Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Acaba de ser atribuído o Prémio Camões, neste ano emblemático de 2024, a Adélia Prado, poeta brasileira, natural de Minas Gerais, como Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa, formada em filosofia, professora, mãe de família, como uma obra notável. E, com inteira justiça, Adélia também receberá por estes dias o Prémio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. Na Antologia Tudo o que existe louvará, prefaciada por José Tolentino Mendonça e Miguel Cabedo e Vasconcelos (Assírio e Alvim, 2016), diz-se, sintomaticamente: «O religioso sem corpo é triste, incompreensível e anímico, porque é com o corpo que se ama a Deus. O corpo é que nos abre, como janela, para a transcendência: Deus só é experimentável a partir do corpo e na relação com o corpo». Ouvimo-la, com entusiasmo: «Tudo o que existe louvará. /Quem tocar vai louvar, /quem cantar vai louvar, /o que pegar a ponta de sua saia /e fizer uma pirueta, vai louvar. /Os meninos, os cachorros, / os gatos desesquivados, / os ressuscitados, /o que sob o céu mover e andar». Aqui se demonstra plenamente o que um dia disse a nossa Leonor Xavier: “Em verso e prosa, Adélia descobriu a mistura entre as pequenas tarefas de casa, as pessoas que a rodeiam, as coisas e os bichos, o sentir e o pensar, o silêncio da dúvida, a presença de Deus imediata e consciente, na inteireza da sua história de mulher”. Para Drummond: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo”. Quem a conhece considera-a desconcertante, plena de ironia, ousada, iconoclasta, seríssima no entendimento das coisas essenciais. Nela o comum e o banal encontram-se, a cada passo, com o transcendente. Como disse Pedro Mexia, «os seus textos, que evocam com frequência um meio provinciano e pobre, têm (…) algumas afinidades com o Sul profundo da ficção de Flannery O’Connor, mas enquanto a americana era violenta e sofrida, a brasileira é vitalista e sensual. Poeta de Deus e do corpo, Adélia é também poeta do corpo divinizado e do Deus encarnado».
Esta atitude aberta e generosa permite-me lembrar que nestes últimos dias celebrámos em Lisboa o 12º “Disquiet” com escritores e intelectuais norte-americanos, promovido pela editora independente Dzanc Books e o Centro Nacional de Cultura, em memória do poeta Alberto Lacerda. Disquiet, evoca o “Desassossego” de Bernardo Soares / Fernando Pessoa. Se associo o novo Prémio Camões a este encontro é porque a abertura de espírito de Adélia Prado tem tudo a ver com esta iniciativa. Jeff Parker e Scott Laughlin, com Teresa Tamen, são a alma do projeto e fazem do diálogo entre literaturas uma festa do espírito. E este ano Katherine Vaz, habitual presença no certame, lançou o romance Linha do Sal, passado na Madeira na década de 1840, sobre a separação e o encontro de duas famílias imigrantes nos Estados Unidos, entre atribulações religiosas, mas em que se sente a “alegre melancolia que é a fonte de calor da alma portuguesa”.
Surpreendeu ser Bob Dylan o vencedor do Nobel da literatura de 2016, dado o prémio ter sido, até então, primordialmente associado à erudição das letras e seus autores, a grandes escritores de todo o mundo, não a um nome tido como um músico e cantor mundialmente conhecido, tendo-se justificado a escolha por “ter criado novas expressões poéticas na grande tradição da canção americana”.
Embora autor de alguns livros, não foi essencialmente por eles que lhe foi atribuída a distinção, mas sim pelo conjunto da sua obra, onde sobressai a poesia e um legado poético que o imortalizou como cantor, compositor e músico.
Embora Dylan seja poeta e haver poetas ganhadores do Nobel da literatura, o seu nome está preferencialmente relacionado com a música, tendo-se transitado de uma interpretação restrita para uma mais ampla quanto à atribuição do prémio literário.
Com as inerentes adaptações moldadas ao seu contexto, o mesmo sucedeu a Chico Buarque ao ganhar o prémio Camões de 2019, uma vez que pelo historial da distinção os premiados são escritores, poetas, ensaístas, com destaque para o romance, conto, novela, teatro, memórias, crónica, história, crítica literária e estudos literários, estando o nome do carioca comumente ligado à música, sendo mais tido como músico e cantor.
Sucede que o laureado além de cantor e músico, também é compositor, dramaturgo, escritor, poeta, ator, autor de obras de teatro de inúmeras canções, que justificam o galardão que lhe foi atribuído, porque contribuiu, num patamar acima da média, para o prestígio da língua portuguesa e do respetivo património cultural e literário.
Nem é apenas através da escrita que se prestigia e universaliza o idioma comum, como o prova CB, universalizando-o essencialmente por via oral, como intérprete de canções, com o mérito de ainda o ter prestigiado por escrito, incluindo via literatura (com vários prémios), corroborando um maior merecimento para ganhar o prémio Camões. Recebeu-o em 2023, quatro anos após a sua atribuição (2019), por recusa do então presidente brasileiro, o que se lamenta, pois há que saber distinguir e separar o valor intrínseco da obra da ideologia ou pensar do seu autor, o que deve ser algo transversal a toda a arte e grupos sociais, sendo indesmentível que CB dignificou, impulsionou e universalizou o Brasil, a lusofonia e a língua portuguesa.
No dia em que Chico Buarque de Holanda recebeu o Prémio Camões, não apenas recordámos todos quantos ao longo dos anos, desde Miguel Torga, receberam esse galardão, mas sobretudo compreendemos, porventura melhor, a riqueza de uma língua multifacetada e enriquecida pelas várias culturas que a constituem e lhe dão vida.
AGRADECIMENTO DE CHICO BUARQUE Nas palavras de agradecimento, o artista, poeta e homem de cultura levou-nos à memória de seu pai, um dos grandes nomes das culturas de língua portuguesa. A obra de Sérgio Buarque de Holanda é de leitura indispensável para quem queira entender a pluralidade que forma o património cultural que é a língua que nos une. “Raízes do Brasil” acompanha-me há muito e a sua leitura obriga sempre a entender o que está para além do que parece dito. Essa é a consequência de estarmos perante uma inteligência arguta que procurou compreender o caleidoscópio que não pode reduzir-se ao singular de uma lusofonia, já que sem as diferenças e a diversidade não podemos perceber esta língua de várias culturas. Antonio Candido salientou, aliás, que a obra de Sérgio Buarque era constituída pela “admirável metodologia dos contrários”. “Trabalho e aventura; método e capricho; rural e urbano; burocracia e caudilhismo; norma impessoal e percurso afetivo – são pares que o autor destaca no modo-de-ser ou na estrutura social e política, para analisar e compreender o brasil e os brasileiros”. O premiado de agora lembra que muitas vezes interrompeu os estudos do pai “para lhe submeter meus escritos juvenis, que ele julgava sem complacência nem excessiva severidade, para em seguida me indicar leituras que poderiam me valer numa eventual carreira literária”. E considerou normal que o filho se inclinasse para a música popular, pois “gostava de samba, tocava um pouco de piano e era amigo próximo de Vinicius de Moraes, para quem a palavra cantada talvez fosse simplesmente um jeito mais sensual de falar a nossa língua”. E, ao lembrar a sua genealogia, vemos em Chico Buarque a ilustração do extraordinário Brasil brasileiro: “O meu pai era paulista, meu avô, pernambucano, o meu bisavô, mineiro, meu tataravô, baiano. Tenho antepassados negros e indígenas, cujos nomes meus antepassados brancos trataram de suprimir da história familiar. Como a imensa maioria do povo brasileiro, trago nas veias sangue do açoitado e do açoitador, o que ajuda a nos explicar um pouco. Recuando no tempo em busca das minhas origens, recentemente vim a saber que tive por duodecavós paternos o casal Shemtov ben Abraham, batizado como Diogo Pires, e Orovida Fidalgo, oriundos da comunidade barcelense. A exemplo de tantos cristãos-novos portugueses, sua prole exilou-se no Nordeste brasileiro do século XVI. Assim, enquanto descendente de judeus sefarditas perseguidos pela Inquisição, pode ser que algum dia eu também alcance o direito à cidadania portuguesa a modo de reparação histórica”. E lembrou Lisboa, Coimbra e Porto em 1966, ao lado do grande João Cabral de Melo Neto, o primeiro brasileiro a receber o Prémio Camões, quando foi encenado o poema Morte e Vida Severina, com músicas de Chico, então estudante de arquitetura. E, afetuosamente, lembrou agora, para quem o recebe como referência da cultura da língua comum, que “por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço gosto em ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como o gajo que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e um cheirinho de alecrim”.
LÍNGUA QUE UNE E SEPARA No dia em que o Prémio Camões foi entregue, tive o gosto de almoçar com o meu fraternal amigo e confrade Marco Lucchesi, na companhia de Rui Vieira Nery, e reli em “Cultura da Paz” (Oficina Raquel, 2020) a melhor definição sobre a partilha do idioma: “Língua que une e separa, integra e desintegra, partilhada por avaros e pródigos. Língua indomável, nas dobras e rizomas da interlíngua, no espaço entre as palavras, vogais e consoantes. Somente aqui a língua portuguesa assume toda a sua vocação especular, como na hóstia do Padre Manuel Bernardes. Brilha no fragmento o sinal de uma totalidade interrompida, sem exclusão do sujeito, de seu irredutível espaço, de sua corrente identidade”. Que melhor definição poderíamos encontrar. E fica bem clara a força de uma língua sem barreiras, capaz de receber novos e inesperados contributos, com a impureza da criatividade. E lembrámos Eduardo Lourenço – “é no espaço cultural, não só empírico, mas intrinsecamente plural que os novos imaginários definem que um qualquer sonho de comunidade e proximidade se cumprirá ou não. (…) Esperemos que nos encontremos em qualquer coisa como a antiga casa miticamente comum por ser de todos e de ninguém”. De facto, este é o ponto em que devemos encontrar-nos, com a possibilidade de compreender a distância e a proximidade, como fica bem patente na genealogia lembrada de Chico Buarque. Todos somos essa procura complexa do muito que define essa casa miticamente comum, labirinto ético e estético de tempos em suspenso.
Se dedico esta prosa a Alberto da Costa e Silva, o amigo de sempre, inesquecível visionário de uma compreensão profética, faço-o porque tem entendido melhor que ninguém o Atlântico como presença influente no continente africano, designadamente no complexo movimento triangular que une as nossas diferenças. A pluralidade da língua portuguesa compreende-se a partir da reflexão sobre “A enxada e a lança” até “A manilha e o libambo: a África e a escravidão de 1500 a 1700” ou a “Um rio chamado Atlântico” – sobre a África que moldou o Brasil e o Brasil que ficou na África”. Assim, invocando a língua e as lusofonias, basta estudarmos um Atlas prospetivo sobre o que será o Atlântico Sul dentro de meio século para entendermos o surgimento de um “rio” de incomensuráveis partilhas, nova casa miticamente comum, desde a Macaronésia ao planalto do Huambo e ao grande e múltiplo território brasílico. Não por acaso, António Correia e Silva, no estudo do caso de Cabo Verde, como ponto de encontro dos polos fundamentais do Atlântico Sul, tem salientado a importância da “crioulidade” que admite variantes dialetais insulares, enquanto língua e rica cultura popular, fundamentais para a coesão social e para a afirmação da unidade nacional. O crioulo é uma criação multissecular, com uma base na língua portuguesa e ligação a variantes culturais africanas. E quando lemos “Chiquinho” de Baltazar Lopes, mas também a criação poética e literária do movimento “Claridade”, podemos perceber como este contributo específico se projeta e enriquece na diversidade de uma língua que se afirma com síntese de várias culturas.
«Sua Excelência, de Corpo Presente» (D. Quixote, 2018) de Pepetela é o retrato implacável de um país imaginário, situado em África, visto por um alto dignitário que inesperadamente morre…
COMPREENDER A CULTURA ANGOLANA
Não podemos compreender a cultura angolana contemporânea sem lermos a obra muito rica e multifacetada de Pepetela, Prémio Camões de 1997. Pode dizer-se mesmo que, ao longo do tempo, Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, nascido em 1941, em Benguela, tem procurado refletir de modo dinâmico sobre a evolução da história de Angola – olhando-a não nos seus paradoxos e dificuldades, mas na compreensão das suas potencialidades. Desde “Mayombe” (1980) até “Se o Passado Não Tivesse Asas” (2016) encontramos uma caminhada complexa e interessante, na qual a cada passo encontramos novos problemas e novos desafios. E agora, com “Sua Excelência, de Corpo Presente” talvez se feche um ciclo na análise da evolução da sociedade angolana. Para o romancista trata-se de compreender que há ciclos na vida dos povos, dos quais depende o progresso, o desenvolvimento e a emancipação. Veja-se, por exemplo, em “A Geração da Utopia” como a independência angolana gerou acontecimentos e sentimentos contraditórios que culminaram em mil dramas. Numa análise de diversos momentos-chave, passamos de um entusiasmo épico a uma progressiva instalação, que torna os interesses imediatos, a burocracia, o dinheiro e o favor mais importantes que os valores éticos. Olhando a vida de Pepetela, compreendemos que há uma evolução pessoal em que o sentido crítico e o talento se vão aperfeiçoando. Tendo passado, na sua formação em Portugal, como estudante da Casa dos Estudantes do Império, do Instituto Superior Técnico para a Faculdade de Letras – e contando com a rica experiência anterior em Benguela e no Lubango – cedo Pepetela ligou uma preocupação humanista e a consciência da emancipação social e política, que obrigava a criação de um novo Estado independente e desenvolvido. Como salienta em “As Aventuras de Ngunga”, haveria que ligar as raízes e as tradições do povo angolano ao espírito emancipador e revolucionário. A partir da necessidade de revisitação da história, Pepetela refletiu profundamente sobre a tensão entre a continuidade e a mudança. Pode dizer-se que essa é uma preocupação contínua – que articula a consciência política, o sentido crítico, a compreensão do tempo e da sua evolução e a consciência de um mundo melhor. Tendo sido Vice-Ministro da Educação do Governo de Agostinho Neto (1975-1982), foi chamado à responsabilidade de encontrar, num sector-chave, as medidas indispensáveis nos domínios didático e pedagógico, da coesão social e da dignidade humana, para preparar os jovens angolanos para uma fase decisiva da sua história coletiva. Só a aprendizagem, a experiência e o exemplo podem permitir uma emancipação eticamente fundamentada.
ENTRE METÁFORAS E DESAFIOS
Em “Yaka”, romance histórico sobre a colonização de Benguela, o romancista usou a metáfora de uma escultura de madeira, símbolo guerreiro, para articular a consciência das raízes identitárias e do novo espírito da nacionalidade. Pepetela compreende bem o tema da legitimidade numa sociedade que se pretende mais justa – as raízes fortalecem-se graças à capacidade de responder com instrumentos do presente aos desafios que se reeditam. Pensando nas origens da sua própria família, Pepetela procurou investigar a evolução histórica, designadamente em “A Gloriosa Família”, cujo tema nos leva ao século XVII. O que está em causa, porém, é compreender melhor Angola de hoje. A dimensão épica de “Mayombe” evolui para uma perspetiva crítica de “A Geração da Utopia” (1992), onde a história é confrontada com a dura tomada de consciência das divisões e contradições de uma sociedade atravessada pela exploração colonial, pela libertação, pela guerra civil e por um compasso de espera que obriga à reflexão crítica. A emergência da corrupção e da burocracia obriga a uma séria atitude de questionamento. Com Jaime Bunda, o detetive contraditório e vacilante, que é obrigado a entrar no bas-fond, o escritor visa o método satírico, que reforça o sentido agudo da crítica. Ao tratar temas muito sérios, Pepetela fá-lo reforçando os traços caricaturais da sociedade que melhor revelam os elementos dramáticos de um tempo, que em lugar de cumprir os melhores desejos esperançosos dos idealistas da libertação deixa-se arrastar pelas piores tentações do poder, que corrompe e atrai os corrompidos. Por outro lado, o realismo mágico começa a emergir na sua obra, com sentido imagético que não esquece a tradição africana e o culto da compreensão dos mitos – marcado de algum modo pela desilusão. E o tema policial associa-se à crítica do contexto internacional e às ameaças de dependência. O mundo dominado pelas superpotências, os interesses dos grandes blocos económicos, a cegueira relativamente às desigualdades e às injustiças, eis o que encontramos como pano de fundo da procura de descobrir os sintomas de uma doença política, económica e social…
QUE UTOPIA?
Oiçamos afinal, o escritor num momento chave de “A Geração da Utopia”: “Isso de utopia é verdade. Costumo pensar que a nossa geração se devia chamar geração da utopia. (…) Pensávamos que íamos construir uma sociedade justa, sem diferenças, sem privilégios, sem perseguições, uma comunidade de interesses e pensamentos, o Paraíso dos cristãos, em suma. A um momento dado, mesmo que muito breve nalguns casos, fomos puros, desinteressados, só pensando no povo e lutando por ele. E depois, tudo se adulterou, tudo apodreceu, muito antes de se chegar ao poder. Quando as pessoas se aperceberam que mais cedo ou mais tarde era inevitável chegarem ao poder, cada um começou a preparar as bases de lançamento para esse poder, a defender posições particulares, egoístas. A utopia morreu. E hoje cheira mal, como qualquer corpo em putrefação. Dela só resta um discurso vazio”. A lucidez do crítico está perante nós. E lendo com atenção, poderemos entender por que razão o sentido crítico de «Sua Excelência, de Corpo Presente» corresponde a uma exigência talvez paradoxal – a de não abandonar o sentido crítico, a de compreender as razões da sociedade imperfeita e a de prosseguir um caminho de emancipação individual mercê de um desenvolvimento comum. Para Pepetela: “Será muito cedo para lançar foguetes, mas não se poderá negar haver uma ‘brisa nova’ soprando nas nossas faces. Que as flores tenham oportunidade de desabrochar e que não percamos (nós continente, nós país) o comboio da modernidade e do progresso, que parece estar ao alcance da mão, é o meu desejo”.