintes, neste persistente balancear das desavindas fações ― com a Brexit como pano de fundo.
Histórica remodelação governamental ocorre no reino em 1942. Mr Winston Churchill ocupa o No. 10 e Great Britain está em guerra vital com a Nazi Germany e seus aliados. O líder conservador ousa nomear ministros do Labour Party e cria o cargo de Deputy Prime Minister para o major domestic rival, Mr Clement Attlee. Se o gesto afirma a unidade nacional em encruzilhada bélica da soberania, custa a cadeira primoministerial ao estadista nas eleições gerais de 1945 ― às mãos dos trabalhistas que promove. Attlee chefia o 1st post-war Lab government. WSC entra para a história; regressa em 1951. O posto de Deputy Prime Minister por cá continua e é a causa mediata do presente corrupio em Whitehall. Mrs May desbaratou o número dois na… Pestminster Operation, RH Damien Green MP, contrariando este a boa estrela do cargo. O anterior Deputy PM foi o ora Sir Nick Clegg, na Cameron Coalition dos Tories com os Liberal Democrats (2010-15), o qual, mui orwellianamente, acaba de ganhar napoleónica entrada na House of Lords, após perder o lugar de Member of Parliament por via do voto dos comuns.
O facto é inescapável! Contrastante é a estatura do atual pessoal político com o dos vintage 40’s. Ontem como hoje, Britain enfrenta dilemas estratégicos ― como sejam, a II World War e a Brexit. E agora, como então, a história observa os decisores. Em matéria do que o próprio Churchill cognomina como “the gathering storm” para uma “unnecessary war,” os paralelismos começam a ser mais que os previdentes na appeasement road. O futuro dirá. Do passado ditam várias fontes. Os primeiros Downing Street days de Right Honourable Winston Leonard Spencer Churchill são vivamente retratados no filme Darkest Hour. A película narra a ascensão do MP de Oxfordshire ao topo do poder. Estamos dois anos antes do All-parties Govt para bater a suástica de Herr Adolph Hitler, numa tormentosa Spring, marcada pela resignação do PM RH Neville Chamberlain e a dramática retirada militar de Dunkirk, Esta é uma fita maior de Mr Joe Wright, baseada em guião e livro de Mr Anthony McCarten: How Churchill Brought England Back from the Brink (Harper, 2017). O aparelho de produção é o de Theory of Everything (2014) e merece igual percurso do aplauso entre Globes e Oscars. A interpretação de Mr Gary Oldman como WSC é simplesmente superior, sobretudo por bem corporizar alguns dos mais poderosos discursos churchillianos, do "I have nothing to offer but blood, toil, tears, and sweat" a "We shall never surrender," com o plus de um apurado make-up e da mais humana tela do estadista visionada no celuloide; aliás, em contraponto com firme Mrs Kristin Scott Thomas (Dame Clemmie Churchill). Já o clever script de Mr McCarten enriquece se for lido com o rigor histórico de um clássico de Mr John Lukacs, Five Days in London. May 1940 (Yale Nota Bene, 1999).
Mão amiga envia-me já um outro livrinho, que, por momentos, abala Washington e arredores: Fire and Fury. Inside the Trump White House, de Michael Wolff (Little Brown, 2018). São 327 páginas carpinteiradas por laureado colunista da Vanity Fair e do Guardian. É também o último episódio de ‘Mr Donald & His Critics.’ O leitor apanha o tom da diatribe no primeiro parágrafo:
“The reason to write this book could not be more obvious. With the inauguration of Donald Trump on January 20, 2017, the United States entered the eye of the most extraordinary political storm since at least Watergate.” Cedo surge a necessidade de atar a leitura com o Article 20 da US Constitution, cunhado no mítico ano de 1933, para dispor da posse e da substituição do POUS, nomeadamente “if the President elect shall have failed to qualify.” Confirmando o estilo peculiar do detentor dos códigos nucleares atlânticos, viperina pena monta o cenário da destituição presidencial por mental reasons. Atendendo à fila, a par da famous Oprah, sobrevém a dúvida sobre se os cenógrafos não deveriam antes aprofundar o perfil público do Vice President Mike Pence "the fallback guy” pincelado por Mr Wolff como “not dumb,” “a cipher, a smiling presence either resisting his own obvious power or unable to seize it.". — Well, well. Consider what wrote Master Will in that older canvas of political transgression called Macbeth:— “To beguile the time, / Look like the time. Bear welcome in your eye, / Your hand, your tongue. Look like th' innocent flower, / But be the serpent under ’t.."
O senhor é inequivocamente um clássico. O President da European Commission reafirma pela enésima vez que o UK "have to pay” para avançar nas Brexit trade talks. Até aqui é só eurocratês e questão resumível a zeros.
Mas gloriosa inovação vem do enquadramento legal ora invocado por Monsieur Jean Claude Juncker para justificar o pagamento: “If you are sitting in a bar and if you are ordering 28 beers, and then suddenly some of your colleagues is leaving and he is not paying, that is not feasible.” — Chérie! L'eau est le meilleur des breuvages. A Prime Minister RH Theresa May aproveita o fuso alcoólico. Enceta esforços de phone diplomacy com a Kanzlerin Angela Merkel e outros líderes dos 27 para avançar com o negócio. Já esta noite voa a Brussels para jantar com o herói da LuxLeaks. Na last supper, London obtém o compromisso de aceleração nos tratos. — Well. Nothing is agreed until is agreed. A storm Ophelia abate-se sobre as ilhas britânicas, com vagas e ventos de 118mph guiando cinzas de Portugal. Do Atlantic à California, o fogo carcome a terra e as espécies. As ancient woodlands do Kent são devastadas pelo avanço da A21. Os astrofísicos anunciam nova era nas estrelas. A East, Austria elege como chanceler Herr Sebastian Kurz, conservador de 31 anos, lá tido como The Messias. O escândalo do produtor de Shakespeare in Love, o mogul Harvey Weinstein, assombra de Hollywood a Hollyoaks.
A orange sky at London. A Sky informa que o red Oktober ocorre no midday em várias regiões de England. Os metereologistas explicam o fenómeno com air and dusk da Iberia e do Sahara, quando as chuvas torrenciais causam vítimas e danos em Ireland ainda antes da noitada O céu de Gloucester é visto como very freak. Cientistas das universidades de Warwick e Jacob Bremen falam de descobertas nas astrofísicas e na origem dos elementos. Também o Brexitting traz tintas inusuais e talvez almejado magical tipping point. Pelo meio, a Prime Minister janta em Brussels com os EU top negotiators, os inefáveis Monsieurs Michael Barnier e ainda Jean Claude Juncker. Se bem me lembro, a última vez que o grupo jantara foi em Downing St e tudo acaba em desastre. A governança continental insiste no estilo do old Cosimo Medicis. Nem o cozinheiro do nº 10 então escapa ao criticismo eurófilo.
Temo, porém, que alguém transmute a Blue Lady em ido RH Neville Chamberlain MP. Seja como seja, as fileiras atrás da dama estão formadas para a sucessão nos Tories e o Old Labour Party tem em RH Jeremy Corbyn a true bennite. No entretanto, tal qual Lady Margaret Thatcher em Fointainbleau, a PM tem sempre a carteira como… ultimate weapon.
Já outra senhora atravessa o Atlantic Ocean. Mrs Hillary R Clinton está no reino em grand tour promocional ao seu livro What háppened, narrando causas e cargas pela derrota nas eleições presidenciais americanas de 2016.
A impressão da Simon & Schuster tem 464 páginas, custa £20 e soma a um honoris causa pela Swansea University, em Wales, terra dos ancestrais. O marido ficou em casa, mas ela também não tem tempos livres na série cerrada de entrevistas onde reedita a oposição da Obama Administration à Brexit. Há algo de fantasmático na revisitação. Pela manhã é o Guardian quem prega susto de morte aos ilhéus, ao divulgar a revisão da riqueza nacional em baixa: menos £490 billions. Estimo que o Chancellor Phillip Hammond haja diligenciado contatos junto da ex US Secretary of State sobre as melhores práticas de gestão no bar. — Ummm. Take it easy as does Master Will in As you like it:— “O coz, coz, coz, my pretty little coz, that thou didst know how many fathom deep I am in love. But it cannot be sounded; my affection hath an unknown bottom, like the Bay of Portugal."
O discurso da Prime Minister RH Theresa May visa tocar sensível corda na mente coletiva. Renewing the British dream é o mote, porém, para desastrada encenação na Tory Party Conference.
A voz da senhora não resiste a uma constipação mal curada, cerca de 30 entrevistas em três dias e um discurso de 15 páginas, interrompido pela entrega de um boletim ‘P45’ e ainda um monumental ataque de tosse mais lenços mais água mais pastilhas. — Chérie! Il y a pas de rose sans épine. Em contratenor, com igual dose de ovações, o Foreign Secretary RH Boris Johnson MP faz uma poderosa intervenção de verbo churchiliano. Let that lyon roar é o eco que extravasa as paredes de Manchester e se espraia pelas veias dos ilhéus. — Well. A carpenter is known by his chips. Algures na ilha, o ex cabecilha dos Lib Dems Mr Nick Clegg apela à filiação no Labour Party para obviar à Brexit. Berlin e Paris alinham recusa aos termos do ‘Florence Speech’ para o período de transição da saída do UK da European Union. London apresta o… No deal. O parlamento da Catalonia debate amanhã a proclamação da independência. O shining British Mr Kazuo Ishiguro vence o 2017 Nobel Prize in Literature, com romagens da memória como The Remains Of The day e esse mordomo de nome Stevens.
Vibrante é a comunicação do Brexiter mor RH Boris Johnson, “a lucky general” em campanha. Notem este finale do MP de Uxbridge ao perpetivar a retirada do reino do superestado europeu: “There are people say we can’t do it. / We say we can. / We can win the future because we are the party that believes in this country and we believe in the potential of the British people. [..] We are not the lion. / We do not claim to be the lion. / That role is played by the people of this country. But it is up to us now – in the traditional non-threatening, genial and self-deprecating way of the British – to let that lion roar.” A plateia écatapultada das cadeiras. Na Conservative Home, polvilhada de rumores de eventual candidatura do anterior Mayor of London à sucessão nos Tories e em Downing Street, Mr Paul Goodman é lapidar quanto ao X Factor: “[T]he week will have reminded them of an inconvenient truth – namely, that the Foreign Secretary stands out from his Cabinet colleagues in being able to make a mass Tory appeal with pizzazz, wit and gusto.”Still dry days at Great London. A petit histoire, para começar. Há muitos anos atrás, ao assistir a ilustre ópera num teatro português, soa um inesquecido comentário nas filas em volta no momento mais dramático do musical: ― “Morreu muito bem.” Efetivamente, após uma longa e trinada ária, a heroína jazia em palco. O episódio regressa, com um sorriso, quando escuto nas ondas hertzianas o discurso de Mrs May no último dia da Conservative Conference. O fantástico James O’ B cedo informa na LBC que caíra o “f” da mensagem atrás da oradora ― Building a country that works for everyone. Segue-se uma opereta trágico cómica. A meio da intervenção, a Husky voice da Premier fenece. A Lady tosse, regressa às palavras, tosse, a voz enfraquece, tosse, o som esvai-se. As interrupções são pontuadas pelo bom humor da PM. A sala ergue-se em apoio. A senhora retoma a prédica. É socorrida aqui e além, sendo até brindada com uma carta de desemprego por infeliz prankster. Resultado do evento? Os Mayists felicitam-na pelo figting spirit. Os críticos fustigam-na com a metáfora viva de quem have nothing to say. O imparcial Mr Tom Peck conclui que “not for anything like the first time in recent years, the satirist is reduced to transcriber.”
Em linha com o estilo de Sir Winston Churchill, aplauso e aclamação vai ainda para outro talento das imaginary homelands: Mr Kazuo Ishiguro. Muitos terão talvez presente o trabalho do 2017 Nobel Prize in Literature por via do filme The Remains of the Day, do Director James Ivory, com a dupla Mr Anthony Hopkins e Mrs Emma Thompson. As suas palavras soarão até revestidas pelo inconfundível timbre de Mr Stevens, the imperfectly perfect butler, ao exclamar “it's not my place to have an opinion” quando este rememora Darlington Hall ou celebra “the calmness of beauty, its sense of restraint” ao viajar por England. Pintam KI como um exótico híbrido de Mr Franz Kafka e Miss Jane Austen; leio-o com cores próprias. E vero prémio entrega a Stockolm Academy ao literato quer do quintessential British manor house book, quer de An Artist of the Floating World, When We Were Orphans ou A Pale View of Hills. — Well, well. A fine reading for sure after those tricky lines of Master Will in Troilus and Cressida:— “The ample proposition that hope makes / In all designs begun on earth below / Fails in the promis'd largeness: checks and disasters / Grow in the veins of actions highest rear'd."
Com locais de reunião inverosímeis no reino, eis que chega a estação das conferências partidárias. É fruta da época. Os conservadores concentram-se em Red Manchester com o chapéu da PM RH Theresa May MP no topo da agenda. Os trabalhistas convivem em Brighton cantando Oh Jeremy!
Os Lib-Dems consagram a liderança de Sir Vince Cable em Bournemouth. E os ukipper's adotam de assentada, em Torquay, um novo dirigente e um leão como logotipo. — Chérie! C'est au pied du mur qu'on voit le maçon. O programa das obras de conservação do Big Ben e da Elizabethan Tower duplica de preço. Estimado em £29m na primavera de 2016, “including VAT, Risk and Optimism Bias and transferred fire safety work costs,” o valor total do projeto envolvendo a Tower, o Great Clock e o Great Bell sobe para £61m. — Well. With that Victorian masterpiece, we have to watch them. Catalonia redige declaração da independência. OS US vibram com a devastação em Puerto Rico e massacre em Las Vegas. Na Australia, Mr Elon Musk revela o plano da SpaceX para povoar o planeta Mars.
Autumn days at Great London. Westminster District desertifica-se por momentos dos honoráveis talking animals. Por curioso alinhamento astral, os principais clãs partidários rumam para a costa que tanto inspirou os vitorianos a par da flora e da fauna. Desses tempos da revolução industrial perduram palavras e imagens, casas e paisagens, artes e ideologias. Temo que a hodierna safra à beira mar não se lhes equipare na técnica de pastorear as gentes. É que, na bissetriz, ainda que também visem apelar à emoção das audiências, again and again, is all about Brexit. Mas observe-se a beleza desta tela de Mr Briton Rivière (1840-1920). A dama é a sua daughter-in-law, Mrs Henrietta. O óleo está na Tate e é um todo um depoimento político. Contém uma estória, tem elegância e mostra um ideal. Não de todo por acaso, o pintor de St Pancras afirmava-se "a great lover of dogs," notando algures que "you can never paint a dog unless you are fond of it.” Hoje, simplesmente, há mistério a menos.
Ora, com os megafones e as câmaras no rasto, os partidos reúnem os fiéis em grandes capelas desenhadas para uma sociedade espetáculo. Só RH Jeremy B Corbyn prega durante 75 minutos. Enfim, no potpourri do Labour Party arvora-se a ideia da escola pública… from cradle to grave. Os Liberal Democrats cinzelam políticas para travar a desigualdade, enquanto o seu capitão afirma aos incrédulos que levará o partido “back to power.” No entretanto, porém, desbarata um dos seus. Os ukippers ganham um antigo Lib-Dem e ex soldado de Her Majesty para o leme, desta feita até com apoio de Mr Nigel Farage. O quarto líder da ala roxa no espaço de um ano é um ilustrissimo desconhecido chamado Henry Bolton. O senhor faz sintético discurso na coroação: hasteia o pendão da Brexit, “which is not the end of the history,” agradece aos team players e eleitores, mais em quem nele não vota. Por seu turno, os Tories arrancam a conferência anual com promessa juvenil de congelar as tuition fees e deles se saberá nos próximos dias. Por hoje, depois de uma ode ao capitalismo feita no Bank of England, basta parabenizar Mrs May pelo 60.º aniversário nas bandas de Manchester-by-sea.
Já o Spectator antecipa a saída de Mrs Emma Rice da direção artística do Shakespeare’s Globe. Nas usuais notas semanais, invocando a Thames breeze, Mr Charles Moore resume o desempenho: “The search for novelty in the arts, from which she benefited, is undoubtedly necessary, but it does often produce what Dr Johnson (speaking, in fact, of Cymbeline) called ‘unresisting imbecility’.” A opinião do biógrafo de Lady Thatcher será decerto fatal no palco elizabetheano. Ainda assim, após elencar erro após erro, celestial é a conclusão do grande Samuel Johnson sobre a peça do bardo: “To remark the folly of the fiction, the absurdity of the conduct, the confusion of the names, and manners of different times, and the impossibility of the events in any system of life, were to waste criticism (…), upon faults too evident for detection, and too gross for aggravation.” — Hum. What could then heavenly be said about this one of Master Will in Julius Caesar:— “It is not in the stars to hold our destiny."
A mão de Deus passou por Parsons Green Station. Há um bombista incompetente e uma bomba que não mata em mais um ataque terrorista em London. À explosão no metropolitano sucedem gritos e rostos lívidos, pânico e estupefação.
As pessoas abandonam os haveres e perdem até os sapatos ao correr para fora das carruagens apinhadas. Surgem os gestos que ajudam e os que atropelam. O divino desce ali sob a forma dos bons samaritanos. E há ainda aquele British spirit do keep calm and carry on. Um 18th years' old é capturado em Dover. — Chérie! Les jours se suivent et ne se ressemblent pas. A Great Repeal Bill passa com confortável maioria na House of Commons, em nova etapa legislativa rumo à separação continental. O Foreign Secretary RH Boris Johnson agita as àguas com um artigo no Daily Telegraph ao recordar causas, formas e finalidades da saída do UK da European Union A Prime Minister Theresa May igualmente prepara memorável intervenção sobre a Brexit, esta semana, em Florence (It) — Well. Actions speak louder than words. O furacão Maria gira nas Caribbeans. O US President DJ Trump discursa nas United Nations e exorta o Secretary General António Guterres "to make changes.". Em Brussels, o EU Commission President Jean-Claude Juncker reafirma que o reino unido "will regret leaving" enquanto traça uma utópica visão federalista do superestado europeu.
Light blue clouds at Great London. O senhor louro puxa da pena e é sempre um imenso alvoroço. Bastam pouco mais de 4,000 palavras espalhadas pela primeira página do Telegraph e eis fresco recentrar do debate em torno do Brexiting. Esta é a primeira intervenção pública de RH B Johnson depois do histórico voto no euroreferendo e um recatado silêncio nas funções do Foreign Office. Ora, Boris escreve a 2017 UK Declaration of Independence. E é o splash quando a direção das negociações eurobritânicas parece rumar para um forçadíssimo consenso balizado por indefinido período de transição com acesso ao mercado único e indeterminado cheque do Treasury pela trela. A dias da Prime Minister May fazer “a major Brexit speech” na cidade italiana filha da Old Rome, ao que se sabe, para detalhar as linhas orientadoras do seu definidor discurso em Lancaster House, o campeão dos Leavers retoma as ideais centrais do argumento que persudiu 17,4 milhões de britânicos a optarem por futuro soberano. Apenas dois sublinhados em peça de leitura obrigatória. O dinheiro dos contribuintes hoje enviado para o orçamento bruxelense será bem melhor aplicado segundo prioridades domesticamente definidas. A permanência do país nas estruturas comerciais ou aduaneiras da Europen Union, seja qual seja o molde formal, fará do voto democrático de 2016 "a complete mockery."
As reações às palavras escritas de Boris são tempestuosas. Uns veem na tinta um movimento para publicamente condicionar o Her Majesty Government nas negociações da retirada continental e outros antes aqui vislumbram pé de candidatura à liderança dos Tories. Destaque para a resposta da Home Secretary RH Amber Rudd, e possível rival pelo leme conservador, de o colega intentar a "back-seat driving." Ineludível é a surpreendente vinda a terreiro do ex Mayor of London revelar que a Prime Minister tem tarefa difícil na condução do seu Cabinet. Tal qual inequívoco é, dias depois do incendiário discurso federalista de Mr Juncker no European Parliament, já com trono imperial e exército a 27, Mr Johnson ter injetado um sopro de oxigénio no debate político interno, com uma positiva visão de Britain pós Brexit de novo erguida no meio dos espantalhos semeados pelo omnipresente Project Fear. Ele é o rosto otimista da autonomia, o qual muitos querem apagar num país que há muitos séculos experiencia a vida em liberdade.
A semana fica também marcada pela perda de um dos grandes. Parte da existência Mr Peter Hall (1930-2017), o empreendedor que funda a Royal Shakespeare Company em Stratford-Upon-Avon e encenador que dirige o National Theatre em London. O seu nome está indissociavelmente ligado às artes e ao que de melhor há décadas roda nos palcos britânicos, entre Camino Real e Amadeus, da voz de Mr Laurence Olivier, John Gielgud ou Anthony Hopkins ao estilo de Dames Maggy Smith, Peggy Ashcroft ou Judi Dench. Deixa legado valioso e inspirador. — Farewell, gentle Sir. Go by the sun and see Master Will remembering his deep poetry:— “You and I will meet again, When we're least expecting it, One day in some far off place, I will recognize your face, I won't say goodbye my friend, For you and I will meet again."
Após um adorável interregno de férias, eis o regresso ao suave reino. A vida política permanece marcada pelo debate em torno do Brexiting.
Tudo, aliás, parece tão diferente quanto é assaz igual. Se os Tories mantêm o rumo com a manutenção de RH Theresa May MP no leme governamental, apesar da murmuração, o Labour Party acomoda a ambiguidade com novo posicionamento europeu: quer agora garantir um perído de transição com acesso… ao mercado único. — Chérie! À l'impossible nul n'est tenu. A House of Commons ocupa-se em maratona de esgrima em torno da Great Repeal Bill, o diploma âncora na retirada de Britain da European Union. A contrabalançar a alta mercurial em Westminster, a frente negocial em Brussels evidencia graus árticos. — Well. As you know, bad money drives out good. Além Atlântico, a estação dos tufões causa vítimas e danos. Os Clintons regressam em força às capas das revistas, a par de Mr Al Gore e a climática inconvenient truth. No continente começa a contagem para o teste popular da Bundeskanzlerin Frau Angela Merkel nas eleições federais alemãs. Preocupante é o adensar da crise na península coreana, com guerra aberta de palavras entre Washington e Pyongyang. Nas ilhas, os Duke e Duchess of Cambridge anunciam que esperam o seu terceiro filho.
Sky partly cloud at Central London. O nome é equívoco, mas…surpresa, surpresa. A denominada Great Repeal Bill acaba de confirmar algo de que até agora se duvidava: a existência parlamentar da Her Majesty’s Most Loyal Opposition. À hora a que escrevo, o Labour de Mr Jeremy Corbyn ameaça resistir à aprovação do diploma que determina a integral transposição das leis europeias para os Statute Books, algo que, convenhamos, é de todo em todo distinto do sugerido no título. Os conservadores censuram o gesto como visando gerar “caos and confusion” na Brexit e boa fatia dos observadores vê aqui fio conspiratório da resistência ao divórcio continental. Seja como seja, a bem de democracia, os trabalhistas questionam os chamados poderes do King Henry The Eight que a proposta governamental entregará aos ministros “without a proper parliamentary scrutiny.” Se o enredo nos Commons ostenta uma singular ironia histórica, logo o Tudor!!, a vera novidade deste Summer vem das fileiras eurófilas. Em mais uma intervenção pública, nas Sunday Politics de ontem, RH Tony Blair aponta a responsabilidade do voto eurocético à… emigração maçiva. Daqui parte para refrescada via para intentar segundo euroreferendo: na sua ótica, basta que o UK adote “tougher immigration policies” e a outra Union reforme o seu modo de funcionamento, Comentário desta manhã do grande Nick Ferrari na LBC: “This is the man who presided over opening the gates.”
Sublime mesmo nestes dias outonais é o regresso de Victoria. Mrs Jenna Coleman corporiza novamente a segunda série da ITV sobre a jovem rainha, quando Dame Jude Dench está em vésperas de revelar no celuloide um seu tardio amor ― até agora omisso nas crónicas reais e que não é o querido cavalo Almonzo. Para já saboreie-se a elegância neoclássica do conto televisivo, ao som inconfundível da Gloriana, dado que bem escrito e bem interpretado. A história retoma a prévia meada, cujo finale fora o nascimento da homónima primogénita do casal Saxe-Coburg. Porque as tensões up and downstairs estruturam a trama, eis a monarca às voltas com os delicate times da maternidade e ainda com os dédalos teutónicos a somar à gestão dos assuntos num reino em notável metamorfose. Os três primeiros episódios são soberbos no entrelaçar da visão política e da vida familiar, entre os lençóis reais e as Corn Laws, sobre a tela do poderoso império global em construção. O resultado fílmico é simplesmente excelente. A tal nível de qualidade, também a criadora Mrs Daisy Goodwin está a erguer mais um Brit drama para conquistar o globo. — Great, indeed. And as Master Will writes in his unique Midsummer Night's Dream, let us leave with a fine heart:— “So, good night unto you all. / Give me your hands, if we be friends, / and Robin shall restore amends."
For goodness' sake! What will happen next!? O Tory Party resume a eleição da liderança a RH Theresa May MP e o reino ganhará uma nova Prime Minister durante os longos próximos dias. A last woman standing emerge após um hubristic weekend, pleno de atrito e que dita abrupto abandono de RH Andrea Leadsom da corrida ao Number 10. O gesto a todos surpreende. — Chérie! Il ne faut pas se fier aux apparences.
Há 500 anos, alva de 6 July 1535, morre Sir Thomas More na Tower of London. O ex Lord Chancellor é executado por se recusar a jurar o Oath of Succession que legitima a descendência do King Henry VIII e Lady Anne Boleyn na Tudor Crown. Em 1516 publicara Utopia. — Humm! Honey is sweet, but bees sting. O Chilcot Report, 13 livros para 9 dias de leitura sobre a Iraq War, crucifica o Blair Government. O Labour Party apresenta desculpas públicas e as famílias dos caídos visam reparação: Hague e o Parliamentary impeachment são opções contra Mr Tony Blair & co. Já um outro protagonista do definidor Azores Meeting, em 2003, e ido líder da EU Comission, o Dr Durão Barroso, entra no Goldman Sachs. A NATO Summit reúne em Warsaw ainda com as GW Bush’s Wars na agenda. O French President François Hollande anuncia viagem aos 27 em promoção do projeto federal. A violência atormenta as noites americanas de Dallas, com um sniper a abater 11 polícias durante manif do Black Lives Matter. Mr Andy Murray e Ms Serena Williams triunfam nos belíssimos Wimbledon Championships. Também Mr Lewis Hamilton vence o British Grand Prix e Portugal conquista o Euro 2016.
Occasional rain over Central London and… another wild day at Westminster. Os eventos evoluem enquanto escrevo e o fluxo de alta trepidação política dos últimos meses manifesta-se a céu aberto. Prenunciados na geopolítica dos 60s por RH Harold MacMillan, pasma a rapidez crescente dos winds of change na esteira do Brexit divide. Na Number 10 Tory Race, afastado The Assassin nas votações parlamentares e caída The Newcomer em fogo mediático, RH Theresa Mary May ganha as chaves do 10 Downing Street. Antes da ida a Buckingham Palace, a ainda Home Secretary arvora três bandeiras: unidade (Tories and Country), igualdade de oportunidades (a society that works for everyone) e uma acertada saída da EU (Brexit means Brexit). Daí a situação ostentar incógnitas que só a posse neste Wednesday aclarará. Afinal: Que negociação com a European Union? Qual o futuro para a US-UK special relationship? Será este um ritual Tory de coroação ou, como a Loyal Opposition apregoa, o último passo nos preparativos para an early general election?
Face à inequívoca strong proved leadership agora avançada pelos Conservatives, “a safe pair of hands,” como cá se qualifica The Right Honourable Member of Parliament for Maidenhead, logo exigem quer o Labour, quer os Lib-Dems, quer os Greens a realização sooner than later de uma consulta popular para legitimar a segunda mulher na residência oficial de Downing St. O caso dos trabalhistas admira, porém. Este é o partido cujo líder RH Jeremy Corbyn dispõe da confiança de 20% do grupo parlamentar, não possui aliados bastantes para formar apto Shadow Cabinet e hoje mesmo é desafiado a ir a votos pelo exercício no leme por RH Angela Eagle MP. É o culminar de um cerco parlamentar que leva semanas e ameaça a própria existência do Labourism. Ora, apesar do aplauso dos ativistas fora de portas, a bravia realidade interna fere o desígnio do poder. O Tweetminster revela até triste sequência aquém do infortúnio de Mr Blair. Os trabalhistas reclamam a antecipação de eleições no reino (agendadas para May de 2020) em primeiro press release do dia e apenas seis minutos depois emitem segundo comunicado a dar conta da candidatura rival à liderança da sua MP por Wallasey. Nem tudo é cruel. A caótica situação auxilia à rearrumação das tropas na maioria. Abre o cerimonial de all behind Theresa com que desfilarão doravante os extenuados Tories. O baixar dos estandartes de Brexitters e de Bremainers ocorre perante uma unanimemente aclamada sucessora no Cabinet Office do PM David Cameron, mas também da ida Lady Margaret Thatcher: uma woman Prime Minister, nascida em Eastbourne (Sussex), geógrafa pelo St Hugh's College de Oxford e antigo quadro do Bank of England, politicamente identificável com a ala liberal do clássico One-Nation Conservatism e de quem esperamos visão, capacidade e boaventura para unir o Post-Brexit UK.
Nota final para imperdível exposição na British Library sobre o livro e o enigmático autor de The Best State of a Commonwealth. Até 18 September, na casa do 96 Euston Road, exibe-se Visions of Utopia. A mostra marca os 500 anos da obra que laureia os contemporâneos descobrimentos portugueses e inaugura moderno género literário sempre capaz de doar novos mundos ao mundo. Articulando com Utopia 2016: A Year of Imagination and Possibility, em Somerset House, explora as formas de uma singular imaginação em inquieto reinado Tudor. Entre itens e retratos pessoais, vêem-se várias edições e ensaios da fantástica viagem que abre com storytelling do piloto Raphael Hythloday quando este parte de Brussels para Antwerp e depara com o mercador Messer Peter Giles. A peregrinação encerra com a conclusão de "there are many things in the commonwealth of Utopia that I rather wish, than hope, to see followed in our governments." No mais que por aí vem, e é muito, voto de best wishes to ours new brave Lady of the House. — Aye! In Romeo and Juliet identifies Master Will the sacred that exists in certain ties:Here comes the lady. Oh, so light a foot / Will ne'er wear out the everlasting flint. / A lover may bestride the gossamers. / That idles in the wanton summer air, / And yet not fall. So light is vanity.