Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Há cerca de um ano e meio, referimos aqui o chamado Teatrinho do Palácio da Brejoeira de Monção, sala que, na altura dissemos, valorizou o imponente Palácio. Um livro muito recente, da autoria de Ernesto Português, intitulado precisamente “Palácio da Brejoeira. Dois Séculos de História” (ed. Palácio da Brejoeira 2018) descreve o Teatro e esclarece aspetos diversos da sua construção e estrutura atual.
Desde logo na designação da sala, referida como Teatro Apolo, e também, na autoria do projeto arquitetónico, que, diz-nos agora o livro citado, “é de Marques da Silva e não de Ventura Terra” como habitualmente se referia.
Mais acrescenta Ernesto Português que as obras se instalação do Teatro se iniciaram em 1912 e a inauguração ocorre em 30 de abril de 1913 “para assinalar as Bodas de Prata do casal Fonseca Araújo”, à data proprietário do Palácio.
E assinala-se que o Palácio foi por eles recuperado segundo projeto dos arquitetos Ventura Terra e Marques da Silva, o qual, como já se disse, instalou a sala do Teatro. E é de referir que entre as obras projetadas e desenhadas por Marques da Silva destaca-se, nesta área, o Teatro de São João e a Casa de Serralves, isto para evocar apenas projetos e edifícios de teatro e de atividades de cultura.
A esse respeito, citamos José Augusto França, que nos deixou uma descrição detalhada do Palácio da Brejoeira, com referência expressa ao “pequeno e elegante teatro” (in “A Arte em Portugal no Século XIX” Vol. I Livraria Bertrand Ed., pág. 183).
E sobre esse “pequeno e elegante teatro”, seja permitido retomar a descrição que dele fizemos no texto aqui publicado há cerca de ano e meio.
Aí se disse que o Teatrinho, com cerca de 50 lugares em suave declive, além de mostrar os interesses culturais dos proprietários, revela uma harmonia e uma ambiência que se concilia com a funcionalidade do palco, não obstante as reduzidas dimensões da sala. Singulariza-se e singulariza da melhor maneira o Palácio em que está integrado...
Já aqui invoquei o chamado Teatrinho do Palácio da Brejoeira, em Monção: destacando a sala de teatro que valorizou o, já em si mesmo notável Palácio. Recordei então a relevância deste acrescento dedicado às artes do espetáculo, o que, na altura o referi, não é muito habitual, no histórico da arquitetura e da sociedade portuguesa.
Recordei também que começou a ser construído em 1806 e dado como concluído em 1834 segundo projeto inicial de um arquiteto com projeção na época, de seu nome Carlos Amarante. E referi que se processou como que uma conciliação estilística do tardo-barroco comum na época com uma expressão romântica, valorizada no jardim e nas evocações históricas que em conjunto, desde o lago a uma torre gótica e ao recurso ao estilo inglês.
Evoquei nesse texto a intervenção de Ventura Terra, a quem se deve o Teatrinho, mas também não poucos teatros (e não teatrinhos...) por esse país fora: deste logo o Teatro de Esposende, o Salão Nobre do Teatro de São Carlos, o Teatro e Cinema Politeama, que é referido com encómios por José Augusto França, que aliás ao Arquiteto dedica extenso estudo:
“O Politeama, em Lisboa, construído em 1912-13, com o seu amplo espaço interior e a fantasia decorativa do janelão do 1º andar foi a melhor obra do género neste período, bem inscrita dos trabalhos de Ventura Terra” (cfr. “A Arte em Portugal no Século XIX” volume II 1966 pág.78).
E José Augusto França refere também o Palácio de Brejoeira com expressões de encómio: “o último grande solar fidalgo português (…) curiosa construção de carater híbrido” salientando “a importância do seu portal setecentista, a vastidão das suas fachadas em L, já viradas para Oitocentos”. Cita designadamente “o pequeno e elegante teatro” instalado em meados do século passado. (ob. cit. volume I pág. 182).
O Teatrinho, com cerca de 50 lugares em suave declive, além de mostrar os interesses culturais dos proprietários, revela uma harmonia e uma ambiência que se concilia com a funcionalidade do palco, não obstante as reduzidas dimensões da sala.”
Tudo isto foi escrito e aqui publicado na perspetiva do património de teatro e de espetáculo pelo país fora... E justamente, no que se refere ao Monção, é agora oportuno evocar o Cine-Teatro João Verde.
Trata-se agora de um exemplar característico da geração dos cineteatros de meados do século passado. Projetado pelo arquiteto José Esteves, foi construído e inaugurado em 1949, numa fase de atividade descentralizadora, digamos assim, das atividades de espetáculo por todo o país. Com uma lotação inicial de cerca de 300 lugares, marcou pela estrutura interna, aliás comum na época, mas aqui com indiscutível qualidade: e desde logo, pela fachada, que prefigura como uma torre, o que de certo modo concilia a modernidade com a tradição urbana regional.
E a sala propriamente dita segue também esse conceito de modernidade epocal com a capacidade de exploração, conciliando o moderno com o tradicional. O projeto é dominado por uma torre e comporta uma estrutura interna de plateia, balcão e até alguns camarotes.
Só que, no inicio dos anos 80, os proprietários resolvem demoli-lo. Valeu então a Câmara Municipal de Monção, que adquire o Cine-Teatro que em boa hora se mantém em atividade.
Referimos hoje o chamado Teatrinho do Palácio da Brejoeira, em Monção: e desde logo se destaca a denominação, que vem da transição dos séculos XIX/XX. Trata-se efetivamente de uma pequena sala de teatro que valorizou o já em si mesmo notável Palácio da Brejoeira. E desde logo também se assinale que é relevante, para além da imponência e qualidade do Palácio, ter-se incluído, na vastidão imponente do edifício, uma pequena mas belíssima sala de espetáculos, o que, reconheçamo-lo não é muito habitual, no histórico da arquitetura e da sociedade portuguesa.
Importa então ter presente o circunstancialismo deste pequeno teatro.
O Palácio inicia o processo da de construção em 1806: é dado como concluído em 1834. Projeto do arquiteto Carlos Amarante, excelente na qualidade, assume uma conciliação estilística do tardo-barroco comum na época com uma expressão romântica, valorizada no jardim e nas evocações históricas que o singularizam - desde o lago a uma torre gótica e ao recurso ao estilo inglês.
A tradição familiar solarenga é entretanto interrompida em 1901, quando o Palácio é adquirido pelo Presidente da então Associação Comercial Portuense Pedro de Araújo. E como noutro lado escrevi, pode-se fazer uma comparação com edifícios que na época marcaram: por exemplo o Palácio da Bolsa do Porto, este num revivalismo árabe que aliás a Brejoeira não assume, mas, em qualquer caso, recorrente também na época e no meio empresarial de então.
Importa salientar agora a intervenção de Ventura Terra, a quem se deve este Teatrinho, mas não só: o chamado Salão Nobre do Teatro de São Carlos, o Teatro e Cinema Politeama, o Teatro Clube de Esposende. E no que se refere ao Politeama, cite-se José Augusto França, que aliás ao Arquiteto dedica extenso estudo:
“O Politeama, em Lisboa, construído em 1912-13, com o seu amplo espaço interior e a fantasia decorativa do janelão do 1º andar foi a melhor obra do género neste período, bem inscrita dos trabalhos de Ventura Terra” (cfr. ”A Arte em Portugal no Século XIX” volume II 1966 pág.78).
E José Augusto França refere também o Palácio de Brejoeira com expressões de encómio: “o último grande solar fidalgo português (…) curiosa construção de carater híbrido” salientando “a importância do seu portal setecentista, a vastidão das suas fachadas em L, já viradas para Oitocentos”. Cita designadamente “o pequeno e elegante teatro” instalado em meados do século passado. (ob. cit. volume I pág. 182).
O Teatrinho, com cerca de 50 lugares em suave declive, além de mostrar os interesses culturais dos proprietários, revela uma harmonia e uma ambiência que se concilia com a funcionalidade do palco, não obstante as reduzidas dimensões da sala.
Singulariza-se e singulariza, da melhor maneira, o Palácio em que está integrado.