Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Há poemas assim, que não precisam de ser escritos; apenas enunciados, ditos em voz baixa a mais ninguém. A cidade levar-te-á onde te quiser levar, indiferente à paixão ou à minúcia dos teus passos. Quem esteve na Toldbodgade, 5, depressa concordará comigo.
in Brynt Kobolt, 2008
Restaurant Biblioteket
There are poems which, as they are, don’t need to be written; just summoned, spoken quietly to no one else. The city will take you wherever it will, indifferent to the passion or preciseness of your steps. Who has ever been at 5, Toldbodgade will promptly agree.
Passados seis anos, pouco mais serás do que isto: o marcador que assinaste, subitamente descoberto, uma frase que poderia ser um verso («nunca consegui amar nunca») a meio de um livro e da minha vida. Esqueçamos, por esta vez, os desencontros, a sombra magoada com que os teus lábios pousaram sobre papel de arroz – e arderam (o mesmo livro me contou que não te serviu de filtro o bilhete para o Seixal, 12 SET. 1996). A outrem perguntaria se a arte pode ser razão da arte, enquanto o ciúme (crescendo no escuro) fulmina talvez as melhores páginas. Ou nem isso faria: a manhã é lá fora renovada promessa de abandono e acabei agora mesmo de ver Mamma Roma – mais um filme, a vida toda, a separar-nos. Quando afinal nada, deste nada, ficará, «as I sail out to die» com a última memória do teu nome.
in Blues for Mary Jane, 2004
In a book by Dylan Thomas
In six years time, you’ll be little more than this: the bookmark you signed, suddenly found again, a sentence that could be a line (‘I’ve never been able to love never’) half way through a book and my life. Let’s for once forget the misunderstandings, the hurt wounded way your lips touched the roll-up paper – and got burnt (that same book told me that the Sept 12, 1996 coach ticket to Seixal didn’t make it as filter). I’d turn elsewhere to ask if art can be the reason for art, while jealousy (growing in the dark) may perhaps strike the best pages. Or I wouldn’t even do that: the morning outside is a renewed promise of forsakenness and I’ve just watched Mamma Roma – another film, a whole life, keeping us apart. When, after all, nothing of this nothing remains ‘as I sail out to die’ with the last memory of your name.