Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Persigo sobre a areia só e é fugaz e fugidia a deste deserto nas vagas impressões dos teus muito frágeis passos
São de outrora, de depois ou só de porvir conformes a tempos e modos de sentir porém de ti sempre
Porque como teus só os reconheço ou talvez por mim os adivinhe e me transformem
Já tanto de ti só no coração de Deus existe e eu estou fora ainda por pegadas de vento buscando na saudade o teu caminho
Quando um de nós se perde na demência, só num deserto estranho o outro o pode encontrar. Eis como a comunicação possível se torna monólogo e se inventa outra existência. Perdeu-se alguém, de tão brutal maneira que a própria ausência é impossível de se conceber. No fundo de mim, terei de criar uma presença nova e fazê-la comunicar, por um caminho do espírito que em si só, no seu mistério, guarda o seu segredo.
Quem morreu, sabemos que não está aqui, imaginamo-lo algures ou nenhures, mas sem nunca o ver, e a sua própria incomunicabilidade pertence à ordem natural das coisas. Não lhe pertence. Tortura maior é, sim, procurar quem vemos mas não nos fala, tentar escutar no silêncio o bater de outro coração, desvendar num segredo inacessível essa presença amorosa qe Deus nos esconde. Porquê? Saberás tu responder-me, ouvir-me-ás perguntar-te aonde vais?
Como escrevi, em carta com mais de sete anos, no passado domingo republicada pelo blogue do CNC, "o silêncio interroga o silêncio. E é mais sentida a ferida".
Oriundos de El Salvador! Oscar e Valéria unidos Pelo corpo e pela alma e por uma camisola Que a ambos abraçava
Assim chegaram às correntes bravas do rio Que lhes permitiria a aproximação ao justo sonho À vida que seria sorriso, ouro, prata e verde
El Salvador? Que escuridão?! Deixa-nos Que vamos voar!
Então as flores deram-se as mãos em perfeita robustez Pois o voo estava a ser um pássaro que não parte
E chamou-se nomes à dor, ao branco, ao amarelo-torrado das águas E em pranto desesperado, encalhado, no acesso ao salvador Mordido, sangrado, não asa, desfizeram-se as forças
Pai e filha Doces ramos, definitivamente partidos, destruídos Por um mundo todo que está morto Enquanto o sol tomba Em espanto ilimitado
Por nos ver, a nós, tão instantâneos, tão sem destino, tão sem memória