Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

QUANDO SE CANTAVA ÓPERA NO PALÁCIO DE QUELUZ

  


Refere-se novamente a alternância entre teatros históricos, teatros românticos e neo-românticos, cineteatros e teatros contemporâneos, bem como a sequência de crónicas e evocações de edifícios de vocação de espetáculo e edifícios onde também se produziram espetáculos, mesmo que para tal não fossem especificamente concebidos e construídos.


E assim, nessa alternância de temas, descrições e evocações, citamos hoje um Palácio que constitui referencial histórico e arquitetónico de primeiro plano, e onde se produziram espetáculos de envolvimento cénico e musical.


Trata-se do Palácio de Queluz, não na globalidade histórica e monumental inerente, mas na realização, também na perspetiva histórica, de espetáculos cénicos, designadamente de componente musical. E evocamos três eventos dignos de registo.


Em primeiro lugar, a criação de um edifício de madeira, projeto do arquiteto Inácio de Oliveira Bernardes, onde a partir de 1790 se realizaram espetáculos de musica e teatro. De início foi episódica a sua atividade, e D. Maria I manda destruir o edifício, para se erguer no local o Pavilhão onde se instalou depois de enviuvar. Posteriormente, e durante largos anos, aí se alojaram figuras oficiais, designadamente Chefes de Estado estrangeiros em visita oficial.


Mas havia uma tradição de espetáculo que remonta a anos anteriores. E nesse sentido, e tal como já tivemos ocasião de escrever, ficou uma história no mínimo insólita, a do rei D. Miguel a interpretar o papel de D. Quixote na ópera de António José da Silva, com musica atribuída a António Teixeira.


Sabemos bem que se trata da primeira peça de António José da Silva, datada de 1733 com o nome de “Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança”. E podemos acrescentar: o que até nós chegou da produção musical de António Teixeira (1703-1755?), hoje mais ou menos esquecido, permite-nos avaliar o que deverá ter sido o espetáculo.


Isto apesar de João de Freitas Branco não garantir a autoria da musica de cena do “D. Quixote”: mas refere-a em outros textos da António José.  


Certo é que a grande maioria das peças de António José da Silva foi executada com suporte musical de António Teixeira. Pode pois aceitar-se que também dele terá sido a música do “D. Quixote”, o que garantiria a qualidade!

 

DUARTE IVO CRUZ

Obs: Reposição de texto publicado em 05.01.19 neste blogue.

QUANDO SE CANTAVA ÓPERA NO PALÁCIO DE QUELUZ

 

Refere-se novamente a alternância entre teatros históricos, teatros românticos e neo-românticos, cineteatros e teatros contemporâneos, bem como a sequência de crónicas e evocações de edifícios de vocação de espetáculo e edifícios onde também se produziram espetáculos, mesmo que para tal não fossem especificamente concebidos e construídos.

 

E assim, nessa alternância de temas, descrições e evocações, citamos hoje um Palácio que constitui referencial histórico e arquitetónico de primeiro plano, e onde se produziram espetáculos de envolvimento cénico e musical.

 

Trata-se do Palácio de Queluz, não na globalidade histórica e monumental inerente, mas na realização, também na perspetiva histórica, de espetáculos cénicos, designadamente de componente musical. E evocamos três eventos dignos de registo.

 

Em primeiro lugar, a criação de um edifício de madeira, projeto do arquiteto Inácio de Oliveira Bernardes, onde a partir de 1790 se realizaram espetáculos de musica e teatro. De início foi episódica a sua atividade, e D. Maria I manda destruir o edifício, para se erguer no local o Pavilhão onde se instalou depois de enviuvar. Posteriormente, e durante largos anos, aí se alojaram figuras oficiais, designadamente Chefes de Estado estrangeiros em visita oficial.

 

Mas havia uma tradição de espetáculo que remonta a anos anteriores. E nesse sentido, e tal como já tivemos ocasião de escrever, ficou uma história no mínimo insólita, a do rei D. Miguel a interpretar o papel de D. Quixote na ópera de António José da Silva, com musica atribuída a António Teixeira.

 

Sabemos bem que se trata da primeira peça de António José da Silva, datada de 1733 com o nome de “Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança”. E podemos acrescentar: o que até nós chegou da produção musical de António Teixeira (1703-1755?), hoje mais ou menos esquecido, permite-nos avaliar o que deverá ter sido o espetáculo.

 

Isto apesar de João de Freitas Branco não garantir a autoria da musica de cena do “D. Quixote”: mas refere-a em outros textos da António José.  

 

Certo é que a grande maioria das peças de António José da Silva foi executada com suporte musical de António Teixeira. Pode pois aceitar-se que também dele terá sido a música do “D. Quixote”, o que garantiria a qualidade!

 

DUARTE IVO CRUZ