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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

SÍTIO


Querida Dulce,


Dizes na tua carta que sentes por cima da cabeça uma estrela que te olha de há muitos, muitos anos-luz, e que tão mal te conhece afinal!

Será assim? daqui te pergunto?

Será que foi ela que te chegou fora do tempo ou tu nunca deixaste que ela te visse?

Tantas vezes acontece, doce amiga, que dores nos abraçam de tal jeito que ficamos num nó, entregues a nós, e tanto que até nos chega a incapacidade de voar, estorvamos mesmo o próprio espaço que ocupamos e ficamos embaciados a outras realidades.

Não sei como te transmitir de outro modo o que te queria dizer, mas o tempo, o tempo de quando em vez é altar da vida, e teima em nos colocar de joelhos, e talvez ao contrário do que julgas, a estrela que referes tem no céu um mundo solidário que te abrange.

É bem difícil, querida amiga, entender que há vida mesmo quando ela se oculta.

Minha amiga;

Com um forte abraço te peço que tenhas sempre à mão os bocadinhos de ser feliz como quem tem de regar o verde do mundo.

Mais: recorda que há muita inutilidade nas coisas importantes. Escolhe, pois, um caminho pouco andado e sentirás uma liberdade diferente a cada passo: verás que talvez estejas na cadeia à qual te decidiste.


Querida Dulce,

Peço-te que te lembres que espero por ti na porta de cima do dia, à qual já prometemos novo sentido.

Cuida que se atares à tua memória ninho ou casa, a cada dia que te quiseres ver ao espelho da estrela anos-luz, é teu o conhecer que te aguardo aqui como sítio definido.

 

A tua amiga

Isa

 

 Teresa Bracinha Vieira