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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

MEMORIAL À VIDA



O memorial da autoria do Arquiteto Rui Sanches na Ribeira das Naus em Lisboa que homenageia Maria José Nogueira Pinto (1952-2011) é um símbolo que assinala, de um modo inteligente e sensível, o exemplo de quem, ao longo da sua vida, fez da ação e do cuidado dos outros apanágio da compreensão das pessoas e do mundo. Bem-aventurados os que não aceitam a indiferença. O lugar é significativo – perante o Tejo, próximo de onde partiam e chegavam as caravelas e as naus, aqui foi o Paço da Ribeira, a Casa da Índia, onde nos dias gloriosos se sente a perenidade da história, como lembrou Jaime Nogueira Pinto. Há uma janela aberta sobre o magnífico estuário, e uma casa incompleta, a lembrar a obra persistente de quem sonhou com mil coisas, com a reanimação da Baixa-Chiado, com a vida de Lisboa e fez da habitação social uma responsabilidade sempre inacabada. Tendo conhecido a Zezinha desde que entrámos na Faculdade de Direito, sempre encontrei nela o mesmo empenhamento, o gosto de intervir, de fazer, de ajudar, de cuidar. Durante os últimos anos partilhámos algumas ideias, preocupações e projetos. Falámos de tudo, discutimos as questões mais diversas – e o tempo levou-me a admirar-lhe sempre a pertinácia, a inteligência e o rigor. Perante o memorial da autoria de Rui Sanches pude lembrar mais uma vez a Maria José e o seu exemplo. O lugar é ideal, tenho a certeza de que concordaria com a escolha, para lembrar a todos que nunca estamos dispensados de agir e de estar atentos! Esse o grande apelo daquelas paredes de um mundo em construção.

 

Guilherme d'Oliveira Martins

MARIA JOSÉ, UM ANO DEPOIS...


Passou um ano desde que nos deixou Maria José Nogueira Pinto.

Não podemos esquecer a personalidade militante e fascinante de várias causas e o exemplo de independência de que nos foi dando provas extraordinárias. Lembramo-nos da força espiritual que nos deixou no momento da partida. Lembramo-nos do seu empenhamento pelas causas da justiça e da sociedade. Lembramo-nos da atenção aos temas culturais: o património material e imaterial, defesa do artesanato das Caldas da Rainha, a criação contemporânea, a língua portuguesa e os diálogos lusófonos. Nada lhe era estranho. Na Prova dos Quatro (com a Maria João e o João Amaral), que btivémos anos a fio na Renascença entrava sempre no mais animado da liça, em se tratando de tema que se prendesse com a dignidade das pessoas, com a verdade e a justiça custasse o que custasse. Pelo cuidado, pela atenção,pelo compromisso, pelo saber sempre de experiências feito - Maria José combatia ativamente a indiferença! Esta bem presente em todos nós!


Guilherme d'Oliveira Martins