Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

O TEATRO CARLOS MANUEL DE SINTRA

 

Há anos, já aqui fiz referência ao conjunto de projetos de Norte Júnior, ligados a espetáculos: designadamente o edifício da Voz do Operário, o Cinema Max, o Cinema Royal ou a Sociedade Amor da Pária.  

 

Acresce agora que recebi convite do Presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, para participar como orador na conferência intitulada “Teatro em Sintra – O Estado da Arte”, iniciativa da Câmara, que teve lugar na sala Vergílio Ferreira da Biblioteca Municipal.

 

E não resisto a evocar a única peça conhecida de Vergílio Ferreira, de seu nome “Redenção”, conflito existencial de um poeta que se isola da sociedade e que morre no terror desse isolamento. 

 

Mas voltando ao Teatro Carlos Manuel.

 

Tive o gosto de conhecer pessoalmente o arquiteto Norte Júnior, por ter passado numerosos verões no chamado Bairro das Flores em Sintra, na casa dos meus pais - próxima da sua e projeto dele próprio - e de ter assistido a numerosíssimos espetáculos de teatro, cinema e concertos no então denominado Cine-Teatro Carlos Manuel, também projeto de Norte Júnior, inaugurado em 1948.

 

Era na época o grande referencial de lazer e cultura de espetáculo – que não só de cinema, note-se, em Sintra. 

 

E é de referir que o Teatro Carlos Manuel hoje denominado Auditório Olga Cadaval, situa-se mesmo ao lado do antigo Casino de Sintra, novamente de Norte Júnior, este inaugurado em 1929, também com sala de espetáculos. E nela terá atuado por exemplo o grande cantor Tito Schipa, nada menos: nome então determinante na arte do canto, e ainda hoje na memória de historiadores das artes do espetáculo. Posteriormente foi lá instalada a Biblioteca Municipal.

 

Em 1985, um incêndio quase destruiu o Cine-Teatro Carlos Manuel. A Câmara adquire-o dois anos depois e procede ao restauro do edifício, como dissemos agora chamado Auditório Olga Cadaval.  Mas do antigo Carlos Manuel, pode recordar-se, como noutro lado escrevi, a modernidade da decoração em madeira e estuque, numa harmonia arquitetónica e decorativa com a fachada.

 

 E muito ao estilo da época, o chamado segundo balcão tinha acesso por uma porta, uma bilheteira e uma escadaria diferentes, “isolando” dessa forma os espetadores com bilhetes mais baratos!...

 

Tudo isso desapareceu. Mas foi construído no edifício um prolongamento que se intitulou Auditório Jorge Sampaio com cerca de 300 lugares.

 

E recordo ainda que em Sintra se estreou em 1959 um espetáculo a partir das peças de Eugene Ionesco “La Leçon” e “Les Chaises”, com encenação de Jacques Mauclair. Era o então chamado Festival de Sintra.

 

Ionesco foi convidado. E tive o gosto de acompanhar Ionesco e a mulher numa visita a Lisboa, juntamente com o meu irmão  Manuel Ivo Cruz! 

 

DUARTE IVO CRUZ